Paciente de 72 anos queixa de queda capilar com escamas grosseiras no couro cabeludo há 2 meses. Refere histórico pessoal de dermatite seborreica, tratada apenas com shampoo anticaspa. Ao exame, escamas grossas e amareladas circundando os pelos e formando área de rarefação capilar na região temporal do couro cabeludo (Figura 1).

Qual o diagnóstico?
O diagnóstico clínico é de pseudotinea amiantácea.
O que é?
A pseudotinea amiantácea é uma entidade clínica de etiopatogenia desconhecida. Pensa-se que seja uma manifestação clínica ou uma sequela de alguma doença inflamatória ou infecciosa do couro cabeludo, como dermatite seborreica, psoríase, pênfigo, dermatite atópica, líquen plano pilar, líquen simples crônico, reação induzida por medicamento, tinea capitis, infecção bacteriana, etc. Dentre as doenças relacionadas, dermatite seborreica e psoríase são as mais comuns.
Independentemente das doenças de pele subjacentes, já foi sugerido que a presença concomitante de Staphylococcus aureus também pode contribuir para o desenvolvimento de pseudotinea amiantácea, inibindo a diferenciação dos queratinócitos. Ou ainda, que a pseudotinea possa ser uma infecção secundária ou pelo crescimento excessivo da flora cutânea normal.
Como é sua clínica e como é feito o diagnóstico?
Caracterizada por escamas aderentes e grossas que circundam os folículos pilosos, localizadas ou generalizadas no couro cabeludo. Elas podem lembrar o amianto e podem ser acompanhadas por eritema e alopecia não cicatricial, que costuma ser temporária. Prurido associado é comum.
Ocorre em qualquer idade, mas é mais comum em adolescentes e jovens do sexo feminino.
O diagnóstico é clínico. A dermatoscopia pode ajudar a identificar a causa, pela avaliação de alterações na haste capilar e diferentes tipos de vasos. Em casos em que a causa ainda assim é incerta, exame histopatológico, exame micológico e cultura para bactérias podem ser realizados para investigação.
Como é o prognóstico e o tratamento?
Geralmente tem prognóstico favorável, mas não há tratamento bem estabelecido. Tratamentos tópicos parecem ser efetivos na maioria dos casos, como shampoo antifúngico, óleo mineral, ácido salicílico, corticoide tópico de alta potência. Em casos graves, corticoide sistêmico, retinoide oral e anti-TNFα Também já foi descrito tratamento com antifúngico ou antibiótico, tópico ou oral, como forma de regular o microbioma do couro cabeludo e tratar, respectivamente, possíveis infecções fúngicas ou bacterianas associadas.
Autoria

Marselle Codeço Barreto
Médica pela Faculdade de Medicina Souza Marques e Dermatologista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora de Dermatologia e Dermatoscopia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ). Possui Título de Especialista em Dermatologia e é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM) e International Dermoscopy Society (IDS).
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