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De acordo com registros da Universidade da Califórnia, a síndrome do jaleco branco foi identificada pela primeira vez no início da década de 1980. Um estudo conduzido pelo médico Stanley Franklin, especialista em doenças cardiovasculares e professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, estima que uma em cada cinco pessoas sofre com os sintomas.
O principal sintoma da síndrome do jaleco branco é a hipertensão pontual. Esses pacientes também podem apresentar tremedeira, tensão muscular, náuseas e agitação. Em muitos casos, o paciente fica nervoso e a pressão arterial aumenta significativamente. Esse fator tem origem em diversos aspectos, podendo ser de ordem cultural, do ambiente familiar e outros psicoemocionais.
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Quando não tratada, essa síndrome piora de forma mais contundente em pacientes mais velhos. “Um aspecto importante dessa síndrome é que, muitas vezes, os pacientes protelam a realização dos exames médicos de rotina, mantendo o adiamento pelo tempo que desejam. A partir de um quadro de ansiedade mais grave, evitam o acesso aos cuidados de saúde e temem doenças e lesões, podendo se transformar em hipocondríacos, além de manifestar preocupação com as menores tosses ou resfriados, pelo fato de que podem precisar de tratamento médico”, esclarece Marcelo Bendhack, doutor em Uro-oncologia pela Universidade de Düsseldorf e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e presidente da Associação Latino-Americana de Uro-Oncologia (UROLA).
Recomendações
Na conclusão do estudo norte-americano, a recomendação para os médicos é que os pacientes com quadro de hipertensão, sobretudo os idosos e com maior risco de acidentes cardiovasculares, sejam examinados com maior frequência e em diferentes ambientes para que o diagnóstico seja o resultado de múltiplas aferições.
No Reino Unido e em diversos países europeus, a ênfase é observar a pressão arterial do paciente com monitoramento tanto em casa, como no ambulatório, desconsiderando a pressão observada em consultório. “O objetivo é evitar as chances de tratamentos desnecessários e diagnósticos imprecisos”, explica Marcelo Bendhack.
Segundo o especialista, alguns métodos simples podem ser utilizados para controlar o medo e a ansiedade, tais como:
- Atendimentos mais descontraídos;
- Técnicas de relaxamento;
- Diálogos não presenciais;
- Atendimentos em locais diferenciados, que não lembrem hospitais e clínicas médicas;
- Companhia constante de uma pessoa amiga durante a consulta;
- Atendimento com profissionais que não utilizem o vestuário médico tradicional;
- Realização de terapia em grupo.
Normalmente, o tratamento requer atenção com a saúde física e o equilíbrio mental. Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental e a hipnose, realizada por psicólogos, podem ser boas alternativas para reverter esse quadro.
“O bom relacionamento com o paciente é também fundamental, pois permite deixá-lo mais confortável e à vontade. Assim, espera-se conseguir abrir um caminho para identificar a origem do problema e, aos poucos, solucioná-lo”, afirma Marcelo Bendhack.
Não somente na urologia e na uro-oncologia, mas de forma geral, quanto mais informações forem amplamente divulgadas para o paciente, menores serão as chances de ansiedade, com maior colaboração do paciente em seu próprio benefício.
Referências:
- https://annals.org/aim/article-abstract/2735719/cardiovascular-events-mortality-white-coat-hypertension-systematic-review-meta-analysis?searchresult=1;
- http://www.uro-onco.com.br/index_br.asp
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