Apesar de a apendicite ser uma causa frequente de abdome agudo, o diagnóstico ainda é motivo de dúvida e discussão de qual a melhor maneira de ser realizada. A realização de um diagnóstico equivocado leva a apendicectomias desnecessárias, com complicações até elevadas, visto que a causa original da dor não foi abordada. Isto pode ser especialmente danoso em mulheres, na idade adulta, cujo principal diagnóstico diferencial são as infecções ginecológicas.
De uma forma a amenizar a dúvida e facilitar o raciocínio diagnóstico, foram criadas diversas ferramentas diagnósticas para a apendicite. Elas levam em consideração a história, exame clínico e dados de exames de laboratório e imagem.
O objetivo do trabalho foi analisar a acurácia diagnóstica de diferentes abordagens, em distintas línguas.
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Métodos
Foi utilizado uma busca nas diferentes plataformas de pesquisa na literatura médica, com artigos que utilizam métodos clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de apendicite. Foram excluídos aqueles que se baseiam apenas no diagnóstico de imagem. Ao final de todas as exclusões necessárias, foram identificados 74 estudos e 82 ferramentas diagnósticas.
Das ferramentas analisadas, 35% utilizavam apenas informações do exame físico, 26% utilizavam além do exame físico a informação da temperatura corporal, e 7% não utilizavam informação do exame físico do médico, apenas dados informados.
Resultados
A acurácia foi estudada para cada ferramenta perfazendo um total de 34.604 pacientes, com uma mediana de 320 (49-2423), entre as ferramentas. O valor preditivo positivo foi possível ser calculado em 56% e foi maior que 90% em 48% das ferramentas. Já em relação a sensibilidade foi reportada ou calculada em 76% das ferramentas, com uma média de 89% (15-100%) e foi maior que 90% em 52% das ferramentas.
Discussão
Um total de 82 ferramentas diagnósticas foram avaliadas neste estudo, sendo sintomas e exame físico, incluído na maioria das ferramentas. A acurácia foi alta para a maioria das ferramentas utilizadas, o que significa uma boa correlação dos achados com o que foi encontrado na cirurgia.
Em conclusão, a maioria dos trabalhos se baseiam no exame físico do cirurgião corroborado por achados de exames de laboratório.
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Mensagem prática
Este estudo coloca em números aquilo que já sabemos em relação ao diagnóstico. Uma boa história associada a um bom exame clínico é suficiente para determinar um quadro de apendicite aguda.
Infelizmente, o aprendizado do exame clínico não é súbito e requer que o médico esteja atento para as sutilezas. A busca do sinal de Blumberg pode ser erroneamente interpretada caso não seja realizada da maneira adequada.
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