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Cirurgia16 fevereiro 2025

Sleeve com ou sem ressecção do antro

Trabalho publicado na Obesity Surgery buscou analisar a diferença de resultados de pacientes submetidos a sleeve com ou sem ressecção antral
Por Felipe Victer

A discussão da cirurgia bariátrica é ampla e além da técnica utilizada há variações dentro de uma mesma cirurgia que pode modificar o desfecho. Isto é o dia a dia dos cirurgiões bariátricos, pois adaptam a cada paciente algumas pequenas nuances. Em um by-pass gástrico o cirurgião pode variar o tamanho da alça alimentar e biliopancreática, para melhores resultados a depender do biotipo do paciente.  

No sleeve gástrico, também existem pontos de discussão como o tamanho da sonda utilizada que servirá como guia da ressecção, se devemos reforçar a linha de sutura e a quantidade de antro a ser ressecado. Porém, nenhuma mudança vem isenta de consequências, que podem ser maléficas ao paciente. Em teoria, um antro residual menor pode melhorar a perda de peso a longo prazo, no entanto pode piorar ou até desencadear quadros de refluxo em um paciente. 

O trabalho publicado na Obesity Surgery buscou analisar justamente a diferença de resultados de pacientes submetidos a sleeve com ou sem ressecção antral.  

Leia mais: Qual a melhor técnica para cirurgia bariátrica? Sleeve ou Bypass Gástrico?

cirurgia bariátrica

Métodos 

Estudo realizado na Índia, baseado em achados prévios de outros estudos que os pacientes com ressecção antral podem se beneficiar a longo prazo. Foi determinada uma amostra de 50 pacientes em cada grupo. O desfecho primário analisado foi o percentual do excesso de perda de peso com 24 meses do procedimento. Como desfecho secundário, a análise da doença do refluxo gastroesofágico. Os pacientes foram randomizados para ressecção ou não do antro, imediatamente antes da cirurgia. O volume do estômago, tardiamente à cirurgia, foi aferido com a utilização de TC e distensão gástrica com uso de comprimidos efervescentes.  

Resultados 

Ao longo do estudo foi possível randomizar 95 pacientes, sendo 49 no grupo preservação e 46 no grupo ressecção. A distribuição entre os grupos foi semelhante, possuíam as mesmas características epidemiológicas. O tempo operatório foi de 85 min no grupo preservação e 99 min no grupo ressecção (p=0,01). O número de cargas também foi maior no grupo ressecção (p=0,01). 

O percentual de perda do excesso de peso aos 24 meses de observação foi 66,3% no grupo preservação e 74% no grupo ressecção (p=0,2). Já o percentual de perda total foi de 29,1 no grupo preservação e 33 no grupo ressecção (p=0,01). Ao final de 24 meses, 5 pacientes reganharam peso, sendo 3 do grupo de preservação e 2 do grupo ressecção.  

Não houve diferença estatística entre os grupos em relação à doença do refluxo sendo um total de 12 pacientes (8 no grupo preservação e 5 no grupo ressecção). 

Discussão  

Muito se discute os detalhes técnicos que envolvem a cirurgia de sleeve gástrico e ainda está longe de um consenso, inclusive a respeito da ressecção antral. No presente trabalho houve um resultado favorável tanto aos 12 meses quanto aos 24 meses de observação em relação à perda do excesso de peso assim como o percentual total de perda de peso, sendo favorável à ressecção antral. Um questionamento sempre frequente em relação ao sleeve e a doença do refluxo 

No entanto, nesse trabalho não houve diferença entre os grupos, que é comparável a outros estudos já publicados previamente. 

Se pode concluir neste estudo, que o sleeve gástrico com ressecção antral é seguro e não aumentou o percentual de doença do refluxo, conforme teorizado. A prática da ressecção antral pode se tornar uma conduta uniforme no futuro.  

Veja também: Sleeve pode estar associado a menor risco de reoperações na gastroplastia redutora?

Para levar para casa 

Esta é mais uma mudança proposta em cirurgias já consagradas, e para se determinar alguma alteração é fundamental um tempo de observação maior e uma maior amostra.  

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Referências bibliográficas

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