A residência em nefrologia é o principal caminho para médicos que desejam se especializar no diagnóstico e tratamento clínico das doenças renais. Com uma estrutura voltada para o aprofundamento em temas como doença renal crônica (DRC), distúrbios eletrolíticos e terapias dialíticas, essa residência oferece uma formação sólida e cada vez mais valorizada, devido ao envelhecimento da população e do aumento da prevalência de doenças renais no Brasil.
Pensando nisso, a Afya preparou um guia completo para você entender como funciona a residência médica em nefrologia, quais são os conteúdos abordados, os cenários de atuação e o perfil ideal para quem deseja seguir nessa especialidade. Confira!
Residência médica e sua importância na formação médica
Definição e aspectos legais
A nefrologia é uma especialidade clínica com acesso indireto, ou seja, o ingresso no programa depende da conclusão prévia de residência ou estágio em clínica médica (dois anos). Após isso, o médico realiza mais dois anos de treinamento específico em nefrologia, totalizando quatro anos de formação.
Além da prática diária com pacientes, a residência inclui aulas teóricas, discussões de caso, seminários e participação em reuniões multidisciplinares.
Com papel crucial na formação, acreditação e atualização dos especialistas em nefrologia, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) fornece informações sobre a especialidade, incluindo o tempo de formação de um nefrologista.
Diferença entre residência médica e especialização
Diferente dos cursos de especialização, a residência oferece remuneração, carga horária fixa e é vinculada a instituições credenciadas, com critérios rigorosos de supervisão e avaliação.
Por que fazer residência médica?
A residência oferece uma formação sólida, aprofundada e prática, fundamental para que o médico atue com segurança e competência. Além disso, muitos concursos, instituições e centros hospitalares exigem residência médica como pré-requisito de atuação.
Saiba mais: O que é Residência Médica: guia completo para médicos em 2025
O que o nefrologista faz?
Vamos começar pelo básico: o que faz um nefrologista? Bom, o nefrologista é o médico especializado no diagnóstico e tratamento clínico das doenças dos rins e do sistema urinário.
Ele acompanha pacientes com glomerulopatias, distúrbios hidroeletrolíticos, insuficiência renal aguda, hipertensão arterial e DRC. Também atua no pré e pós-operatório de transplantes renais e é peça-chave no cuidado de pacientes em diálise.
Diferença entre nefrologia e urologia
É comum confundir essas especialidades. Embora tratem do sistema urinário, há uma diferença fundamental:
- A nefrologia é uma especialidade clínica, voltada para o tratamento conservador das doenças renais;
- A urologia é uma especialidade cirúrgica, que trata de cálculos, tumores, alterações anatômicas e outras doenças que demandam intervenção cirúrgica.
Como funciona a residência médica no Brasil
Duração e carga horária
No Brasil, o tempo para formar um nefrologista é de dez anos de estudo, sendo seis anos do curso de medicina, dois anos de residência ou estágio em clínica médica e mais dois anos de residência ou estágio em nefrologia. A carga horária mínima semanal é de 60 horas, incluindo plantões, atividades ambulatoriais e teóricas.
Remuneração e direitos do médico residente
O residente recebe uma bolsa mensal estipulada pelo governo federal e tem direitos trabalhistas básicos assegurados, como férias, folga semanal, licença maternidade/paternidade e acesso a estrutura de ensino e supervisão.
Os estudantes de medicina e os residentes também devem estar se perguntando sobre o salário pós-residência. De acordo com pesquisa do Portal Salario, um médico nefrologista ganha em média R$ 8.994,42 para uma jornada de trabalho de 23 horas semanais. O levantamento reúne informações de 204 profissionais admitidos e desligados em regime CLT nos últimos 12 meses divulgados pelo Novo CAGED.
Em 2025, a remuneração para médico nefrologista pode variar entre o piso salarial mínimo de R$ 8.748,77 e o teto salarial de R$ 15.268,62, dependendo do segmento da empresa, localidade, formação, experiência na função e política de cargos e salários da empresa.
Supervisão e atividades práticas
Durante a residência em nefrologia, o médico passa por rodízios em diferentes setores, como ambulatório de doenças renais, unidades de hemodiálise, terapia intensiva e centros de transplante renal. A supervisão é feita por especialistas da área, garantindo aprendizado contínuo e avaliação prática.
