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Dermatologia21 novembro 2024

Dermatite atópica e seus impactos: como a terapia imunobiológica muda esse cenário

Conheça o desafio do diagnóstico da dermatite atópica e saiba mais sobre a fisiopatologia da doença e a revolução no tratamento.
Por Fabiana Gadotti

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Lilly de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória cutânea de curso crônico recidivante. Tem como manifestações típicas básicas a apresentação de prurido e eczema com morfologia e distribuição características.1 No mundo, a prevalência em crianças e adolescentes é de 11,1%, e de 6,3% nos adultos.2

Caracteristicamente, a dermatite atópica cursa com períodos intermitentes de exacerbações ou “crises”. Tais episódios são definidos pela necessidade de escalonamento de tratamento ou procura de atendimento médico adicional.3 Em média, os pacientes com DA passam um a cada três dias do ano em crise aguda.4

A doença tem impacto substancial não apenas no domínio físico. O prurido se associa a transtornos de sono nos pacientes e também em seus cuidadores. O sono não reparador, por sua vez, pode impactar negativamente no comportamento diurno nas crianças e nos adultos, inclusive, com repercussão na performance acadêmica e laboral.5,6

O estigma da doença reduz a autoestima e a autoconfiança, tem impacto no humor e promove isolamento social e dificuldade de manutenção de relações interpessoais. Trinta e nove por cento das crianças e adolescentes com DA já sofreram bullying por conta de sua condição cutânea, e 11% dos adultos relatam discriminação social.6 Há significativa correlação de DA com depressão, ansiedade e ideação suicida.7 Setenta e cinco por cento dos pacientes com DA e seus cuidadores acreditam que o controle da doença seria a circunstância isolada com maior impacto em sua qualidade de vida.4

Diversos são os custos financeiros da DA. Há os diretos, como aqueles com consultas, hospitalizações, medicações ou produtos dermatológicos, e os indiretos, como os decorrentes de absenteísmo laboral e redução da performance no trabalho e na escola. O impacto econômico da DA nos Estados Unidos, por exemplo, é estimado em até 3,8 bilhões de dólares.8 Já, no Brasil, calcula-se um gasto de mais de 2 bilhões de reais de recursos públicos para o tratamento da dermatite atópica, entre 2005 e 2020, sendo 77% desse total gastos com hospitalizações.9

O desafio do diagnóstico da dermatite atópica

Normalmente simples e direto, o diagnóstico de dermatite atópica pode se tornar um desafio em determinados subgrupos de pacientes.

Na pele negra, a apresentação morfológica da DA pode diferir daquela observada nos pacientes de tons de pele mais claros. Nesses pacientes, há menor evidência de eritema e mais tonalidades violáceas, hiperpigmentação pós-inflamatória, lesões liquenóides, psoriasiformes e papulares. Tais características podem levar a diagnósticos errôneos e subestimação da severidade da doença.10

Um segundo grupo potencialmente desafiador é o de pacientes com primeira manifestação na idade adulta. Neles, podem ocorrer manifestações que diferem do padrão clássico observado em crianças, por vezes necessitando de testes adicionais para realização de diagnóstico de exclusão.11

A fisiopatologia da doença e a revolução no tratamento

Fatores genéticos, ambientais, disfunção de barreira cutânea, disbiose e desregulação imune são os componentes atualmente mais reconhecidos na complexa e interconectada fisiopatologia da dermatite atópica.12

A desregulação imune na DA tem sido tópico de exploração relevante na literatura médica recente. Na DA, há padrão imune com desvio para células T helper tipo 2 (Th2). Tais células produzem, preferencialmente, citocinas, como IL-4, IL-13 e IL-31, que são fundamentais para a patogênese da doença.12 Atualmente, a citocina sugerida como mais fundamental para a inflamação periférica da DA é a IL-13.13

Recentemente, foi lançado o lebriquizumabe, anticorpo monoclonal IgG4 terapêutico com ligação seletiva a receptores de IL-13, neutralizando sua sinalização com baixa taxa de dissociação.14 A nova medicação mostrou-se segura e eficaz. Em dois ensaios clínicos randomizados e duplo-cegos de fase 3, houve resposta EASI-75 entre 52 e 58% dos pacientes na semana 16 de uso da medicação, além de significativa redução de medidas de prurido e interferência de prurido no sono dos pacientes.15

O avanço do entendimento dessa dinâmica fisiopatologia da dermatite atópica tem proporcionado o surgimento de novos tratamentos direcionados para a modulação de respostas imunes. Tais tratamentos são fundamentais para o melhor controle da dermatite atópica que não responde a tratamentos tópicos, com consequente melhora da qualidade de vida dos pacientes e seus impactos físicos, sociais, financeiros e econômicos.

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Referências bibliográficas

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