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Clínica Médica25 setembro 2024

Manejo da DHEM em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 ou pré-diabetes

A DHEM é a doença hepática mais comum e está associada a distúrbios como: resistência insulínica (RI), hipertensão arterial, diabetes, entre outros.

É de grande conhecimento no meio médico a forte associação entre diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e Pré-DM com a doença hepática esteatótica metabólica (DHEM).  Segue abaixo um breve resumo do que a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda sobre esse assunto. 

doença hepática esteatótica metabólica (DHEM)

Definição da DHEM 

A DHEM é a doença hepática mais comum, afetando aproximadamente 30% da população mundial. Apresentando fisiopatologia complexa, ela abrange diversas manifestações e está associada a distúrbios metabólicos e cardiovasculares tais como: obesidade, resistência insulínica (RI), hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes. 

Por definição, a DHEM é caracterizada pelo aumento de gordura no fígado que ultrapassa 5% do parênquima hepático e pode ser classificada como esteatose (apenas gordura com mínima inflamação) ou esteato-hepatite (quando há inflamação lobular e balonização de hepatócitos com ou sem fibrose). Os pacientes com esteato-hepatite podem evoluir com graus variados de fibrose e progredir para cirrose além de apresentar complicações como hipertensão portal ou hepatocarcinoma. 

Considerando que a fisiopatologia da DHEM também inclui outras doenças metabólicas, um manejo abrangente do risco cardiometabólico se faz necessário nessa população. 

Os critérios diagnósticos para DHEM envolvem: esteatose hepática identificada por imagem ou biópsia (padrão-ouro) associada a algum distúrbio cardiometabólico sem outras causas possíveis para a esteatose. Como distúrbios metabólicos é preciso que haja 1 de 5 critérios a saber: IMC ≥ 25 kg/m2 ou CA >90cm (Homens) e > 80 cm (Mulheres), pré-diabetes ou DM2; PA ≥130x 85 mmHg ou tratamento medicamentoso anti-hipertensivo específico; triglicerídeos ≥ 150 mg/dl ou tratamento hipolipemiante e HDL ≤ 40 mg/gl (Homens) ou ≤ 50 mg/dl (Mulheres) ou tratamento hipolipemiante. 

Veja mais: Doença hepática gordurosa associada a disfunção metabólica: mudança de terminologia

Rastreio 

Todos os pacientes com DM2 ou pré-diabetes devem ser rastreados para DHEM a partir do score FIB-4. O FIB-4 é calculado a partir de dados clínicos e laboratoriais que incluem idade, níveis de TGP, TGO e contagem de plaquetas. Quando esse escore < a 1,3, temos baixa probabilidade de evolução para cirrose e o paciente deve ser orientado quando a mudança do estilo de vida (MEV) e reavaliado a cada 2 anos. Já se esse escore for ≥ 1,3, recomenda-se progredir investigação com elastografia transitória (FibroScan). 

Tratamento 

Como tratamento, a MEV com foco na redução do peso corporal > 5% é o tratamento de primeira linha para pacientes com DHEM e Pré-diabetes ou DM2. Quando a MEV for insuficiente para se atingir a meta de perda de peso, o uso de medicações anti-obesidade é recomendado para aqueles com IMC ≥ 27 kg/m2. Dentre as medicações anti-obesidade, as que apresentam respostas mais satisfatórias para tratamento de tais comorbidades são a liraglutida e a semaglutida. Em casos de falha da MEV e farmacoterapia, a cirurgia bariátrica pode ser considerada nos pacientes com DM2, DHEM e IMC ≥ 35 kg/m2. 

Além disso, pacientes com DM2 e DHEM (que apresentem evidência de esteato-hepatite ou fibrose), devem ser tratados com farmacoterapia que melhore os desfechos hepáticos, sendo as melhores opções a pioglitazona e os análogos de GLP-1.  

Por fim, a diretriz afirma que ainda não há evidências suficientes que recomendem o uso de vitamina E, pentoxifilina e silimarina para o tratamento da DHEM em pessoas com DM2. Embora a suplementação de vitamina E seja considerada para pacientes com DHEM sem DM2, ensaios específicos para os pacientes com DM2 ainda são necessários. 

Autoria

Foto de Juliane Braziliano

Juliane Braziliano

Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência de Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência de Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Editora-médica de Endocrinologia do Portal Afya.

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