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Cirurgia19 novembro 2024

Estratégias cirúrgicas em câncer colorretal obstrutivo avançado

O câncer colorretal ocupa a terceira posição entre os mais prevalentes no Brasil, excluindo os cânceres de pele não melanoma.
Por Jader Ricco

O câncer colorretal ocupa a terceira posição entre os mais prevalentes no Brasil, excluindo os cânceres de pele não melanoma. Nos Estados Unidos, cerca de 2 para 1. Nos Estados Unidos é a segunda maior causa de morte por câncer e cerca de 60% dos casos estão em forma avançada no momento do diagnóstico. 

Definir como conduzir o tratamento dos casos avançados, especialmente quando estão obstruindo o trato intestinal é complexo e envolve discussões sobre qual é a melhor terapia. Em ambiente de urgência, as duas abordagens mais utilizadas são a utilização de stents metálicos autoexpansíveis (SEMS) ou a cirurgia. 

 

Metodologia 

Recentemente uma meta-análise conduzida por Ma B et al. avaliou 21 estudos, publicados entre 2003-2022, abrangendo um total de 1754 pacientes, com o intuito de comparar o resultado do uso de stents e da cirurgia para o câncer colorretal 

Os critérios de inclusão incluíam pacientes com câncer colorretal avançado, sem proposta cirúrgica, que foram submetidos a colocação de stents ou cirurgia por quadro obstrutivo visando alívio dos sintomas. Foram analisados indicadores prognósticos como complicações pós-operatórias, taxa de sobrevivência, dentre outros. 

 

Discussão 

Os stents autoexpansíveis representam uma opção terapêutica para o alívio de sintomas obstrutivos para casos de câncer colorretal avançado ou como ponte para cirurgia definitiva, sagrando-se, neste contexto, uma opção menos invasiva que a cirurgia em tumores avançados, traz melhora do quadro obstrutivo, bem como fornece uma tolerância útil. Apesar disso, apresenta desvantagens como a possibilidade de nova obstrução, migração do stent, perfuração ou disseminação tumoral. Não é recomendado o seu uso quando a expectativa de vida do paciente é alta.  

A cirurgia, de fato, método mais convencional, poderá ser realizada por várias maneiras, sendo possível a ressecção tumoral por anastomose, a ressecção com ostomia (ileostomia ou colostomia) e o desvio de trânsito (by-pass) com ostomia, sem ressecção tumoral.  

A meta-análise conduzida por MA B et al. comparou uso de stents/SEMS (865 pacientes) e cirurgia (889 pacientes), que foi subdividida em duas categorias: ressecção do tumor e by-pass com criação de ostomia.  

O sucesso clínico foi maior para o grupo cirúrgico, com taxa de 98,8% contra 94,8% do grupo SEMS, com odds radio (OR) de 0,32 (IC 95% 0,15, 0,65), o que correspondeu a diferença estatística significativa. 

Veja também: Recomendações de terapia neoadjuvante para câncer de reto – Portal Afya

No que tange às complicações precoces, o grupo SEMS obteve as menores taxas (11,3% contra 28,1%). Contudo, ao se avaliar as complicações tardias, as taxas do grupo SMES foram maiores do que no grupo cirúrgico (24,0% contra. 13,9%). As diferenças foram significativas do ponto de vista estatístico no estudo.   

O grupo SEMS apresentou também taxas menores de ostomias (11,7% contra 53,0%, p < 0,001) e de internação hospitalar. Entretanto, foi o grupo cirúrgico quem apresentou maior taxa de sobrevida global (HR 1,24). Todas essas variáveis apresentaram diferenças estatísticas significativas.  

No que diz respeito às duas subdivisões das categorias cirúrgicas, a ressecção do tumor obteve melhores resultados, mas, por diversas razões, nem sempre é possível realizá-la, dada a condição do tumor e do paciente. Somente a confecção de ostomia, sem ressecção tumoral, tem a vantagem de ser uma cirurgia mais rápida, menos invasiva, e, portanto, permitindo uma recuperação mais rápida, mas pode também ser um elemento de negatividade para o paciente pelos problemas inerentes a ela. 

 

Indicando o melhor método na prática 

A seleção do tratamento mais apropriado para a obstrução por tumor em pacientes portadores de câncer avançado do reto leva em conta vários fatores, começando pela disponibilidade dos métodos. No contexto brasileiro do SUS, sabe-se que não são todos os hospitais dotados de stents e, portanto, que não disponibilizam a técnica SEMS. 

Entretanto, quando ambos os métodos se encontram disponíveis – SEMS x cirurgia – devem ser levados em conta diversos fatores, como expectativa de vida, características peculiares do tumor, performance status do paciente, entre outros.   

Finalmente, ainda é cedo para pressupor ou indicar qual dos tratamentos é mais eficaz nas situações de câncer de reto obstrutivo avançado, sendo que mais estudos são necessários para esse desfecho. 

 

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