Avaliação e certificação
Ao final do programa, o médico é avaliado por desempenho prático, frequência e provas teóricas. A aprovação garante o título de especialista em nefrologia, desde que também se obtenha a certificação da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
Leia mais: Prova prática para residência médica: o que é e como funciona
Tipos de residência médica
Especialidades básicas e acesso direto
Algumas especialidades, como pediatria, clínica médica e cirurgia geral, têm acesso direto, ou seja, o médico pode ingressar logo após se formar. Elas são, muitas vezes, pré-requisito para outras áreas.
Especialidades com pré-requisito
A nefrologia é uma especialidade clínica de acesso indireto, com pré-requisito obrigatório em clínica médica. Isso permite que o residente já tenha uma base sólida antes de lidar com os desafios das doenças renais.
Áreas de atuação
Após a residência, o nefrologista pode atuar em:
- Clínicas de hemodiálise
- Ambulatórios de doenças renais crônicas
- Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)
- Hospitais gerais
- Centros de transplante renal
- Ensino e pesquisa
Como ingressar na residência médica
Processo seletivo e principais etapas
O processo seletivo para ingresso na residência médica geralmente ocorre uma vez por ano e inclui prova escrita, análise curricular e, em alguns casos, entrevista.
As provas são elaboradas para testar conhecimentos gerais de Medicina, constituindo-se, geralmente, por uma prova teórica de primeira fase com questões de múltipla-escolha e/ou dissertativas sobre cinco grandes áreas (clínica médica, cirurgia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, e medicina preventiva), e por uma segunda fase constituída de análise curricular e, em algumas instituições, uma prova prática baseada em simulações de situações clínicas.
COREME e instituições credenciadas
A COREME (Comissão de Residência Médica) de cada instituição é responsável por organizar, supervisionar e divulgar os programas. A SBN mantém uma lista atualizada dos programas reconhecidos em nefrologia.
Documentação necessária
O candidato deve apresentar diploma de graduação, CRM, comprovante de conclusão da residência prévia (clínica médica), currículo e documentos pessoais.
Calendário do processo seletivo
Os processos seletivos geralmente ocorrem entre setembro e dezembro, com início das atividades no ano seguinte. É importante acompanhar os editais das instituições desejadas.
Dicas para escolher sua residência médica
Fatores a considerar na escolha da especialidade
A afinidade com a prática clínica, o desejo de acompanhar pacientes ao longo do tempo e o interesse em doenças renais são aspectos fundamentais para quem considera a nefrologia. O perfil do nefrologista exige raciocínio clínico apurado, habilidade de atuação em equipe multidisciplinar, atualização constante, especialmente em terapias dialíticas e avanços no transplante renal.
Muitos pacientes são crônicos, o que exige cuidado humanizado, escuta ativa e construção de vínculos duradouros. Além disso, a rotina do nefrologista é frequentemente multidisciplinar, envolvendo trabalho conjunto com nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.
O Portal Gov.br disponibiliza a matriz de competências para a residência médica em nefrologia.
Como avaliar os programas de residência
Verifique a carga horária prática, os rodízios oferecidos (hemodiálise, transplante, UTI), a qualidade dos preceptores e a reputação da instituição. A SBN também pode fornecer referências e informações úteis sobre os programas.
Perspectivas de mercado por especialidade
A residência em nefrologia é uma escolha de carreira que exige preparo, dedicação e vocação para o cuidado contínuo. A formação, que proporciona conhecimento técnico aprofundado, abre portas para atuação em diversos contextos clínicos e hospitalares quanto no setor público quanto no privado.
Com o envelhecimento da população e a alta prevalência de doenças renais no país, a especialidade ganha destaque, e o papel do nefrologista torna-se cada vez mais relevante para a saúde da população.
A Afya está sempre atenta às novidades do universo da residência médica, trazendo conteúdos atualizados e dicas valiosas para ajudar você nessa jornada. Para não perder nenhuma atualização sobre editais, provas e oportunidades, acompanhe a seção Carreira do nosso site e fique por dentro de tudo!
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