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Clínica Médica20 janeiro 2023

Série Comunicação Médica: ainda sobre decisão compartilhada

Em mais um texto da Série Comunicação Médica, visitaremos novamente o conceito de decisão compartilhada, anteriormente abordado. Saiba mais!

“Frequentemente me perguntam qual é a primeira coisa que você realmente quer dizer para uma pessoa iniciando na medicina ou ingressando nos cuidados paliativos. Qual é o principal compromisso? E eu tenho certeza que a resposta é simplesmente: ‘Escute seus pacientes’. Eles irão te contar. Eles irão contar o que eles precisam. Eles irão contar quem são e o que conseguirão alcançar…” (Cicely Saunders)

Em mais um texto da Série Comunicação Médica, visitaremos novamente o conceito de decisão compartilhada, anteriormente abordado. O dia a dia do médico é repleto de demandas e decisões a se tomar. Quando encontramos um paciente grave, a frequência dessas decisões aumenta ainda mais e são elas que irão definir o sucesso ou fracasso terapêutico. No campo da saúde, essas decisões são complexas pois envolvem uma quantidade enorme de variáveis que devem ser levadas em consideração.

Leia também: Série Comunicação Médica: negociação de margem estreita

As decisões vão desde a escolha de exames para se chegar a um diagnóstico passando por escolhas de tratamento levando em consideração prognóstico, ocorrência de efeitos adversos, probabilidade de alcançar o efeito desejado, etc. Então, o que é decisão compartilhada? Quem são os envolvidos no processo de decisão?

O conceito de decisão compartilhada consiste “na construção de um relacionamento entre profissionais de saúde, pacientes e seus familiares, caracterizada pela presença de um processo de diálogo que conduza à clareza suficiente sobre as decisões que precisam ser tomadas, sobre as opções existentes e suas consequências prováveis, riscos, benefícios e incertezas, bem como sobre os valores e preferências dos pacientes relacionados a tais opções” (Bakitas, 2011).

Desta forma, com o diálogo contínuo, pacientes e profissionais de saúde podem chegar a um consenso sobre a melhor opção a seguir, tendo em vista tanto as questões técnicas quanto as preferências individuais.

Cicely Saunders, enfermeira, médica e assistente social, pioneira nos cuidados paliativos nos traz o conceito de escuta compassiva e afirma que ouvindo nossos pacientes, aprendendo sobre seus gostos e preferências, estaremos indo em direção ao verdadeiro alívio do sofrimento e preservação da dignidade. A perspectiva do paciente sobre seus valores e objetivos são essenciais para saber quais abordagens poderão contribuir de fato para o alívio do sofrimento e para que o planejamento terapêutico seja proporcional.

Recentemente, o Comitê de Bioética da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e a Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) emitiram em conjunto diretivas a respeito do processo de tomada de decisão. Este documento afirma que o processo de tomada de decisão em cuidados paliativos deve ser construído com base do diálogo claro entre o paciente/familiares e profissionais da saúde pressupondo que todas as dúvidas tenham sido esclarecidas, que o paciente tenha sido ouvido com compaixão e que a decisão final tenha sido feita em consenso levando em consideração aquilo que é mais valioso para o paciente.

Afirma também que o processo de decisão compartilhada exige um esforço contínuo, podendo ser recalculado e mudado de acordo com as respostas às terapias propostas ou mudanças de contexto.

O processo de decisão compartilhada é a estrutura de uma relação ética entre os indivíduos, respeitando suas preferências e autonomia. Devemos lembrar que no final das contas, todos os sujeitos envolvidos nesse processo visam o mesmo objetivo: o bem estar físico, psíquico e espiritual.

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Referências bibliográficas

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