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Carreira14 novembro 2025

Médicos com DM1 e a estrutura das instituições para recebê-los

Entenda os desafios e soluções para médicos com DM1 para acesso, suporte e inclusão nas faculdades e hospitais
Por Redação Afya

A convivência com o diabetes tipo 1 (DM1) não impede o exercício pleno da medicina, mas traz desafios significativos para médicos em formação e profissionais em atividade. Questões como acessibilidade no ambiente acadêmico, suporte hospitalar e gestão de saúde são centrais para o debate sobre a inclusão e o desempenho desses profissionais.

Conversamos com João Marcelo Christo Soares, estudante de medicina no 6º período, que, apesar de ainda estar em formação, já vive experiências relevantes nos centros cirúrgicos e plantões como parte do processo de aprendizagem. Portador de DM1, ele compartilhou suas vivências e sugeriu caminhos para a melhoria de condições no ensino e no trabalho.

A falta de adaptações no ambiente acadêmico

“Não há nenhuma adaptação específica para diabetes tipo 1 nas faculdades”, relata João Marcelo. Ele explica que situações simples, como medir a glicose durante uma prova, podem gerar constrangimentos. “O medidor é um eletrônico, e já aconteceu de acharem que eu estava usando o celular”, acrescenta.

Outro ponto é a alimentação: “Com a carga horária extensa, muitas vezes preciso comer em sala de aula ou atrasar as refeições, o que não é o ideal para quem tem diabetes”.

Apesar das dificuldades, ele acredita que a presença de professores médicos ajuda no entendimento das necessidades dos alunos, mas ressalta que esse suporte não é universal. “No ensino médio, por exemplo, era necessário explicar aos professores e colegas como agir em caso de emergência”.

Barreiras no ambiente hospitalar

No ambiente hospitalar, os desafios ganham outras dimensões. Quadros de hipoglicemia podem ocorrer em plantões ou durante cirurgias, impactando diretamente na prática profissional.

“Já precisei parar tudo e sair para comer algo durante um plantão ou procedimento. Isso pode atrasar a equipe ou gerar desperdício de materiais estéreis”, conta João Marcelo.
A falta de recursos também é um problema.

Ele destaca a necessidade de maior atenção ao fornecimento de equipamentos de proteção individual: “Como a diabetes tipo 1 é um fator de risco para várias doenças, é essencial garantir EPIs de qualidade, sobretudo em emergências onde estamos expostos a pacientes com infecções”.

Conscientização e políticas de suporte

Embora o acolhimento por parte de colegas seja uma constante positiva, João Marcelo acredita que ainda há um longo caminho a percorrer em termos de conscientização institucional.

“Seria importante haver mais palestras para que toda a equipe, que vai muito além de enfermeiros e médicos, possa diferenciar os tipos de diabetes. Sinto que o tipo 2 é mais conhecido, pois sempre existe um familiar ou conhecido portador da doença, mas o tipo 1 ainda é cercado de desinformação”, afirma.

Entre as sugestões para melhorar a gestão da saúde de médicos com DM1, ele aponta a flexibilização nos horários de trabalho e um maior cuidado com a logística das refeições. “Em hospitais, frequentemente perdemos os horários das refeições devido à duração de cirurgias”, explica.

Além disso, destaca o papel fundamental da tecnologia no controle da doença. “Com o Sensor Libre, consigo monitorar minha glicose constantemente e manter uma alta performance sem comprometer minha saúde”.

Caminhos para a inclusão

Os relatos de João Marcelo revelam a necessidade de avanços em duas frentes principais: políticas acadêmicas e hospitalares. Faculdades de medicina poderiam incorporar adaptações que garantissem maior acessibilidade e bem-estar aos alunos com DM1. Já as instituições de saúde devem se preocupar com condições que assegurem a segurança e a eficiência de médicos com essa condição, como equipamentos de proteção e gestão de horários.

A inclusão de médicos com DM1 não é apenas uma questão de suporte, mas também de criar um ambiente que permita que esses profissionais desempenhem suas funções de forma plena e segura, contribuindo com todo o potencial para o cuidado com a saúde da população.

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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