Vacina 4CMenB: dados de efetividade e impacto
Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com GSK de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.
A vacina 4CMenB é uma vacina com quatro componentes contra doença meningocócica pelo sorogrupo B. Licenciada desde 2013 na União Europeia, é utilizada em mais de 40 países em diferentes contextos.
Nesse tempo, diversos estudos de vida real já foram publicados avaliando a efetividade da vacina, tanto como forma de prevenção de doença invasiva quanto na redução do estado de carreador. Utilizando diferentes metodologias e conduzidos em diversos países, dados em relação à efetividade e ao impacto vacinal da administração ampla da 4CMenB estão disponíveis.
O objetivo dessa revisão, realizada por Cinconze et al., foi identificar todos os estudos de vida real que avaliaram efeito na doença meningocócica invasiva pelo sorogrupo B (DMI-B) em populações alvo independentemente de idade, esquema vacinal, ou tipo de efeito avaliado (efetividade ou impacto) desde o lançamento de 4CmenB, através de uma revisão sistemática da literatura.
Diferente dos ensaios clínicos randomizados, os estudos de vida real usam dados obtidos em situações não controladas, aproximando-se mais, por consequência, do que é encontrado na prática clínica.
A análise de efetividade das vacinas permite a avaliação de um imunizante, fazendo a comparação entre a população vacinada e a população não vacinada. Ela avalia a capacidade de proteção do imunizante, considerando o esquema vacinal e a resposta protetora em grupos comparáveis. Altas coberturas vacinais podem dificultar a análise de efetividade, pela maior diferença entre o número de pessoas no grupo de vacinados e no de não vacinados.
Para avaliar o impacto vacinal, as taxas de incidência da doença na era pré-vacinal são comparadas com as taxas de incidência na era pós-vacinação em um período estabelecido. Nesse caso a estratégia de vacinação também é avaliada e não só a ação do imunizante em si. Para o caso da 4CMenB, considera-se que o impacto vacinal se deva aos efeitos diretos da vacina na capacidade de prevenir doença invasiva em toda a população alvo da vacinação, independente do status vacinal.
As estimativas de efetividade vacinal variaram de 59% a 94%, enquanto as estimativas de impacto vacinal variaram de 31% a 75%, representando diferentes faixas etárias, métodos de análise, estratégias de vacinação e coberturas vacinais, apresentadas a seguir.
Estimativas de efetividade
Em relação à efetividade, grandes estudos foram conduzidos no Canadá, Reino Unido, Itália e Portugal, com dados em lactentes e adolescentes.
Os dados do estudo canadense, conduzido na cidade de Quebec e em indivíduos entre 2 meses e 20 anos, encontrou uma efetividade de 79% (IC 95%: -231 a 99). Já em um estudo do Reino Unido, com lactentes e crianças de 2 a 13 meses de idade, a efetividade vacinal encontrada foi de 59,1% ( IC 95%: -31,1 a 87,2).
Um estudo italiano avaliou a efetividade em duas populações e esquemas diferentes, ambas em crianças. A região da Toscana, encontrou uma efetividade estimada de 93,6% (IC 95%: 55,4 a 99,1) considerando um esquema de vacinação 3+1 (3 doses primárias e um reforço). Já a região de Vêneto, encontrou efetividade semelhante, estimada em 91% (IC 95%: 59,9 a 97,9), considerando um esquema 2+1 (2 doses primárias e um reforço), mostrando equivalência de proteção oferecida pelos diferentes esquemas vacinais.
Por fim, um estudo conduzido em Portugal, envolvendo crianças e adolescentes de 2 meses a 18 anos de idade, encontrou efetividade de 79% (IC 95%: 50 a 93).
Estimativas de impacto vacinal
Já em relação ao impacto vacinal, dados de vida real estão disponíveis em estudos conduzidos no Canadá, Reino Unido, Itália e Austrália, também tendo crianças e adolescentes como população avaliada.
O estudo conduzido no Canadá comparou um período de oito anos de era pré-vacinal com um período de quatro anos de era pós-vacinal na cidade de Quebec. A estimativa não ajustada de impacto vacinal encontrada foi de 87% (IC 95%: 67 a 95), com redução de 96% da incidência da doença (de 11,4 para 0,4/100.000 habitantes) na população até 20 anos de idade na região de Saguenay Lac Saint Jean, em Quebec, que foi alvo da vacinação.
Os dois estudos italianos já citados na análise de efetividade também avaliaram o impacto de duas estratégias de vacinação diferentes. Nesses estudos, o impacto vacinal total foi estimado em 68% (IC 95%: 9 a 88) na região da Toscana, que teve a vacinação iniciada aos 2 meses de vida e em 31% (IC 95%: -56 a 69) na região de Vêneto, que teve a vacinação iniciada aos 7 meses de vida. As análises de impacto e de efetividade avaliados no estudo italiano mostram maior impacto na população com a estratégia de vacinação antes da idade de maior pico de incidência de DMI, sugerindo maior benefício com a administração precoce.
Por sua vez, o estudo conduzido no Reino Unido – que comparou um período de quatro anos antes da implementação da vacina com um período de três anos como era pós-vacinal – encontrou uma estimativa de impacto vacinal de 75% (IC 95%: 64 a 81).
No australiano, que avaliou a incidência da doença em indivíduos de 16 a 19 anos de idade nos períodos pré e pós-vacinação, o impacto estimado foi de 71% (IC 95%: 15 a 90).
Essas análises configuram importante fonte de evidência em relação ao real efeito da vacina no controle de doenças em diversos contextos, considerando variações locais.
É importante notar que, apesar dos diferentes métodos, populações e cenários envolvidos nos estudos, os resultados em relação à efetividade da vacina 4CMenB e ao impacto de sua administração são considerados consistentes e em harmonia entre si, o que corrobora a conclusão de uma vacina efetiva, e que estratégias de vacinação adequadas, antes do pico de incidência da doença, podem potencializar o impacto de sua utilização.
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