No dia 5 de fevereiro é comemorado o Dia do Dermatologista, data em que foi fundada a Sociedade Brasileira de Dermatologia no Brasil em 1912.
A Dermatologia é a especialidade médica responsável pelo maior órgão do corpo humano e sua atuação vai além do tratamento das doenças cutâneas propriamente ditas, mas também promove qualidade de vida e grande impacto na saúde mental dos pacientes.
Sabe-se que a saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”. Dada a alta prevalência de transtornos psicológicos em pacientes dermatológicos, os dermatologistas devem ter uma base sólida para avaliar o impacto dessas condições.
Pele e saúde mental
A interface pele e saúde mental segue fundamentos embriológicos, visto que o ectoderma embrionário dá origem ao sistema nervoso central e à epiderme do sistema tegumentar. Desse modo, as doenças cutâneas podem causar grande repercussão psicológica assim como as doenças psiquiátricas podem ter manifestações cutâneas.
A psicodermatologia é uma subespecialidade dermatológica que estuda as conexões entre esses dois sistemas e a implementação dessa abordagem tem demonstrado melhores resultados clínicos e qualidade de vida aos pacientes.
Doenças dermatológicas crônicas como acne, psoríase, hidradenite supurativa, dermatite atópica e vitiligo colocam os pacientes em alto risco de sintomas de depressão e ansiedade, o que pode impactar substancialmente a saúde mental. Problemas psicossociais como baixa autoestima, isolamento social e ideação suicida são descritos.
A limitação das atividades diárias devido à doença, estigmatização social e as agudizações que interferem em licenças médicas constantes são fatores responsáveis pelo impacto na saúde mental, além de fatores demográficos e sociais, como idade, cor da pele, educação e nível de apoio social. Além disso, esses estressores psicológicos também podem exacerbar as condições dermatológicas, alimentando um ciclo de agravamento e intensificação da doença.
Grau do impacto na qualidade de vida
Uma ferramenta amplamente estudada para avaliar o grau do impacto na qualidade de vida dos pacientes pelas doenças dermatológicas é o Dermatology Life Quality Index (DLQI). Consiste em um questionário validado com 10 perguntas que envolvem aspectos sociais, emocionais e funcionais dos pacientes. Cada resposta recebe uma pontuação de 0-3, totalizando um escore final de 0-30.
Quanto maior a pontuação, maior é o impacto negativo da doença. Diversos estudos demonstraram redução do DLQI após intervenções dermatológicas eficazes, como na psoríase, acne severa e dermatite atópica. Isso reitera o papel do dermatologista não apenas na estética ou na ausência de doenças, mas também em um conceito mais amplo de saúde bem-estar do paciente.
Responsabilidade do dermatologista
O dermatologista deve, então, ter a responsabilidade de avaliar o paciente de forma integral, inspecionar rotineiramente não só a pele, mas também a saúde mental e seus impactos, além de solicitar acompanhamentos multidisciplinares com psicologia e psiquiatria, quando necessários.
Enxergar o paciente como um todo é função de todo médico e tem papel transformador.
Parabéns a todos os dermatologistas pelo compromisso com o bem-estar dos pacientes! Que possamos continuar exercendo com responsabilidade essa especialidade tão essencial.
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