A covid longa é uma doença que afeta mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela pode ser definida como a presença de sinais e sintomas persistentes após uma infecção aguda pela covid-19. O tempo de duração dos sintomas ainda é incerto, mas estima-se que sua duração acima de quatro semanas pode ser considerada como covid longa.
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Entre os principais sinais da doença, a fadiga crônica, a tosse e sintomas relacionados ao estresse pós-traumático são os mais encontrados. Atualmente não existe tratamento específico. Este estudo avaliou a ação de três medicamentos, a metformina, a ivermectina e a fluvoxamina na prevenção da covid longa.
Métodos do estudo sobre covid longa e o uso de metformina
Foi um ensaio clínico de fase 3, multicêntrico, randomizado e quadruplo-cego. Foram avaliados remotamente 1125 adultos entre 35 e 80 anos que possuíam sobrepeso e obesidade, e possuíam menos de sete dias de sintomas e uma infecção documentada por covid-19. Eles foram randomizados para receber metformina por 14 dias, ivermectina por três dias e fluvoxamina por 14 dias, além de placebo. A presença de covid longa foi considerada um desfecho secundário.
Resultados
A idade média foi de 45 anos, 56% do sexo feminino, dos quais 7% estavam grávidas. A mediana do IMC foi de 29,8 kg/m² e 51% tinham IMC >30 kg/m². No geral, 8,4% relataram ter recebido um diagnóstico de covid longa de um médico: 6,3% no grupo da metformina e 10,6% no controle da metformina; 8,0% no grupo ivermectina e 8,1% no controle ivermectina; e 10,1% no grupo fluvoxamina e 7,5% no controle fluvoxamina. O hazard ratio (HR) para covid longa no grupo metformina versus controle foi de 0,58 (95% CI 0,38 a 0,88); 0,99 (95% CI 0,592 a 1,643) no grupo ivermectina; e 1,36 no grupo fluvoxamina (IC 95% 0,785 a 2,385).
A fisiopatologia exata da covid longa é desconhecida, mas provavelmente é multifatorial, incluindo a cascata inflamatória durante a infecção aguda e a replicação viral persistente. Experimentalmente, a metformina tem atividade in vitro em uma dose fisiologicamente relevante contra SARS-CoV-2 em cultura de células e em tecido pulmonar humano. Além da atividade in vitro e in vivo contra o SARS-CoV-2, a metformina foi extensivamente estudada por suas ações anti-inflamatórias.
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A ação da metformina em pacientes com sobrepeso e obesidade parece prevenir o surgimento de sintomas persistentes, com redução de 42% no número de casos de covid longa com dez meses após a infecção aguda. A abordagem individualizada dos casos é a ideal, buscando a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A incidência da doença é maior em pacientes que apresentaram doença mais grave, incluindo internação em UTI e necessidade de ventilação mecânica. A prescrição da metformina envolve o julgamento crítico e a seleção de pacientes que realmente podem se beneficiar, considerando as indicações comumente utilizadas da droga, como o diabetes.
Mensagens práticas
- Pacientes com sintomas persistentes após quatro semanas de uma infecção por covid-19 podem ser considerados como portadores de covid longa.
- A incidência é maior em pacientes que apresentaram quadro mais grave, porém pode acometer pacientes jovens e que apresentaram quadros leves da doença.
- A metformina parece prevenir sintomas de covid longa em pacientes com sobrepeso e obesidade.
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