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Cirurgia16 março 2025

Câncer de esôfago avançado em pacientes idosos: estratégias de tratamento

Artigo comparou a sobrevida global, sobrevida livre de doença e efeitos adversos de diferentes estratégias de tratamento para câncer de esôfago localmente avançado em idosos
Por Jader Ricco

O câncer de esôfago tem uma incidência representativa, sendo a 7º neoplasia maligna mais comum e a 6ª causa de morte por câncer em todo mundo. Os principais tipos são o carcinoma espinocelular (CEC) e adenocarcinoma. Um dado importante é o alto percentual de acometimento na população idosa. Estima-se que cerca de 30% dos diagnósticos de câncer de esôfago são em pacientes acima dos 70 anos. 

Trata-se de uma doença agressiva, cujo tratamento é complexo e permeado por riscos. Atualmente, o padrão-ouro para lesões potencialmente ressecáveis é a quimiorradioterapia neoadjuvante seguido por cirurgia, aos moldes do protocolo CROSS. Para tumores avançados sem proposta cirúrgica ou nos casos em que o paciente não aguentaria a cirurgia, o tratamento proposto é quimioterapia e radioterapia exclusiva. 

Tanto a cirurgia quanto a quimiorradioterapia possuem diversas comorbidades associadas e mortalidade considerável. O tratamento é desafiador na população idosa e vários fatores devem ser considerados para se alcançar a melhor decisão. 

Leia mais: Nivolumabe pode aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de esôfago

Metodologia 

Um artigo publicado na BMC Câncer comparou a sobrevida global, sobrevida livre de doença e efeitos adversos de diferentes estratégias de tratamento para câncer de esôfago localmente avançado em idosos, nesse estudo definidos com idade igual ou superior a 65 anos. Foi realizado uma revisão da literatura e meta-análise com 45 artigos selecionados, envolvendo 33.729 pacientes.  

Os grupos comparados foram quimiorradioterapia definitiva (dCRT) vs. radioterapia (RT) exclusiva, dCRT vs. cirurgia, sendo esse último grupo constituído por pacientes submetidos à quimiorradioterapia seguido por cirurgia (nCRT) ou só cirurgia. 

Resultado e Discussão 

Quando se comparou dCRT vs. RT, cuja maioria dos pacientes eram portadores de CEC, os resultados no grupo dCRT foram superiores tanto em maior sobrevida global (HR = 0,64, IC 95%: 0,58–0,70, I² = 59%) como em sobrevida livre de doença (HR = 0,67, IC 95%: 0,60–0,76, I² = 41%). Em contrapartida, a avaliação entre dCRT vs. cirurgia, dCRT apresentou piores resultados na sobrevida global (HR = 1,34, IC 95%: 1,23–1,45, I² = 76%) e na sobrevida livre de doença. 

Avaliando-se os efeitos colaterais, o grupo dCRT apresentou, no geral, taxas mais elevadas quando comparados ao grupo RT (OR = 2,55, IC 95%: 1,60–4,06, I² = 34%) com maiores riscos de leucopenia, trombocitopenia, náuseas e vômitos, pneumonia, esofagite e anemia. 

O estudo conduzido por YAO J et. al. identificou que, mesmo em pacientes mais velhos, alocados em grupos com idades entre ≥ 70, ≥75, ou ≥ 80 anos, os resultados do grupo submetido à cirurgia foram superiores ao dCRT que, por sua vez, foram melhores do que o grupo RT. 

Veja também: QT x QRT como neoadjuvantes no câncer de esôfago: qual a abordagem mais efetiva?

Para levar para casa 

A idade, puramente, não é um fator decisivo na escolha do melhor tratamento e também não é o principal fator a ser considerado. Em se tratando de câncer, fatores mais importantes como fragilidade, Performance Status (PS), capacidade funcional dentre outros devem ser considerados na decisão da conduta.  

Tratamentos consagrados, porém, mais agressivos, como nCRT seguido por cirurgia no câncer de esôfago, apresentam melhores resultados oncológicos mesmo na população idosa. 

Uma consideração a ser feita é que, atualmente, o tratamento entre CEC e adenocarcinoma de esôfago vem sendo modificado, com recomendações diferentes em cada um desses tipos histológicos, de forma que a generalização desses tipos em apenas um grupo não é mais cabível. Portanto, estudos que se propuserem a comparar estratégias de tratamento em câncer de esôfago devem fazê-lo de forma individualizada entre os dois tipos histológicos preponderantes. 

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Referências bibliográficas

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