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Dermatologia11 setembro 2025

Caso clínico: Tratamento quimioterápico e lesões palmoplantares 

Paciente em tratamento para câncer com lesões nas mãos e nos pés, 5 dias após o início do tratamento de quimioterapia
Por Mariana Santino

Paciente de 72 anos apresentou parestesia nas mãos e pés e, após, evoluiu com eritema bem demarcado e edema nas palmas das mãos (Figura 1) e nas plantas e laterais dos pés (Figura 2). O quadro de lesões se iniciou uns 5 dias após o início do tratamento quimioterápico com Capecitabina para câncer de mama diagnosticado recentemente.  

Edema nas palmas das mãos
Figura 1
Lesões nas plantas e laterais dos pés
Figura 2

Qual o diagnóstico?  

O diagnóstico é de síndrome mão-pé.Também chamada de eritrodisestesia palmoplantar, eritema acral, eritema tóxico das palmas e solas ou síndrome de Burgdorf.  

Do que se trata essa síndrome?  

É um efeito colateral associado ao uso de quimioterápicos comuns no tratamento do câncer, principalmente nos cânceres de mama e colorretais. As medicações mais envolvidas são Capecitabina, Docetaxel, Citarabina, Doxorrubicina lipossomal e 5-fluoruracila. Também pode envolver Paclitaxel, Metotrexato, Hidroxiureia, Mitotane, etc. A toxicidade causada por essas medicações parece ser dose dependente. 

O quadro clínico ocorre, principalmente, já após o 1º ciclo de quimioterapia com uma média de 3-4 dias depois. Também pode ocorrer somente após os ciclos subsequentes. Seu exato mecanismo fisiopatológico é desconhecido.  

No início causa disestesia e/ou parestesia, seguido por eritema bem demarcado bilateral e simétrico nas palmas e plantas. Também pode ter máculas, pápulas, edema, descamação, bolhas, ulceração, dor, pinicação ou prurido associado. Pode afetar só as palmas, mas não costuma afetar só os plantas. Pode ainda acometer dorso das mãos e pés.  

Veja também: Novos medicamentos para tratamento para câncer [VÍDEO]

Adultos, mulheres e pacientes de idade avançada estão sob maior risco. Também, em caso de uso de doses maiores de quimioterápicos, uso combinado de possíveis medicamentos causadores e, em alguns casos, após exposição repetida ou contínua.  

As lesões costumam recorrer com exposição repetida e diminuir com a suspensão da medicação. Com doses maiores e intervalos entre os ciclos mais curtos, o intervalo para o início das lesões é mais curto e o quadro mais grave.  

Apesar de não ser uma ameaça a vida, pode afetar a qualidade de vida do paciente, interferir com suas atividades diárias e ser motivo de interrupção da quimioterapia. 

Detecção precoce e medidas preventivas ajudam a manter a quimioterapia. 

Como prevenir e como tratar as lesões? 

Ao iniciar a quimioterapia com medicação potencialmente causadora de síndrome mão-pé é indicado evitar fricção e pressão, usar sapatos mais confortáveis, evitar calor, usar creme emoliente 3x/dia e prestar atenção a qualquer lesão de pele que possa predispor para uma infecção. 

Em relação aos medicamentos de prevenção, os estudos giram em todo do Celecoxibe oral e, mais atualmente, do Diclofenaco tópico. 

Uso de gelo, água gelada ou luvas geladas durante o tratamento quimioterápico infusional de curta duração, bem como, o uso de cremes de ureia e de Piridoxina oral tem resultados conflitantes. 

Saiba mais: Anvisa autoriza novo tratamento oral para tumores cerebrais 

Entre os tratamentos mais citados estão: corticoide tópico de alta potência, se inflamação; hidratantes com base de petrolatum e lanolina; ceratolíticos, se hiperqueratose; corticoide sistêmico; Piridoxina 200-400 mg/dia, Celecoxibe oral, em casos mais graves. Em caso de dor, analgésicos orais ou adesivos de lidocaína e, se prurido, anti-histamínico. 

Também é indicado reduzir a dose do quimioterápico e espaçar mais os ciclos, mas isso não impede que tenha o quadro novamente. A recorrência é de 25% mesmo com essas medidas terapêuticas e de prevenção. Em alguns casos de maior gravidade, pode-se tentar trocar o quimioterápico por algum menos danoso, dependendo do risco benefício.

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Referências bibliográficas

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