O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo, com sobrevida de 15% em cinco anos. Embora muito tenha se avançado em relação ao tratamento, o diagnóstico precoce é a melhor estratégia para a cura.
Desde 2010, o rastreio de nódulo pulmonar foi estabelecido como uma das principais ferramentas para redução de mortalidade. Nesse cenário, cada vez mais é necessária a biópsia de nódulos pulmonares periféricos e pequenos. Surge, portanto, um grande desafio para a pneumologia: enxergar além dos olhos do broncoscopista.
Inovações para o diagnóstico
As inovações para diagnóstico de lesões periféricas na endoscopia respiratória começaram com a associação do ultrassom radial desde os anos 2000. Embora tenha melhorado o desempenho, o rendimento diagnóstico permaneceu ao redor de 70%, ainda sendo desafiador navegar pelos brônquios distais.
Além disso, o surgimento da análise molecular dos tumores fez aumentar a demanda pela quantidade de material. É nesse cenário que a incorporação de novas tecnologias, como a broncoscopia robótica, a criobiópsia, a eletronavegação e a tomografia de feixe cônico, permitiu que o broncoscopista fosse além de seus olhos para realizar o diagnóstico de forma minimamente invasiva, segura e acurada.
Broncoscopia robótica e demais tecnologias
A broncoscopia robótica é considerada um dos principais avanços na área da endoscopia respiratória. O broncoscopista consegue navegar pelas vias aéreas controlando o broncoscópio por meio de um console conectado ao robô. A tecnologia permite precisão na estabilização do cateter associado à grande mobilidade da ponta do broncoscópio.
Nesse cenário, a associação com sistemas de navegação, como por exemplo a tomografia computadorizada de feixe cônico, permite a localização de lesões periféricas com grande acurácia. Além disso, outro avanço foi a associação do cateter de criobiópsia.
A utilização da biópsia à frio permite adquirir uma maior quantidade de tecido, sendo fundamental para o diagnóstico tanto imuno-histológico quanto molecular das neoplasias pulmonares.
Indo além do diagnóstico, a broncoscopia robótica e a broncoscopia guiada por navegação eletromagnética permitiram avanços também no tratamento do câncer de pulmão. Tradicionalmente, do ponto de vista local, existem três métodos: ressecção cirúrgica, ablação percutânea e radioterapia. Atualmente, abre-se um cenário de maior precisão e segurança com a broncoscopia intervencionista permitindo a ablação de nódulos pulmonares com micro-ondas.
Essas novas tecnologias oferecem maior esperança para pacientes graves com neoplasia avançada, os quais frequentemente não teriam condições clínicas de serem submetidos a procedimentos mais invasivos.
Conclusão
A busca por métodos menos invasivos, mais seguros e acurados colocam a endoscopia respiratória no centro das atenções da pneumologia.
Indubitavelmente, esses avanços permitem ao broncoscopista uma maior capacidade tanto diagnóstica quanto de tratamento, sendo inegavelmente estimulante para o futuro da especialidade. Contudo, a tecnologia robótica ainda está restrita a centros de referência.
No Brasil, por exemplo, ainda não está disponível. Ao menos, a ecoendoscopia respiratória começa a se tornar cada vez mais frequente, tanto na forma linear quanto radial. A sua associação com a criobiópsia aceleram os avanços na área, permitindo que o broncoscopista brasileiro tenha maior protagonismo nas patologias pulmonares e de vias aéreas.
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