O desenvolvimento tecnológico contínuo dos métodos cirúrgicos minimamente invasivos é um fato. A cirurgia robótica está incluída nesse processo e têm como uma de suas vitrines as cirurgias urológicas, pela variedade de procedimentos e particularidades anatômicas que justificam o seu uso.
Nesse contexto de constante evolução e aprimoramentos e, principalmente, após a quebra da patente da Intuitive (representante do Da Vinci) em 2019, novas plataformas estão sendo experimentadas em diversos hospitais pelo mundo.
Essa concorrência vem gerando redução dos custos dos materiais, assim como novas opções de consoles, imagem, ergonomia, mobilidade dos braços robóticos, acessos por múltiplos portais ou portal único, entre outros.
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Análise do estudo
O estudo avaliado neste texto tenta comparar as diversas plataformas quanto aos parâmetros de segurança, tempo operatório, perda sanguínea, complicações cirúrgicas, tempo de internação, resultados oncológicos durante as curvas de aprendizado nos diferentes métodos multiportais (total de 06 empresas) e no portal único (Intuitive Da Vinci) em cirurgias urológicas como: prostatectomia radical, nefrectomia parcial, pieloplastia, entre outras.
A plataforma japonesa (Hinotori) apresenta console semelhante ao Da Vinci, porém com maior mobilidade dos braços robóticos. A da Medtronic (Hugo-Ras) é a mais utilizada após o Da Vinci e apresenta quatro braços livres e console aberto que facilita comunicação com a equipe.
A chinesa (Kang Duo) apresenta console aberto, com 3 braços articulados e óculos 3D que melhoram a ergonomia do cirurgião. A coreana (Revo-I) é bem semelhante ao Da Vinci.
A Senhance (TransEnterix Inc) tem console aberto, além de controladores de mão semelhantes aos instrumentos laparoscópicos e com movimento da câmera de rastreamento ocular e o movimento de zoom controlado pela cabeça.
A plataforma Versius é um sistema modular com quatro braços separados, possuindo console do cirurgião aberto com uma tela 3D. Além disso, as pontas dos instrumentos têm sete graus de liberdade somado a um novo recurso: a transferência de todos os controles para os joysticks portáteis 0 que dispensa a necessidade de controle do pedal.
O sistema de portal único do Da Vinci (Da Vinci SP), por sua vez, apresenta trocarte único com câmera flexível e três instrumentos biarticulados por este portal.
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Resultados
Os resultados revelam-se promissores, mesmo com resultados variados entre os diferentes tipos de plataformas. Algumas dificuldades em coletas de dados entre os diferentes estudos dificultou uma compilação e comparação mais precisa nos parâmetros avaliados entre as plataformas.
Cabe ressaltar que a crescente adoção de novos sistemas robóticos é motivada por inúmeros fatores, dentre os quais se destacam o desejo de aumentar a precisão cirúrgica, reduzir a invasividade e melhorar os resultados dos pacientes.
O artigo observou que embora os sistemas mais estabelecidos, como Da Vinci SP, sejam amplamente usados, as plataformas emergentes podem oferecer resultados comparáveis, ou talvez superiores, em certas situações, reforçando a necessidade de criação de protocolos que permitam melhor comparação dos métodos para realização de novos estudos mais robustos e conclusivos.
Conclusão
A variabilidade nos resultados perioperatórios e oncológicos em diferentes plataformas mostra uma necessidade de pesquisa contínua, melhor padronização da técnica e refinamento do sistema, tornando possível o alcance de novos padrões em cirurgia urológica minimamente invasiva com amplo benefício aos pacientes e aos cirurgiões.
E, para finalizar, é importante frisar que o avanço observado até agora foi notável e a evolução da cirurgia robótica minimamente invasiva é um processo de desenvolvimento progressivo e contínuo com potencial ainda a ser explorado e definido.
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