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Carreira11 julho 2024

Estou me formando em Medicina, mas não me sinto pronto. O que fazer?

O conhecimento médico é tão grande e variado, que acreditar na possibilidade de compreender tudo em sua complexidade, não passa de uma ilusão
Durante os seis anos da graduação, a quantidade de informações obtidas é enorme, um novo idioma anatômico é aprendido, técnicas de raciocínio clínico são estimuladas e outras diversas habilidades são descobertas e desenvolvidas.

Ao se aproximar do término da graduação, é inevitável a sensação de “frio na barriga”, presente na maioria dos estudantes. Isso é algo que ocorre por diversos motivos, porém sempre envolvendo a incerteza sobre a capacidade técnica desenvolvida, a sensação de que ainda falta muita coisa para aprender e o medo de errar durante a prática médica.

No presente texto iremos refletir sobre alguns desses pontos, como lidar com essas preocupações e métodos para resolver alguns dilemas.

Reconhecer que não sabemos tudo

O conhecimento médico é tão grande e variado, que acreditar na possibilidade de compreender tudo em sua complexidade, não passa de uma ilusão. Um ponto inicial é a percepção de nossos limites, equilibrando nossas expectativas com a realidade prática.
É mais fácil e benéfico entender que não sabemos tudo e que devemos ter essa preocupação ao praticar a medicina, estimulando o bom senso e a busca ativa do conhecimento em constante atualização. Isso não pode ser uma desculpa para a negligência do amadurecimento teórico e prático, e sim um impulso para o aprendizado contínuo.
No cotidiano dos atendimentos, sempre teremos meios de checagem de informações (principalmente nas doses de medicações), consultas em materiais e até mesmo a orientação daqueles mais experientes.


Papel da prática

Percepção comum dos médicos recém-formados é o quanto se amadurece e evolui profissionalmente quando inseridos ativamente na prática médica. Atuar com a responsabilidade e dinâmica da medicina faz um rápido desenvolvimento das habilidades acumuladas durante a faculdade, sendo posicionadas e lapidadas na realidade prática.

Essencial ter cautela e bom senso de acordo com suas limitações, evitando agir em cenários que possam expor os pacientes a riscos de imprudência ou imperícia. Se possível, o recém-formado deve atuar em serviços estruturados, com profissionais experientes que possam facilitar discussões de equipe.

Nessa caminhada os erros podem surgir em diferentes contextos, devendo ser evitados, mas também devem ser analisados como uma forma de aprendizado e amadurecimento, uma vez que marcam nossa trajetória e moldam nossa melhora profissional.


Estudo constante e atualizações

A rotina de estudos, que idealmente já deve estar presente mesmo na graduação, faz parte fundamental do momento de transição ao término da graduação. A nova rotina do recém-formado, seja em um serviço hospitalar ou mesmo na residência, vai exigir um ganho teórico constante e atualizado.

Esse contexto é melhor alcançado com uma rotina de estudos eficiente, pautada nos pacientes atendidos, com a abordagem sólida das patologias mais observadas no cotidiano. Isso facilita traçar um paralelo entre a teoria médica e a realidade da medicina à beira do leito, dando segurança para o atendimento e uma bagagem médica sólida.


Importância de seguir exemplos experientes

Na caminhada médica, diversos modelos profissionais surgem e deixam sua marca em nossa formação, seja como um exemplo de relação médico-paciente, uma sabedoria clínica de destaque ou mesmo com técnicas de estudo inovadoras. Na maioria das vezes são professores da graduação ou mesmo profissionais do corpo clínico de um estágio hospitalar.

Manter o vínculo com esses profissionais de destaque é algo fundamental no início da carreira médica, uma vez que podem dar dicas valiosas de problemas comuns nesse período, bem como indicando possíveis caminhos de solução e mostrar como lidar com as dificuldades futuras.

Além disso, eles também podem ser uma fonte de discussão de casos desafiadores atendidos ou mesmo de dúvidas de condutas, facilitando uma grande troca de experiências e a evolução na prática médica.


Mensagem final


O sentimento de insegurança de “não estar pronto” não deve ser deixado de lado, visto que pode ocasionar sintomas ansiosos e medos infundados, mas se tornar um ponto de reflexão e impulsionador de amadurecimento.

É essencial manter a atenção nos estudos aliada à prática médica à beira do leito, sempre pautada no bom senso e foco principal no paciente, sabendo que podemos contar com mestres e mestras mais experientes.

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