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Cirurgia17 abril 2025

Tratamento conservador versus hepatectomia no carcinoma hepatocelular

Estudos comparou cirurgia e o tratamento conservador para pacientes com hepatocarcinoma que apresentaram regressão completa da lesão após terapias de conversão
Por Jader Ricco

O carcinoma hepatocelular (CHC) ou hepatocarcinoma é o tumor primário mais comum do fígado. Na maior parte dos casos está associado à cirrose e a hepatites B e C. Existem outras causas, com aumento progressivo de incidência como a doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD). É um dos tumores mais letais, com expectativa de vida em 5 anos em torno de 18%. 

Grande parte dos pacientes, ao diagnóstico, já apresentam doenças em estádios mais avançados, sem possibilidade de tratamento cirúrgico. As opções de tratamento para esses pacientes não são tão eficazes como a cirurgia e correspondem, dentre outras, a quimo embolização transarterial (TACE), terapia alvo e imunoterapia. 

No entanto, com o avanço no tratamento, a taxa de regressão da doença com os tratamentos não cirúrgicos vem aumentando, possibilitando a cirurgia curativa e, em alguns casos, até a resposta completa da doença. Tal fato promoveu estudos comparativos entre cirurgia e o tratamento conservador para os pacientes com hepatocarcinoma que apresentaram regressão completa da lesão após terapias de conversão. 

Leia mais: Principais fatores de risco de carcinoma hepatocelular

Métodos 

Uma meta-análise recente avaliou 6 estudos com 481 pacientes com hepatocarcinoma que foram submetidos à terapia de conversão e apresentaram respostas radiológica ou clínica completas. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, sendo um formado por pacientes com estratégia não cirúrgica e outro por pacientes que foram submetidos à hepatectomia. Os desfechos avaliados foram a sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG). 

Resultados e Discussão 

As terapias de conversão realizadas nos 6 estudos analisados foram a TACE em 230 pacientes (47,8%) e uma combinação de terapias locorregionais e sistêmicas em 251 pacientes (52,2%).  

Em relação à sobrevida livre de doença, o estudo conduzido por Wang J et al. identificou pior SVL nos pacientes que receberam tratamento não operatório em comparação com os pacientes submetidos à hepatectomia (HR = 2,15; IC de 95%, 1,60 a 2,90; p < 0,00001). Entretanto, houve diferença entre os subgrupos com resposta clínica e radiológica. Quando se avaliou apenas pacientes com resposta clínica completa, a SVL não apresentou diferença significativa entre os grupos não operatório e cirurgia (HR = 1,19; IC de 95%, 0,68 a 2,09; p = 0,53). Entretanto, a avaliação do subgrupo com resposta radiológica completa, revelou SVL significativamente pior no grupo não operatório relação ao grupo cirurgia (HR = 2,27; IC de 95%, 1,66 a 3,11; p < 0,00001). 

As análises de sobrevida global não revelaram diferenças significativas entre os grupos sem cirurgia e hepatectomia (HR = 1,35; IC de 95%, 0,93 a 1,96; p = 0,12), mas quando os subgrupos de resposta clínica e radiológica foram avaliados, os resultados foram diferentes. No subgrupo resposta clínica, não houve diferença significativamente estatística entre os grupos sem cirurgia e hepatectomia (HR = 0,95; IC de 95%, 0,53 a 1,70; p = 0,86).  

No entanto, no subgrupo resposta radiológica, houve pior sobrevida global no grupo não operatório em relação ao grupo hepatectomia (HR = 1,68; IC de 95%, 1,05 a 2,68; p = 0,03). 

Na avaliação geral Wang J et al. observaram que a sobrevida livre de doença nos pacientes que receberam tratamento não operatório foi pior em comparação aos submetidos à hepatectomia. Isso, porém, não foi identificado em relação à sobrevida global, que foi semelhante entre os dois grupos. Outro fato observado na meta-análise foi que, em pacientes não submetidos à cirurgia, a manutenção de outras terapias combinadas (terapia alvo e imunoterapia, por exemplo) apresentou melhor sobrevida livre de doença em comparação com pacientes em que a conduta foi apenas observação clínica. 

Mensagem prática 

O presente estudo foi motivado pelos avanços nos tratamentos para casos de CHC avançado sem proposta cirúrgica inicial. Entretanto, a cirurgia continua sendo o tratamento de escolha para hepatocarcinoma, desde que o tumor seja ressecável e o paciente operável. Casos com respostas clínicas completas após terapia de resgate em pacientes com riscos cirúrgicos elevados podem ser avaliadas para tratamento não operatório.  

 

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Referências bibliográficas

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