Para estudantes de medicina e recém-formados que buscam uma carreira dinâmica e com demanda crescente, a residência em medicina do esporte surge como uma excelente opção. Essa especialidade médica, reconhecida oficialmente, capacita profissionais para atuar na promoção da saúde, reabilitação, desempenho físico, prevenção e tratamento de lesões em atletas e indivíduos fisicamente ativos. Com o crescimento do esporte de alto rendimento no Brasil e a popularização da atividade física, a medicina esportiva tem ganhado cada vez mais destaque.
Segundo pesquisa apresentada no 3º Summit Abracedo CBAt, realizado em abril de 2025, o número de provas de corridas de rua teve um aumento de 29% só de 2023 para 2024. Além disso, o Brasil já conta com mais de 14 milhões de corredores. De acordo com o Relatório Anual sobre Tendências de Esportes do Strava, os clubes de corrida cresceram 109% no Brasil no ano passado, representando quase o dobro da média mundial, que foi de 59%.
Entretanto, segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2025, existem apenas 1.087 especialistas atuando no setor, uma porcentagem de apenas 0,2% considerando o número de médicos existentes em nosso País e uma proporção de 0,51 por cem mil habitantes. A quantidade de profissionais especializados aumentou nos últimos anos, o que demonstra a crescente valorização da saúde preventiva e do estilo de vida ativo. A Demografia Médica no Brasil 2018 revelou que havia apenas 869 médicos do esporte.
Mas, afinal, como funciona a residência em medicina esportiva, o que você vai aprender e quais são as possibilidades de atuação? Continue lendo e descubra isso e muito mais!
O que é residência médica e sua importância na formação médica
Definição e aspectos legais
Trata-se de uma especialidade reconhecida oficialmente, com programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). A SBMEE atua como um órgão de referência, ditando diretrizes e fomentando a qualidade da formação.
Diferença entre residência médica e especialização
Enquanto a residência possui um caráter prático e intenso com dedicação exclusiva, a especialização em medicina do esporte é mais flexível, porém sem os mesmos direitos e obrigações previstos para o residente. A residência médica garante vivência prática em diversas áreas interdisciplinares com supervisão contínua.
Saiba mais: O que é Residência Médica: guia completo para médicos em 2025
Por que fazer residência médica?
Fazer uma residência é essencial para aprofundar conhecimentos, desenvolver habilidades práticas e ganhar experiência sob supervisão. Para quem almeja ser médico do esporte, o programa oferece a oportunidade de aprender sobre fisiologia do exercício, cardiologia do esporte, nutrição, avaliação de desempenho e reabilitação esportiva, além de permitir o contato direto com pacientes e atletas em diferentes contextos.
Durante a residência em medicina esportiva, o especialista também irá aprender a interpretar exames como o VO2 máximo, essencial para avaliar a capacidade aeróbica de um indivíduo.
Como funciona a residência médica no Brasil
Duração e carga horária
A residência medicina do esporte tem duração de dois anos para quem acessa diretamente após a graduação. No entanto, é importante saber que o acesso também pode ser feito após dois anos de residência em clínica médica, o que totaliza quatro anos de formação para a especialidade. A carga horária é intensa, geralmente de 60 horas semanais, e inclui atividades teóricas e práticas, além de plantões.
Remuneração e direitos do médico residente
Um residente da especialidade medicina esportiva recebe uma remuneração chamada de bolsa-auxílio, pela sua atuação profissional durante o treinamento prático. O valor da bolsa muda de acordo com a instituição, variando de R$2.938,00 a R$4.058,00 por mês. Além disso, tem direito a benefícios como férias, licença-maternidade/paternidade e folgas remuneradas. A residência é uma fase de formação intensa, mas com respaldo institucional.
Supervisão e atividades práticas
O residente será supervisionado por preceptores experientes, que são médicos especialistas na área. A rotina inclui rodízios em diversas subespecialidades, como ortopedia, reabilitação e cardiologia. Essa variedade de experiências é crucial para formar um profissional completo e preparado para lidar com a complexidade da profissão.
Avaliação e certificação
No período da formação, o residente da especialidade medicina esportiva é avaliado continuamente em aspectos práticos e teóricos. Ao finalizar o programa e após ser aprovado em todas as etapas, recebe o certificado de conclusão válido em todo o território nacional, podendo obter o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Leia mais: Prova prática para residência médica: o que é e como funciona
Tipos de residência médica
Especialidades básicas e acesso direto
A residência em medicina do esporte pode ter acesso direto ou ser realizada após dois anos em clínica médica, a depender do programa e da instituição.
