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Clínica Médica3 janeiro 2025

Efeitos extramusculoesqueléticos do tratamento com upadacitinibe para PsA axSpA

Estudo teve o objetivo de avaliar o desenvolvimento de manifestações EME nos pacientes com PsA e axSpA tratados com upadacitinibe 15 mg
Por Gustavo Balbi

As espondiloartrites (SpA), que incluem a artrite psoriásica (PsA) e a espondiloartrite axial (axSpA), são um grupo de doenças inflamatórias articulares que se caracterizam pelo acometimento axial, periférico, entesite e dactilite. Dentre as manifestações extramusculoesqueléticas (EME) associadas às SpA, destacam-se a uveíte, doença inflamatória intestinal e psoríase; a mais frequente delas é uveíte anterior, podendo acometer até 30-50% dos pacientes. 

O upadacitinibe (UPA) é um inibidor da Janus quinase (JAK) aprovado para o tratamento das axSpA, da PsA e da artrite reumatoide (AR). No entanto, os dados a respeito do efeito nas EME das SpA são escassos. 

Nesse sentido, Poddubny et al. publicaram uma análise post-hoc dos dados do programa SELECT com o objetivo de avaliar o desenvolvimento de manifestações EME nos pacientes com PsA e axSpA tratados com upadacitinibe 15 mg. 

Veja mais: Espondiloartrites: estudo avalia a prevalência do HLA-B27 na população brasileira

PsA

Métodos

Trata-se de uma análise post-hoc dos dados de cinco estudos de fase 3 do upadacitinibe do programa SELECT, incluindo dois de PsA, 2 de axSpA radiográfica e um de axSpA não radiográfica. Nesses estudos, os pacientes ≥18 anos incluídos foram randomizados para receber placebo ou UPA 15 mg; em um dos estudos, os pacientes também foram randomizados para receber adalimumabe (ADA) 40 mg a cada 14 dias. 

Os desfechos analisados foram as taxas de manifestações EME nos pacientes alocados para os grupos UPA, ADA e placebo, relatados como eventos/100 pacientes-ano. Dados relacionados aos eventos, à atividade de doença e à positividade do HLA-B27 também foram coletados. 

Resultados

Foram analisados 1095 pacientes que receberam placebo (489,1 pacientes-ano), 1.789 que receberam UPA (3689,4 pacientes-ano) e 429 que receberam ADA (1146,4 pacientes-ano). A maioria dos pacientes (87,1 a 99,3%) não tinham histórico de manifestações EME no baseline. 

Nos pacientes com PsA, as taxas de uveíte e doença inflamatória intestinal foram baixas, independente de tratamento prévio ou manifestações EME prévias (0,8 a 1,4%, dependendo do tratamento e manifestação analisada); as taxas foram semelhantes nos pacientes que fizeram uso de UPA ou ADA. 

Já nos pacientes com axSpA radiográfica, as taxas de desenvolvimento de uveíte foi numericamente inferior nos pacientes tratados com UPA (2,8 casos/100 pacientes-ano) do que naqueles tratados com placebo (7,5 casos/100 pacientes-ano); esses resultados foram semelhantes estratificando os pacientes de acordo com o histórico prévio de uveíte. Vale destacar que os pacientes sem histórico de uveíte prévia apresentaram menores taxas de uveíte (UPA 0,6 e placebo 1,2 casos/100 pacientes-ano) do que aqueles com histórico prévio (UPA 2,1 e placebo 6,2 casos/100 pacientes/ano). As taxas de doenças inflamatória intestinal foram baixas, independente do tratamento utilizado. 

Por fim, nos pacientes com axSpA não radiográfica, as taxas de uveíte foram baixas, mas foram menos frequentes no grupo UPA (0,9 casos/100 pacientes-ano) do que no placebo (2,1 casos/100 pacientes-ano). As taxas de psoríase ou doença inflamatória intestinal foram baixas ou nulas. 

Leia também: Prevalência e incidência de uveíte nas espondiloartrite na era biológica

Comentários

Apesar de ser uma análise post-hoc, os dados apresentados não demonstraram nenhuma preocupação com relação à ausência de proteção para o desenvolvimento ou risco aumentado de reativação de manifestações EME nos pacientes com SpA tratados com UPA, quando comparados com o placebo ou adalimumabe. Esse dado pode ser interessante na hora de se decidir a terapia dos pacientes. 

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