Lesões por águas-vivas: como identificar e conduzir?
Os acidentes causados por contatos com águas-vivas estão entre os mais comuns no período do verão por todo litoral brasileiro.
Com a chegada do verão os acidentes relacionados aos diversos ambientes aquáticos e suas proximidades aumentam de forma considerável, dentre eles aqueles causados pelos cnidários, sendo a água-viva a mais conhecida popularmente. Na região sul do país, há registros expressivos de tais acidentes nos últimos anos, chegando a cerca de 16.000 acidentes no Paraná em um período de trinta dias, atingindo também diversos estados da região nordeste do país.
Os cnidários possuem em seu interior uma organela denominada nematocistos, responsável pela disseminação de peçonha, sendo disparado por contato ou por osmose. Conhecer tais estruturas nos permite entender a gravidade dos sintomas que, em sua grande maioria, dependem da quantidade de nematocistos inoculados, da espessura da pele do paciente, presença ou não de pelos, extensão da área acometida, peso corporal, sensibilidade e estado de saúde da vítima.
Diante de tais situações, independente da faixa etária do paciente, é necessário conduzir os casos de forma rápida e assertiva. A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), em parceria com pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu, publicou recomendações para a condução inicial de tais acidentes.
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Quais são os sinais e sintomas?
Os sinais e sintomas dermatológicos são múltiplos sendo uma das primeiras manifestações clínicas. As lesões leves tendem a se resolver de forma rápida em sua grande maioria, porém, em situações graves, a duração pode chegar a 24 horas, com posterior resolução progressiva, mas deixando eritema e hipercromia que podem durar meses. Dentre as principais lesões de pele temos:
- Irritação
- Ardência
- Placas urticariformes extensas
- Associada à dor pulsátil ou latejante
- Eritema
- Edema
- Necrose
Manifestações sistêmicas podem ocorrer em casos mais graves, com destaque para sintomas como:
- Cefaleia
- Náuseas e vômitos
- Dor abdominal
- Câimbras
- Distermias
- Dor lombar
- Sialorreia
- Espasmos musculares
- Anafilaxia
- Arritmias cardíaca
- Convulsão
Medidas para conduzir acidentados por água-viva conforme orientação da SOBRASA:
- Retirar da água imediatamente. Não tente tirar os tentáculos da pele do acidentado;
- Lavar abundantemente o local com água do mar para remover ao máximo os tentáculos aderidos. Se possível, aplicar uma compressa na região atingida usando água do mar gelada, para controle da dor;
- Não utilize água doce, pois ela poderá estimular os nematocistos que ainda não descarregaram sua peçonha;
- Não tentar remover os tentáculos aderidos esfregando toalhas ou areia na região atingida;
- Procurar desativar os nematocistos ainda íntegros banhando a região com ácido acético a 5% (vinagre) por cerca de 10 minutos;
- Remover os tentáculos ainda aderidos com a mão enluvada e com o auxílio de uma pinça. Lave mais uma vez o local com água do mar e reaplique novos banhos de ácido acético a 5% por 30 minutos;
- Atenção aos pacientes com reação anafilática: lesões de pele urticariformes grandes, com prurido, sintomas respiratórios (sibilos, roncos, dispneia), cardiovasculares, abdominais entre outros. Tais pacientes podem ter desfechos graves, chegando até mesmo à morte. Veja abaixo como conduzir a anafilaxia;
- A condução de todos os pacientes para o ambiente hospitalar o mais rápido possível.
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Nos casos com apresentação clínica de anafilaxia, é importante avaliar os sinais vitais, checando a via aérea, respiração, circulação e o estado neurológico do paciente de forma recorrente. Seguido de administração de adrenalina (1:1000g/ml) intramuscular, expansão de volume, oferta de oxigênio associado ou não ao β2-agonista sulfato de salbutamol, assim como aos anti-histamíminicos, como prometazina e difenidramina.
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