A pressão por publicação, especialmente entre os iniciantes médicos-cientistas e aqueles dedicados à academia, gerou uma excelente oportunidade de ganhos financeiros por indivíduos e entidades mal intencionadas.
O que são, afinal, os Jornais predatórios?
Tratam-se de jornais ou revistas científicas, geralmente da área médica, que escolhem nomes semelhantes a periódicos de renome e que fomentam a publicação de artigos científicos mediante pagamentos, sem transparência sobre os métodos e muitas vezes lançando mão da busca ativa para a captura de novos clientes, como o envio de e-mails insistentes aos potenciais subscritores (se você não for um cientista de destaque, desconfie dobrado!).
Caracterizam-se pela grande fugacidade, surgindo e desaparecendo com a mesma facilidade, o que torna uma estatística mais apurada imprecisa, embora tenham sido estimados em mais de 15.000 no ano de 2021.
Uma vez liquidada a fatura, os artigos podem nunca ser publicados, ou uma vez divulgados, ter o potencial de manchar a carreira dos novos pesquisadores ou trazer dados errôneos e tendenciosos à literatura médica.
O que fazer para evitar o golpe?
A principal ferramenta recomendada para evitar cair nessa cilada é o bom senso. Deve-se realizar a checagem do periódico, dando preferência à submissão para jornais de boa reputação (muito dos quais realmente exigem o pagamento de uma taxa para a publicação).
Mais do que isso, uma mentoria confiável é sempre desejável, em proximidade a professores e preceptores idôneos, e por vezes sob a orientação de bibliotecários experientes.
Os médicos-cientistas devem sempre primar pela conduta ética, não cedendo à tentação da facilidade de publicação, seja para turbinar o seu currículo com o intuito de fomentar o ego ou com o objetivo de ganhar vantagens em concursos públicos e provas de residência médica.
Essa postura, obviamente, em nada combina com o “ser médico”, dessa forma é condenável aliciar-se à anticiência e ao estelionato científico que tem se aproveitado das vulnerabilidades da nossa categoria.
Conclusão e mensagens práticas
O ímpeto de ser cientificamente relevante deve ser sempre balanceado com a ética e desejo de contribuir de forma honesta para a literatura médica.
O olhar dos acadêmicos, jovens médicos-cientistas, professores universitários e instituições de ensino deve estar atento para a voracidade dos jornais predatórios, dando luz a sua existência e a sua natureza espúria.
O hardwork é a regra na medicina e na vida: sempre tenha um pé atrás em relação a facilidades demasiadas. Ainda que a publicação realmente se concretize, valendo-se de brechas nos trâmites de indexação, é nossa missão não usar desses subterfúgios, sob o risco de manchar de forma catalogada e ad aeternum a reputação, que é o bem mais valioso.
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