Terapias com células CAR-T podem originar neoplasias linfoides secundárias
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), por meio do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC), publicou em seu site oficial os principais destaques abordados durante reunião do referido comitê em junho de 2024. Dentre eles, destacamos nesse artigo o possível desenvolvimento de neoplasias secundárias após tratamento de pacientes onco-hematológicos (diagnosticados com leucemias de células B, linfomas de células B, linfoma folicular, linfoma de células do manto e mieloma múltiplo) com terapia de células T quiméricas (CAR T-cell therapy).
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O Comitê examinou dados de 38 pacientes que desenvolveram malignidades com origem em células T, incluindo tanto linfomas quanto leucemias, dos aproximadamente 42.500 pacientes que receberam a terapia celular e que foram acessados pela agência europeia. A análise das amostras de 19 pacientes revelou que 07 dessas neoplasias secundárias continham o construto usado na bioengenharia das células fabricadas com o objetivo terapêutico.
A terapia ‘CAR-T’ envolve a manipulação genética de linfócitos T citotóxicos tornando-os alvo-específicos para a neoplasia que se deseja tratar. Atualmente, as informações para pacientes que recebem a terapia já incluem um aviso sobre o risco de desenvolvimento de novos tumores.
Imagem de kjpargeter/freepikEstudos que abordaram recentemente o tema
De maneira paralela, chama a atenção a publicação de dois estudos pelo New England Journal of Medicine, também em junho de 2024, abordando o assunto.
Ozdemirli M, et al. relatam um caso de um linfoma indolente CD4+ com características genéticas relacionadas à terapia CAR-T (ciltacabtagene autoleucel) recebida previamente (cinco meses antes) para tratamento de mieloma múltiplo a partir da análise de RNA mensageiro da malignidade secundária.
Por sua vez, Hamilton MP e colaboradores avaliaram 724 pacientes que receberam a terapia CAR-T no hospital da Universidade de Stanford. Desses, 25 pacientes desenvolveram neoplasias secundárias nas quais não foi identificado nenhum material genético da célula T quimérica.
Conclusões práticas: células CAR-T e neoplasias secundárias
De maneira geral, observamos até o momento que o surgimento de neoplasias secundárias à terapia com células CAR-T é raro, principalmente de tumores com material genético das células quiméricas terapêuticas. Assim, os dados apresentados não contraindicam a terapia, sugerindo apenas um acompanhamento próximo quanto ao desenvolvimento de doenças oncológicas tardias.
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