Paciente de 62 anos apresenta lesão notada recentemente na região inframamária esquerda e que o preocupou pela sua coloração enegrecida e por ser lesão nova. Ao exame, placa
enegrecida de aspecto graxento na região inframamária esquerda (Figura 1) e, na dermatoscopia, lesão bem delimitada com presença de pseudocistos e pseudoaberturas foliculares (Figura 2).


Você acha que essa lesão causa preocupação e deve ser investigada?
A lesão clínica e os aspectos dermatoscópicos favorecem o diagnóstico de ceratose seborreica. Trata-se de uma proliferação epidérmica, não melanocítica, benigna e comum da pele, não necessitando de maiores investigações.
O que é esse tumor?
É o tumor mais comum nos seres humanos. Predomina em adultos, com surgimento em torno da quarta década de vida e aumento da prevalência e do número médio de lesões com a idade. Acomete igualmente homens e mulheres.
Composto por mácula, pápula ou placa, geralmente redonda ou oval, bem demarcada, podendo ter superfície “graxenta”/”gordurosa” ou ceratósica. Pode também ter aspecto verrucoso e acometer qualquer área da pele, especialmente tronco superior, face e pescoço e exceto pelas palmas, plantas e membranas mucosas.
Na dermatoscopia, além da sua demarcação nítida, presença de pseudocistos e pseudoaberturas, também podemos encontrar sulcos e giros (formando aspecto cerebriforme), vasos em grampo com halo branco ao redor e borda em roído de traça.
É comum o paciente chegar ao consultório dermatológico preocupado com essa lesão pela sua espessura, presença de mais de uma cor, surgimento agudo etc. No entanto, geralmente o diagnóstico clínico já é satisfatório. Se permanecer a dúvida diagnóstica, pode-se realizar biópsia para excluir outros tumores, como o melanoma.
E quando aparecem várias lesões dessas ao mesmo tempo?
Se as múltiplas ceratoses seborreicas surgem subitamente, deve-se pensar em doença paraneoplásica e associação principalmente com carcinoma gastrointestinal. Esse sinal é conhecido como Leser-Trélat.
Autoria

Mariana Santino
Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) • Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.