A expertise de um cirurgião ortopédico pode ser determinada pelos resultados cirúrgicos que alcança em seus pacientes? Há alguma relação mensurável com o modo como esse profissional foi formado?
As fraturas de tornozelo são lesões comuns na prática ortopédica e possuem características diferentes em duas faixas etárias: a de pessoas entre 16 e 59 anos e a de idosos acima de 80 anos. Na primeira população, a taxa de tratamento cirúrgico chega a 85%, enquanto na segunda fica em torno de 35%.
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Novo estudo
Sabe-se que há fatores de prognóstico relacionados ao paciente (como idade, sexo, ASA) e fatores relacionados à fratura (como baixo grau de desvio ou extra articular), entretanto não existem tantos estudos conclusivos quanto à expertise do cirurgião nos resultados cirúrgicos dessas fraturas.
Foi publicado no último mês na revista Bone and Joint Open um estudo com o objetivo de determinar se era viável realizar um trabalho para testar se a simulação cadavérica ou treinamento padrão para estagiários juniores leva a resultados superiores de desempenho técnico em cirurgia de fixação de fratura de tornozelo medida pela precisão da redução nas primeiras radiografias pós-operatórias.
Métodos
Foi desenvolvido um estudo preliminar, pragmático, cego, multicêntrico em 9 hospitais britânicos, randomizado controlado de ensaio de simulação cadavérica versus treinamento padrão de cirurgiões ortopédicos em formação. O desfecho primário foi a redução da fratura nas radiografias pós-operatórias.
Resultados
No geral, 139 fraturas de tornozelo foram corrigidas por 28 cirurgiões estagiários do terceiro ao quinto ano de residência (idade média de 29,4 anos; 71% do sexo masculino) durante dez meses de acompanhamento. Sob o princípio de intenção de tratar, uma fixação tecnicamente superior foi realizada por profissionais treinados em cadáveres em comparação com o treinado da forma padrão, conforme medido na primeira radiografia pós-operatória quando avaliados os limites de aceitabilidade predefinidos.
O grupo treinado em cadáver utilizou menos radiação no intraoperatório que o grupo treinado padrão (diferença média 0,011 Gym2, Intervalo de confiança de 95% 0,003 a 0,019; p = 0,009). Não houve diferença no tempo dos procedimentos entre os grupos.
Conclusão
Os residentes randomizados para treinamento cadavérico realizaram melhores fixações de fraturas de tornozelo e irradiaram menos pacientes durante a cirurgia em comparação com residentes treinados da forma padrão. Esse efeito, que era anteriormente desconhecido, é possível que seja uma consequência da intervenção.
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