Nos últimos anos uma grande atenção tem sido dada às hemotransfusões que além dos potenciais risco de transmissões de doenças infectocontagiosas também influenciam diversos aspectos do paciente que vão além de uma contaminação cruzada. Desta maneira os níveis para se indicar uma transfusão sanguínea são cada vez mais rígidos, sendo os sintomas sendo mais determinantes que os próprios achados laboratoriais.
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Estudos sobre a questão
Alguns trabalhos também identificaram uma associação negativa entre transfusão e resultados oncológicos da cirurgia, isto é, um paciente que recebe sangue no decorrer de uma cirurgia tem pior prognóstico oncológico que aquele que não recebeu.
Associado a questões clínicas, estão as questões de custos envolvidos numa transfusão que agrega tanto a coleta, testagem, armazenamento, até questões relacionadas ao paciente que ao receber a bolsa pode desenvolver algum tipo de evento adverso relacionado a transfusão e com isto requer ainda mais gastos.
Uma carta do pesquisador publicada no British Journal of Surgery, cita estas questões relacionadas a hemotransfusões e ressalta que antes de avaliar todas estas questões é necessário saber onde as bolsas de sangue são utilizadas. Para tanto fez uma análise pontual de um estudo ainda maior do American College of Surgeon, o qual tem como objetivo maior melhorar a qualidade das cirurgias realizadas.
Rank | Cirurgia | % de tranfusões |
1 | Troca Valvar Cardiaca | 53,9% |
2 | By-pass Coronariano | 50,1% |
3 | Reparo de Aneurisma Aorta | 47,8% |
4 | Cistectomia radical | 38,0% |
5 | Reparo aberto fratura de femur | 29,5% |
6 | Nefrectomia Radical Aberta | 26,6% |
7 | Tumor abdominal/retroperitonial > 10 cm | 26,5% |
8 | By-pass vascular | 21,0% |
9 | Esplenectomia | 20,9% |
10 | Amputação membro inferior | 17,8% |
11 | Pancreatectomia | 17,5% |
12 | Ressecção Hepática | 17,3% |
13 | Ressecção Intestino ou Reto | 14,3% |
14 | Artrodese de Coluna | 14,0% |
15 | Embolectomia Arterial | 13,8% |
16 | Gastrectomia | 13,6% |
17 | Miomectomia | 12,3% |
18 | Prostatectomia radical aberta | 12,3% |
19 | Histerectomia Total Abdominal | 11,4% |
20 | Reparo endovascular de aneurisma de aorta | 11,3% |
Adatptado de Montroy J e al.
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Este rank não fez distinção entre o número de bolsas utilizadas, ou seja, expressa a proporção de paciente que recebeu transfusão em um determinado procedimento, entre 2005 e 2017. De um total de 6.638.336 pacientes, 330.196 (5%) receberam pelo menos uma bolsa de sangue relacionada diretamente ao procedimento cirúrgico. O ranking exibe procedimentos de diversas especialidades, e estes procedimentos representam mais que 50% do total de pacientes submetidos a transfusões.
Para levar para casa
O interessante deste estudo é o número de pacientes analisados, com isto e apesar de algumas limitações, o resultado da amostra é bastante satisfatório. A transfusão quando necessária é indispensável e devemos realizar quando indicada. A importância desta tabela é que poderá servir como base para guiar se o serviço no qual estamos inseridos apresenta índices compatíveis assim como indicar uma cirurgia, saber previamente a expectativa de hemotransfusões e com isto indicar medidas que possam diminuir esta taxa.
Referências bibliográficas:
- Montroy J, Lavallée LT, Zarychanski R, Fergusson D, Houston B, Cagiannos I, Morash C, Tinmouth A, Hutton B, Mallick R, Flaman A, Breau RH. The Top 20 Surgical Procedures Associated with the Highest Risk for Blood Transfusion. Br J Surg. 2020 Dec;107(13):e642-e643. doi: 1002/bjs.12005.
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