Especialidades com pré-requisito
Programas com foco em pacientes com comorbidades ou esportes de alto rendimento exigem conhecimento clínico prévio, o que permite ao residente chegar com base sólida em diagnóstico, raciocínio clínico e condutas gerais.
Áreas de atuação
O médico do exercício pode acompanhar atletas, mas também é cada vez mais procurado por pessoas que buscam iniciar ou manter uma vida ativa com segurança.
Portanto, pode atuar em diversos locais, como:
- Clubes;
- Academias;
- Consultórios;
- Centros de reabilitação;
- Sistema Único de Saúde (SUS);
- Medicina ocupacional;
- Equipes olímpicas;
- Comitês esportivos.
Seja no acompanhamento de atletas de elite, na promoção da saúde em academias ou na reabilitação de pacientes com lesões musculoesqueléticas, o médico do esporte onde atua tem um papel fundamental na otimização do desempenho e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Diferença entre a atuação com atletas e com o público geral
A atuação do médico do esporte varia conforme o perfil do paciente. Com atletas, o foco está na otimização do desempenho, prevenção de lesões específicas da modalidade e retorno rápido às competições, com avaliações e prescrições altamente individualizadas. O acompanhamento costuma envolver uma equipe multidisciplinar e o uso de exames avançados para monitorar a performance.
Já com o público geral, o objetivo principal é promover saúde e qualidade de vida por meio da prática segura de atividades físicas. O médico avalia riscos clínicos, prescreve exercícios adaptados às condições de saúde e pode atuar no controle de doenças crônicas. A abordagem é mais voltada à prevenção, bem-estar e adesão ao estilo de vida ativo, respeitando os limites individuais.
A interdisciplinaridade é uma marca da carreira, exigindo integração com fisioterapeutas, ortopedistas, nutricionistas e educadores físicos.
Como ingressar na residência médica
Processo seletivo e principais etapas
Para ingressar na residência, o candidato deve participar de processo seletivo com prova teórica (com questões de múltipla escolha e/ou discursivas), análise de currículo e, em alguns casos, entrevista. Algumas instituições podem incluir também uma prova prática.
COREME e instituições credenciadas
A escolha do programa deve considerar se ele é credenciado pela CNRM. As Comissões de Residência Médica (COREME) coordenam os processos dentro das instituições de ensino e hospitais. É fundamental pesquisar e escolher instituições que ofereçam uma formação sólida e completa.
Confira algumas indicações da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte:
- Escola de Saúde Pública do Ceará
- Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE)
- Instituto Nacional de Cardiologia (INC)
- Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
- Universidade de São Paulo (USP)
Documentação necessária
A documentação inclui diploma de medicina, histórico escolar, comprovante de inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) e outros documentos pessoais. É importante consultar o edital específico de cada instituição para verificar a lista completa.
Calendário do processo seletivo
Os editais para os processos seletivos costumam ser divulgados entre o segundo semestre do ano e o início do ano seguinte, com provas ocorrendo, geralmente, entre o final do ano e o início do ano subsequente. Portanto, fique atento aos prazos caso queira se inscrever na residência em medicina do esporte.
Dicas para escolher sua residência médica
Fatores a considerar na escolha da especialidade
É essencial que o estudante tenha afinidade com fisiologia, reabilitação esportiva e medicina preventiva. A área exige espírito investigativo, trabalho interdisciplinar e raciocínio clínico apurado.
Como avaliar os programas de residência
Pesquise sobre os programas em diferentes instituições. Converse com residentes e preceptores e visite os hospitais e clínicas onde ocorrem os rodízios (ortopedia, reabilitação, cardiologia). É importante também avaliar a grade curricular, a infraestrutura e a reputação do programa.
Perspectivas de mercado por especialidade
A Medicina Esportiva surgiu como uma especialidade médica no final do século XIX, quando o interesse por esportes e atividades físicas começou a aumentar. O médico alemão Dr. Robert Koch é considerado um dos pioneiros na área por seus estudos sobre a fisiologia do exercício e seus efeitos sobre o corpo humano.
Hoje, a carreira médica esportiva tem crescido com a popularização da atividade física e a maior consciência sobre saúde. A residência na área é uma excelente escolha para quem está interessado em unir ciência, movimento e qualidade de vida. Com atuação versátil, a medicina do esporte se diferencia por seu impacto direto na promoção da saúde da população.
Para ler mais novidades e notícias sobre medicina esportiva, basta acompanhar neste link a série de novidades e reportagens que a Afya preparou sobre o tema.
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