Deficiência e reposição de vitamina A: o que é importante saber?
A vitamina A é um retinoide lipossolúvel, proveniente de carotenoides e retinoides, sendo que o armazenamento é predominantemente hepático sob a forma de ésteres de retinol.
A ingestão diária recomendada é entre 600 e 800 UI/dia, com nível máximo tolerado de 3.000 UI.
A absorção do éster de retinol pré-formado supera os 75%, enquanto a dos betacarotenos se limita a 30%, embora possa ser otimizada com o cozimento dos alimentos. As fontes nutricionais mais robustas incluem o bife de fígado, a batata doce e o espinafre.
Deficiência vitamínica importante
Considera-se como deficiência moderada níveis séricos inferiores a 20 e grave quando abaixo de 10 mcg/dL. A prevalência de deficiência na população norte-americana é inferior a 1%, enquanto na subsaariana pode alcançar os 40%, agravando a evolução de doenças infecciosas, como o sarampo. As manifestações clínicas incluem a xeroftalmia, cegueira noturna, anormalidade no desenvolvimento pulmonar e anemia.
Os grupos de maior risco para a deficiência são os portadores de fibrose cística com insuficiência pancreática (até 13% são deficientes), doença de Crohn e retocolite ulcerativa (até 25% são deficientes).
Reposição de vitamina A
Um dos grandes temores com a reposição da vitamina A foi levantado pelo estudo CARET, que analisou 18.000 pacientes entre 45 e 84 anos e carga tabágica média de 20 maços-ano ou exposição ao asbesto. Nesse cenários, a reposição de betacaroteno e palmitato de retinol por 4 anos aumentou o risco de câncer de pulmão em 28%, a mortalidade específica por câncer de pulmão em 46% e a mortalidade geral em 17%.
O estudo de prevenção de câncer com alfa-tocoferol e betacaroteno alinhou 29.000 homens, entre 50 e 69 anos e carga tabágica média de 36 maços-ano, alocados para a reposição por 5 a 8 anos. Novamente, observou-se aumento em 18% no risco de câncer de pulmão, bem como aumento no risco de morte por câncer de próstata em 20%.
Vários outros estudos, entretanto, com maior proporção de não fumantes, não demonstraram a relação com o câncer de pulmão.
Relação com outras vitaminas
Na degeneração macular relacionada à idade, o estudo ARDES avaliou a suplementação de betacaroteno, vitamina E, vitamina C, zinco e cobre, demonstrando uma redução na incidência em 25% em 5 anos. As questões de segurança com a vitamina A levaram ao estudo ARDES2, com troca do betacaroteno por luteína e zeoxantina, potencializando o efeito da intervenção.
O excesso de vitamina D pode se acumular no fígado e se expressar como carotenoderma. A hipervitaminose A aguda pode ser grave, manifestando-se com cefaleia, náuseas, vômitos e incoordenação, por vezes levando ao aumento da pressão liquórica com risco de coma e morte, especialmente com o consumo de doses superiores a 100 vezes a recomendação diária.
O orlistat reduz a absorção de vitamina D e das outras lipossolúveis. No outro polo, a acitretina, utilizada no tratamento da psoríase, e o bexaroteno, aplicável no tratamento do linfoma de células T cutâneo, potencializam o risco de intoxicação.
Uma excelente referência para quem deseja pesquisar suplementos específicos é o Dietary Supplement Fact Sheets.
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