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Cirurgia13 julho 2020

Quais os fatores prognósticos para câncer de pâncreas?

O câncer de pâncreas é uma doença agressiva e a cirurgia é a única modalidade terapêutica que pode proporcionar a cura do paciente.

Por Felipe Victer

O adenocarcinoma de pâncreas é uma doença agressiva e a cirurgia é a única modalidade terapêutica que pode proporcionar a cura do paciente. Infelizmente, mesmo após uma cirurgia tecnicamente perfeita e sem nenhuma intercorrência do ponto de vista oncológico e/ou clínico, poucos são os pacientes que permanecem vivos e livres de doença após cinco anos.

Existem diversos fatores encontrados na peça operatória que já estão relacionados a um pior prognóstico dos pacientes. O objetivo deste trabalho foi tentar determinar se existem fatores que possam ser comparados na avaliação pré-operatória, que também estariam relacionados a um pior prognóstico, e com isto basear decisões clínicas.

médicos realizando cirurgia em paciente com câncer de pâncreas

Adenocarcinoma de pâncreas

A metodologia utilizada foi um estudo coorte retrospectivo, onde foram avaliados pacientes submetidos à pancreatectomia cefálica por um único serviço. A análise inicial encontrou 116 pacientes, porém, após a exclusão inicial, 40 pacientes foram incluídos para o estudo.

Somente foram analisados no estudo pacientes com patologia confirmando adenocarcinoma na cabeça do pâncreas, sendo excluídos aqueles de outras origens. Foram revistos dados epidemiológicos dos pacientes, necessidade de drenagem biliar prévias, além de resultados de exames laboratoriais. Com estes dados foram implantadas as análises uni e multivariadas.

Leia também: Como triar o câncer de pâncreas em pacientes com alto risco?

Resultados

Houve um discreto predomínio de mulheres, idade média de 60,1 anos variando de 34 a 89 anos. Os pacientes maiores que 70 anos apresentaram pior sobrevida com mediana de 12 meses, enquanto os menores de 70 anos, 27 meses. A comorbidade associada mais prevalente foi hipertensão arterial.

A análise multivariada demostrou que comorbidade associadas e o aumento sérico de CA 19.9 estavam independentemente associadas a pior prognóstico.

A elevação do CA 19.9 entre 38 a 554 estava relacionado a uma chance de 3,15 vezes maior de óbito quando comparada aqueles com valores normais, enquanto pacientes com valores superiores a 554 apresentavam 3,96 vezes a mais de óbito. Uma comorbidade associada apresentava 2,9 vezes a mais de óbito quando comparada a um paciente sem comorbidade.

Discussão

Este estudo demostrou que idade avançada está relacionada a um pior prognostico cirúrgico. Este dado foi encontrado em outro artigo, porém esta associação é falha em demais estudos. Além disto, a maioria dos pacientes deste trabalho apresentavam comorbidades associadas, o que difere do achado de outras séries publicadas.

Mais do autor: Cirurgia laparoscópica: qual a melhor técnica de bloqueio do plano transverso do abdome?

A análise deste estudo também associou os níveis de CA 19.9 ao pior desfecho dos pacientes operados. Este mesmo achado também foi demostrado por diversos estudos asiáticos que demostraram uma razão de chance de óbito elevada quando os níveis séricos de 19.9 também estão elevados.

Este estudo é limitado pelo pequeno volume de casos e também por representar a experiencia de apenas uma instituição.

Conclusão

O adenocarcinoma de pâncreas é uma doença agressiva com prognóstico pior quando associada a idade avançada, elevados níveis de CA 19.9 e comorbidades associadas.

A cirurgia do câncer de pâncreas infelizmente não apresenta resultados magníficos e nem apresentou evoluções significativas ao longo das últimas décadas. Mesmo com os novos esquemas quimioterápicos, pouco se evoluiu no manejo com intuito curativo destes pacientes.

No momento ainda não existe nenhum protocolo de screening para a população em geral, no entanto pacientes com alto risco, especialmente aqueles com parentes próximos que apresentaram a doença em idade jovem, devem seguir os protocolos de rastreio já estabelecidos.

Referências bibliográficas:

  • Sancio, João Bernardo, Campanati, Renato, Lima, Leonardo do Prado, Rubião, Francine, de-Freitas, João Carlos, de-Melo, Frederico Henrique Correa, Machado, Carla Jorge, Sanches, Marcelo Dias, Resende, Vivian. (2020). Fatores prognósticos pré-operatórios em pacientes com adenocarcinoma ductal da cabeça do pâncreas. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 47, e20202363. Epub 03 de junho de 2020.https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202363
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