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Clínica Médica21 abril 2023

Severidade dos distúrbios de sono pós-covid-19

Pacientes com covid, após a sua convalescência, vem apresentando sinais e sintomas com duração de mais de quatro semanas pós infecção.

A síndrome pós-covid-19 (SPC), apesar de ainda não ser totalmente compreendida, tornou-se uma crise da saúde global. Pacientes infectados pelo vírus, após a sua convalescência, vem apresentando diversos sinais e sintomas com duração de mais de quatro semanas pós infecção. Muitos pacientes continuam sofrendo de sintomas como dor crônica, fadiga, mialgia, cefaleia, alterações da cognição e distúrbios relacionados ao sono.  

Essa síndrome de covid longa tem afetado em torno de 80% dos pacientes pós recuperação. No Brasil, ainda não existe uma estatística acurada sobre a população que vem sofrendo com essa síndrome. No entanto, o Instituto Nacional de Estatísticas Britânica (NOS) estima que cerca de 1,3 milhões de pessoas no Reino Unido possuem a covid longa. 

Leia também: Covid longa: como reconhecer os principais sintomas 

Distúrbios do sono estão sendo relatados com uma incidência de aproximadamente 34 a 50% na SPC. Porém, poucos estudos evidenciaram a ligação dessas alterações com fatores de risco, alterações de humor e cansaço, além da maioria estar voltado ao tipo de sintoma, e não à sua severidade. 

Estudo 

Um total de 962 pacientes com SPC da Cleveland Clinic ReCOver Clinic foram selecionados no período de fevereiro de 2021 a abril de 2022. Os pacientes eram todos acima de 18 anos e completaram o formulário PROMIS (Patient Reported Outcomes Measurement Information System para distúrbios de sono no período de 90 dias pós-covid ou durante suas visitas ao centro de reabilitação.  

Os pacientes que já apresentavam distúrbios de sono antes de terem contraído covid-19 (como, por exemplo, apneia do sono e hipóxia) foram excluídos. No questionário era dada uma pontuação para classificar os distúrbios em leve, moderado ou severo com uma escala de pontos de > 55, > 60 e >70, respectivamente. 

Resultados 

Do total de 962 pacientes que completaram adequadamente o questionário PROMIS, 565 (58,7%) relataram ausência de sintomas ou sintomas leves de alterações de sono e 397 pacientes (41,3%) relataram aparecimento de sintomas moderados a severos.  

Desses pacientes que apresentaram sintomas moderados a severos, a maioria era da raça negra e do sexo feminino. 128 desses pacientes tiveram necessidade de hospitalização durante seu tratamento de covid-19, sendo que 21 pacientes necessitaram de internação no CTI e oito foram submetidos à ventilação mecânica. Além disso, houve relatos de ansiedade e fadiga severa concomitante. 

Leia também: Há alterações cerebrais em indivíduos pós-covid-19? 

Discussão 

Resultados recentes evidenciaram uma alta prevalência, em torno de 41,3%, de distúrbios de sono de grau moderado a severo em pacientes com SPC associados a raça negra, hospitalização por covid-19, distúrbio de ansiedade e sintomas de fadiga. Porém, ainda não há uma correlação direta entre distúrbio de ansiedade e desenvolvimento de fadiga, o que torna necessária a realização de mais estudos, a fim de linkar distúrbios emocionais com distúrbios do sono.  

Da mesma forma, não encontraram relação entre apneia do sono e hipoxia com distúrbios de sono pós-covid. Apesar de algumas limitações, como tamanho da amostragem estudada, os distúrbios de sono de moderado a severo foram encontrados em pacientes com síndrome pós-covid, principalmente nos pacientes da raça negra, enfatizando a grande relação entre os sintomas e a população negra.  

Mensagem final 

A grande importância desse estudo foi de mensurar a qualidade dos distúrbios de sono associados à síndrome pós-covid, uma vez que os sintomas de grau moderado a severo impactam, de forma direta e significativa, a qualidade de vida do paciente. Isso porque, de forma geral, tais sintomas afetam os afazeres diurnos e o bem-estar físico e mental. 

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Referências bibliográficas

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