Logotipo Afya
Anúncio
Clínica Médica15 setembro 2021

Pacientes transplantados e terceira dose da vacina contra a Covid-19

Em pacientes transplantados é protocolo a administração de duas doses da vacina contra Covid-19, porém começasse a especular a necessidade de terceira dose.

Nos pacientes transplantados é protocolo a administração de duas doses da vacina tipo RNA mensageiro contra Covid-19, porém os próprios pacientes e profissionais da área de saúde começaram a especular a necessidade de um reforço, ou seja, de uma terceira dose para esses pacientes a fim de melhorar a sua resposta imunológica uma vez que eles já apresentam um grau considerável de imunossupressão principalmente pelo uso constante de drogas imunossupressoras. Porém, questões como segurança e eficácia vêm surgindo. Em relação a isso foi realizado um estudo duplo cego, randomizado com duas populações de pacientes transplantados que receberam placebo e a terceira dose da vacina, seguindo todos os protocolos pré-estabelecidos dos institutos de análise. 

Leia também: Os pacientes com alto risco de reações anafiláticas podem receber a vacina Pfizer-BioNTech?

Pacientes transplantados e terceira dose da vacina contra a Covid-19

Estudo

Foram analisados 120 pacientes transplantados, sem diagnóstico prévio de Covid-19, com idade média de 66 anos e com transplante realizado há aproximadamente 3,16 anos e que receberam efetivamente duas doses da vacina anti-mRNA-1273 contra a Covid-19 e divididos randomicamente em dois grupos iguais. Um receberia uma terceira dose da vacina e o outro receberia placebo com solução salina, ambos no intervalo de 2 meses após a segunda dose. O resultado esperado para uma resposta adequada seria uma resposta sorológica caracterizada por níveis de até 100 U/mL de anticorpos antirreceptor RBD dosados no 4º mês. Esses níveis, de acordo com estudos em primatas conferem uma imunidade protetiva de 50%. Todos os pacientes faziam uso de medicações imunossupressoras semelhantes tanto em tipo como em dose, assim como a contagem de linfócitos. 

Resultados 

No 4º mês foi analisado que 55% dos pacientes que receberam a terceira dose da vacina contra Covid-19 apresentaram níveis de anticorpos de até 100 U/mL, contra 18 % dos pacientes do grupo placebo. Depois do mês 4 a percentagem média da neutralização viral foi de 71% no grupo anti mRNA-1273 e 13% no grupo placebo. A contagem de células T para a Covid-19 foi maior após a terceira dose do que no grupo placebo (432 contra 67 células por 106 células T CD4+). E em ambos os grupos houve uma mínima resposta de células T CD-8+ polifuncionais. Eventos sistêmicos mínimos e locais foram mais encontrados no grupo que recebeu a terceira dose, porém sem ocorrência de eventos graves ou casos de rejeição. A pequena percentagem do grupo placebo que apresentou um aumento dos níveis de anticorpos foi provavelmente pela estimulação das células B induzida pela vacinação prévia. 

Saiba mais: Aborto espontâneo após vacinação Covid-19 de gestantes: o que sabemos até agora?

Conclusão

O estudo acima demonstrou que uma terceira dose de vacina anti mRNA-1273 em pacientes transplantados aumentou substancialmente a resposta imunológica comparada ao grupo placebo. Apesar de existir alguns fatores limitantes como o curto follow-up e a determinação arbitrária da quantidade de anticorpos (100 U/mL), a terceira dose mostrou-se segura principalmente em relação ao risco e benefício, o que se permite concluir que um reforço da vacina anti-mRNA-1273 em pacientes transplantados deve ser considerada e incluída nos protocolos de imunização contra a Covid-19. 

Referências bibliográficas: 

  • Hall VG, et al. Randomized Trial of a Third Dose of mRNA-1273 Vaccine in Transplant Recipients. NEJM. 2021. doi: 10.1056/NEJMc2111462

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Saúde