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Carreira12 agosto 2024

Prova de Residência Médica - Terapia Intensiva: SDRA

Prepara-se para a prova de residência com as dicas do especialista sobre SDRA. Veja os pontos de atenção, artigos indicados e muito mais
Por Julia Vargas

As provas de residência já estão próximas e é preciso saber quais são os assuntos mais relevantes dentro de cada especialidade.

No contexto da terapia intensiva, choque e drogas vasoativas, SDRA, sepse, morte encefálica e ventilação mecânica são os temas mais frequentes. Por isso, vamos dar algumas dicas sobre cada um deles na série “Hot Topics para a Prova de Residência Médica”.

Começaremos, então, com a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, a SDRA:

Conceito geral da SDRA

A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é o termo aplicado a um espectro de condições com diferentes etiologias que compartilham características clínico-patológicas comuns, incluindo: (1) aumento da permeabilidade da membrana alvéolo-capilar, resultando em edema inflamatório; (2) aumento do tecido pulmonar não aerado, resultando em maior elastância pulmonar (menor complacência); e (3) aumento da mistura venosa e espaço morto, o que resulta em hipoxemia e hipercapnia

Desde 1967, as definições de SDRA se concentraram principalmente na aparência radiológica da síndrome e na gravidade do defeito de oxigenação (por exemplo, relação PaO2/FiO2).

A última definição realizada, a definição de Berlim de 2012, foi recentemente atualizada após o congresso 2023 da American Thoracic Society (ATS). A tabela com os critérios encontra-se abaixo:

Critérios gerais de SDRA

Etiologia

Fator de risco

Edema pulmonar que não é primariamente atribuído a choque cardiogênico/sobrecarga volêmica
TempoInício agudo dentro de 1 semana após a agressão/fator de risco
Imagem de TóraxOpacidades bilaterais em radiografia de tórax ou TC

Linhas B bilaterais e/ou consolidações na US

Essas imagens não são totalmente explicadas por derrame pleural, atelectasias ou nódulos pulmonares

Critérios específicos de SDRA

SDRA leveSDRA moderadaSDRA grave
Hipoxemia

PaO2/FiO

200 ≤ PaO2/FiO≤ 300

 

Não intubados:

CNAF ≥ 30 L/min ou VNI/CPAP ≥ 5 cmH2O

100 ≤ PaO2/FiO≤ 200PaO2/FiO≤ 100
Hipoxemia

SpO2/FiO2

235 ≤ SpO2/FiO2 ≤ 315

 

Não intubados:

CNAF ≥ 30 L/min ou VNI/CPAP ≥ 5 cmH2O

 

148 ≤ SpO2/FiO2 ≤ 235

 

SpO2/FiO2 ≤ 148

 

Locais com recursos limitadosSpO2/FiO2 ≤ 315

(se SpO2 ≤ 97).

PEEP ou fluxo de oxigênio não necessários para o diagnóstico

 

 

Leia mais: Uso de dados de previsibilidade da IA na comunicação com o paciente

Pontos de atenção a serem estudados

  • Critérios diagnósticos de Berlim de 2012 e sua mais recente atualização, em 2023.
  • Estratégias ventilatórias na SDRA.

Ventilação mecânica protetora:

  • VC 4-6 mL/Kg (peso ideal);
  • Pressão de platô < 30 cmH2O;
  • Driving pressure<15 cmH2O;
  • FR  Ajustar conforme pH e pCO2
    • Iniciar com 25 irpm.
    • Hipercapnia permissiva (pH 7,15 a 7,2).
  • FiO2 para SatO2 > 90%;
  • PEEP
    • Conforte tabela PEEP-FiO2.
    • Titulação progressiva da PEEP.
    • Recrutamento Pulmonar não deve ser realizado de rotina.

Indicações de tratamento para cada nível de gravidade da SDRA:

  • SDRA leve: Ventilação mecânica protetora;
  • SDRA moderada/grave:
  • Considerar bloqueador neuromuscular se PaO2/FiO≤ 150.
  • Considerar prona nas primeiras 36h se PaO2/FiO2 < 150 mm Hg ou SpO2 < 90% (com FiO2 70% e PEEP 14 cm H2O) por 16h.
  • SDRA grave com PaO2/FiO≤ 80 ou PCO2 elevada com pH<7,15 refratário: Considerar ECMO-VV.

 

Principais artigos sobre o tema

 

  • Guideline ESICM para SDRA – 2023
  • ALVEOLI 2004 (PEEP alto x PEEP baixo)
  • ACURASYS 2010 (Bloqueio neuromuscular)
  • PROSEVA 2013 (Posição prona)
  • EOLIA 2018 (ECMO)
  • PHARLAP 2019 (Recrutamento alveolar)

 

SDRA no dia a dia do médico

A SDRA é responsável por 10% das admissões em Terapia Intensiva e por 23% dos pacientes em ventilação mecânica.

A SDRA grave tem uma mortalidade de 45%. Sendo assim, para qualquer médico que se proponha a trabalhar, mesmo que temporariamente, em uma UTI, o conhecimento desta patologia, dos seus critérios diagnósticos e do seu tratamento é essencial para melhorar o desfecho e diminuir as sequelas do tratamento.

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Referências bibliográficas

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