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O vírus da imunodeficiência humana (HIV) continua a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade, particularmente na África subsaariana. Em 2015, havia 2,1 milhões de pessoas recentemente diagnosticadas como HIV-positivas, com quase metade destas na África do Sul e Oriental. Além da diminuição da expectativa de vida causada pela doença, há custos substanciais de saúde que podem afetar a economia dos países afetados.
Embora os medicamentos antirretrovirais tenham ajudado a melhorar a qualidade de vida e a expectativa de vida de indivíduos HIV positivos, ainda há necessidade de explorar outras intervenções que ajudem a reduzir ainda mais a carga da doença.Uma estratégia potencial é o uso de interleucina 2 (IL-2) em combinação com a terapia antirretroviral.
A IL-2 é uma citocina que pode funcionar aumentando a contagem de células CD4 e, portanto, ajudando a reconstituir o sistema imunológico e auxiliando no controle da replicação viral, aumentando assim o efeito da terapia antirretroviral.
Recentemente, uma revisão sistemática da literatura foi realizada com intuito de avaliar os efeitos da IL-2 como terapia antirretroviral adjuvante em adultos infectados pelo HIV.
Buscas eletrônicas foram realizadas até o final de maio de 2016 nas seguintes bases de dados: Cochrane Library, Medline, Embase, The Web of Science, LILACS, Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) (ICTRP), e ClinicalTrials.gov. Adicionalmente, foram verificados resumos de congressos, especialistas e organizações relevantes no tema foram consultados e listas de referências de todos os estudos identificados foram avaliadas.
Como critérios de elegibilidade foram considerados ensaios clínico randomizados (ECRs) que avaliaram os efeitos da IL-2 como terapia antirretroviral adjuvante na redução da morbidade e mortalidade em adultos HIV positivos.
No total foram identificados 25 estudos. As intervenções envolveram o uso de IL-2 em combinação com terapia antirretroviral adjuvante em comparação com terapia antirretroviral em monoterapia. Não houve diferença na mortalidade aparente entre o grupo IL-2 e o grupo terapia antirretroviral adjuvante (risco relativo: 0,97; intervalo de confiança de 95%: 0,80 a 1,17; 6 ensaios).
Dezessete dos 21 ensaios relataram um aumento na contagem de células CD4 com o uso de IL-2 em comparação com o controle usando diferentes medidas (21 ensaios, 7.600 participantes). No geral, não houve diferença na proporção de participantes com uma carga viral suprimida de menos de 50 células/mL (5 ensaios, 805 participantes) ou menos de 500 células/mL até o final dos ensaios (4 ensaios, 5.029 participantes).
Houve pouca ou nenhuma diferença na incidência de infecções oportunistas (7 ensaios, 6.141 participantes). Provavelmente, houve um aumento nos eventos adversos de grau 3 ou 4 (6 ensaios, 6.291 participantes). A adesão não foi avaliada pelo estudos incluídos.
Portanto, pode-se concluir que a IL-2 em combinação com a terapia antirretroviral aumenta a contagem de células CD4 em adultos HIV positivos. No entanto, seu uso não confere nenhum benefício significativo na mortalidade, provavelmente não há diferença na incidência de infecções oportunistas, e existe a possibilidade de aumento nos eventos adversos de grau 3 ou 4.
Os resultados encontrados na revisão recentemente publicada não suporta o uso de IL-2 como terapia antirretroviral adjuvante em adultos HIV positivos.
Referência:
- Onwumeh J, Okwundu CI, Kredo T. Interleukin-2 as an adjunct to antiretroviral therapy for HIV-positive adults. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 5. Art. No.: CD009818. DOI: 10.1002/14651858.CD009818.pub2
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