O uso dos fios de sustentação em tratamentos estéticos faciais e corporais cresceu nas últimas décadas. Devido aos efeitos indesejados de curto e longo prazo dos fios permanentes, os materiais absorvíveis têm ganhado força. Os fios de polidioxanona (PDO) são sintéticos, monofilamentares e biodegradáveis. São utilizados há mais de trinta anos em cirurgia plástica, cardíaca, ginecológica e urológica.
Esse material tem se mostrado seguro e eficaz para tratamentos estéticos de rejuvenescimento, não apenas pelo efeito de sustentação (lifting), mas também por melhorar a textura e elasticidade da pele por induzir a produção de colágeno. A primeira etapa desse processo é o lifting mecânico verdadeiro produzido pelos encaixes fixadores do fio. A segunda etapa é o efeito lifting duradouro: macrófagos, fibroblastos e leucócitos infiltram ao redor do fio implantado, culminando com a produção de tecido conjuntivo fibroso até a reabsorção completa do material. Essas alterações teciduais geram aumento na síntese de colágeno e elastina dérmicos, produzindo um efeito revitalizante e melhora na qualidade da pele. A degradação do fio depende das características de cada paciente e ocorre entre 6 a 8 meses, mas o efeito lifting dura em torno de 1,5 a 2 anos devido à neocolagênese.
Fios de polidioxanona: tipos e aplicações
Existe uma ampla variedade de fios, que podem ser lisos (usados principalmente para bioestímulo de colágeno), torcidos (mais traumatizantes e mais eficazes em estimular a neocolagênese) ou espiculados (mais espessos, oferecem maior tração e efeito lifting imediato após a inserção). A combinação de fios com diferentes características permite o uso em vários tratamentos estéticos faciais e corporais: melhora de rugas e sulcos superficiais e profundos, redução da flacidez, definição do contorno facial, tratamento de estrias e celulites, correção de irregularidades da pele pós-lipoaspiração, entre outros.
A aplicação dos fios de PDO é um procedimento seguro e eficaz, mas complicações podem ocorrer e incluem dor, sensação de desconforto, eritema, edema, infecção, hematomas, assimetrias, migração do fio, infecções, granulomas, ondulações na pele, formação de tecido cicatricial, ruptura, migração e extrusão total. As contraindicações para inserção de fios PDO são infecção e inflamação da pele no sítio a ser tratado, doenças autoimunes e oncológicas, tendência a quelóides, coagulopatias, distúrbios neuropsiquiátricos, gravidez e aleitamento. Em obesos, portadores de hepatites ou HIV o tratamento é menos eficaz.
Apesar de ter resultados mais modestos que o tradicional lifting cirúrgico, a inserção de fios de PDO é uma técnica minimamente invasiva, segura e eficiente para rejuvenescimento. Apesar de a maioria das complicações serem leves e transitórias, ainda faltam mais publicações acerca de efeitos adversos. A seleção adequada do paciente, do tipo de fio e da técnica, bem como o alinhamento de expectativas são essenciais para um ótimo desfecho.
Referências bibliográficas:
- Dong Hye Suh D.H. et al. Outcomes of polydioxanone knotless thread lifting for facial rejuvenation. Dermatol Surg. 2015 Jun;41(6):720-5.
- Unal M. Experiences of barbed polydioxanone (PDO) cog thread for facial rejuvenation and our technique to prevent thread migration. J Dermatolog Treat. 2021 Mar;32(2):227-230.
- Irina Lopandina. Fios PDO- Nova abordagem ao rejuvenescimento da pele. Multieditora. 2ª edição traduzida, 2018.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.