Relação humanizada com o paciente: um diferencial do profissional
Muitos jovens entram na faculdade de medicina com o objetivo de desenvolver uma carreira na qual possam ajudar outras pessoas. Contudo, Caprara A e Franco ALS, em seu artigo “A relação paciente-médico: para uma humanização da prática médica”, acreditam que os cuidados de saúde não têm sido pautados por relações humanizadas. Segundo as autoras, o foco tem sido muito maior nos aspectos técnicos e biológicos e menos na relação com os pacientes e nas suas especificidades.
Algumas consequências possíveis dessa situação são um aumento de denúncias contra médicos, maiores gastos com saúde e adesão questionável ao tratamento. Um relacionamento ruim pode ser também ansiogênico, sobretudo para certos grupos populacionais. Por isso, uma boa relação médico-paciente seria capaz de melhorar a qualidade da assistência em saúde.
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Quais orientações dar ao paciente depois de uma curetagem uterina pós-aborto?Quais aspectos poderiam marcar uma boa relação com os pacientes?
Segundo as autoras, confiança, comunicação eficiente, acesso à informação e humanização das relações são alguns dos aspectos destacados. E o que seria humanizar uma relação?
Humanizar seria uma forma de se sensibilizar com a situação do paciente, considerando não apenas a sua doença, mas sua situação global, o que inclui seu contexto social e mental. Isso demanda disponibilidade e abertura para ouvi-lo durante a consulta, mas também capacidade de transmitir a ele as informações de que necessita de forma adequada.
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Reflexões de casos reais
Neste artigo, são citados casos de médicos que, quando se viram como pacientes, passaram a apresentar uma reflexão sobre a importância de relações humanizadas. Alguns chegam a tecer comentários críticos acerca de seus colegas médicos e da forma como eram tratados, uma vez que se encontravam como pacientes.
De fato, remeter-se às experiências pessoais pode ser uma forma de se relacionar com os pacientes de maneira mais humana. Mas outras estratégias educativas podem ser igualmente empregadas para aperfeiçoar um olhar sensível frente aos doentes e suas demandas.
Os resultados envolvem uma maior satisfação com o atendimento, melhor adesão ao tratamento proposto e melhores resultados. As autoras ainda citam um outro estudo conduzido nos EUA (Kleinman et al, 1989), no qual metade dos pacientes pesquisados disseram referir sintomas que os médicos não consideraram para fazer seu diagnóstico.
A seguir, ainda se referindo a este estudo, descrevem que a maioria dos pacientes não se importa em enfrentar distâncias e tempo de espera para se consultar com seu médico de confiança. Isso seria uma evidência do quanto uma relação humanizada pode ser entendida como um diferencial pelos pacientes.
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