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Clínica Médica5 julho 2024

 Tirzepatida no tratamento da SAOS e Obesidade 

Estudo avaliou o uso de Tirzepatida em adultos com síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) de moderada a grave e obesidade

A obesidade e síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) são doenças que caminham lado a lado. O excesso de tecido adiposo é um importante fator etiológico da SAOS que é caracterizada por uma desordem respiratória do sono associada a elevado risco cardiovascular. Baseada na relevância do tema, a The New England Journal of Medicine, lançou recentemente um estudo que avalia a Tirzepatida para tratamento de pacientes com SAOS e obesidade. 

A síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) é caracterizada pelo colapso faríngeo repetitivo durante o sono, resultado em hipopneias e apneias com consequente hipoxemia, hipercapnia e despertares frequentes. É acompanhada por sonolência diurna excessiva e atua como fator independente para aumento de risco cardiovascular. Afeta aproximadamente 900 milhões de pessoas no mundo, sendo que aproximadamente 40% apresentam doença de moderada a severa. Até o momento, nenhuma intervenção medicamentosa foi aprovada como tratamento, restando apenas dispositivos de pressão positiva contínua nas vias áreas (CPAP). 

 Tirzepatida no tratamento da SAOP e Obesidade 

Imagem de rawpixel/freepik

O estudo sobre Tirzepatida

Os ensaios clínicos (THE SURMOUNT-OSA) foram estudos de fase 3, multicêntricos, de grupos em paralelo, duplo cego, randomizados, que ocorreram ao longo de 52 semanas e foram conduzidos em 60 locais ao redor de 9 países. O objetivo era avaliar a eficácia e segurança do máximo de dose tolerada semanalmente de Tirzepatida (10 ou 15 mg) em adultos com moderada-severa SAOS e obesidade.  

Os critérios de inclusão foram pacientes com diagnóstico de moderada a severa SAOS (mais de 15 eventos de apneia por hora) e obesidade (IMC > 30kg/m² ou > 27 kg/m² para o Japão). Os critérios de exclusão foram presença de diabetes mellitus tipo 1 ou 2 , alteração de peso em mais de 5 kg em 3 meses antes da seleção, cirurgia planejada para SAOS ou obesidade, diagnóstico de apneia do sono central ou mista e anormalidades craniofaciais.  

Os participantes foram alocados em estudo de grupo 1 ou estudo de grupo 2  e uma razão de 1:1 para tirzepatida ou placebo 1x/semana em dose escalonada de progressão a cada 4 semanas, iniciando com 2,5 mg e podendo chegar até 10-15 mg. Além disso, foram encorajados a manter estilo de vida saudável com déficit calórico de 500 cal/dia e pelo menos 150 min de atividade física semanal.   

O estudo do grupo 1 conduziu pacientes que não usavam CPAP e o estudo do grupo 2 conduziu pacientes que usavam CPAP há pelo menos 3 meses consecutivos e que planejavam continuar usando ao longo do período do estudo.  

Resultados  

Os estudos foram conduzidos de 21 de junho de 2022 a 29 de março de 2024. Um total de 469 participantes foram selecionados, sendo 234 o estudo do grupo 1 e 235 para o estudo do grupo 2. 82,9% dos participantes terminaram os estudos.  

Para o estudo do grupo 1, a média de idade foi de 47,9 anos, com a maioria do sexo masculino (67,1%) , brancos (65,8%), com IMC médio de 39,1 kg/m2 e eventos de hipo/apneias por hora de 51,5. Para esse grupo, ao longo de 52 semanas, os pacientes que receberam tirzepatida tiveram uma redução de menos 25,3 eventos de hipo/apneia por hora contra  -5,3 eventos nos que receberam placebo.  

Leia também: Pesquisadora australiana estuda tratamento não medicamentoso contra insônia 

Já para o estudo do grupo 2, a média de idade foi de 51,7 anos, com a maioria do sexo masculino (72,3%) , brancos (73,1%), com IMC médio de 38,7 kg/m² e eventos de hipo/apneias por hora de 49,5. Para esse grupo, ao longo de 52 semanas, os pacientes que receberam tirzepatida tiveram uma redução de menos 29,3 eventos de hipo/apneia por hora contra  menos 5,5 eventos nos que receberam placebo.  

Conclusão  

Nos 2 estudos conduzidos, os participantes que receberam tirzepatida obtiveram melhora do padrão do sono bem como redução no peso corporal, melhora na pressão arterial, redução de marcadores inflamatórios e de disfunção endotelial o que mostra que a tirzepatida pode ser uma medicação promissora para tratamento de pacientes com obesidade e com SAOS.  

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