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Carreira28 outubro 2025

Como encontrar o lugar que potencializa seu desenvolvimento médico

Escolher o ambiente certo é tão importante quanto escolher sua subespecialidade. Saiba como dar esse próximo passo tão importante
Por Ester Ribeiro

Você, médico recém-formado, é brilhante, esforçado e tem um mundo de possibilidades pela frente. Mas já parou para pensar em como o lugar onde você vai trabalhar pode impulsionar — ou travar — todo o seu potencial?

Escolher o ambiente certo é tão importante quanto escolher sua subespecialidade. Por isso, quero compartilhar com você cinco pontos que sempre discuto com quem está começando.

 

Converse com o coração — e com a cabeça também!

Se você tiver opção de escolher uma vaga e ambas forem semelhantes em relação à qualidade do serviço, pense: o que faz seus olhos brilharem? Algumas questões pessoais podem mostrar que um serviço pode ser melhor para o seu perfil e decisões pessoais.

Eu prefiro ter autonomia para tomar decisões, sentir que seu olhar, mesmo inexperiente, faz diferença em cada caso, ou equilibrar plantões com tempo para a família e estudos? Se você valoriza a autonomia, pergunte: ‘Serei motivo de chacota caso pergunte em alguma individualização de um protocolo? Se eu propuser um trabalho de pesquisa na minha área de interesse, terei espaço pra isso?’ Esse lugar respeita suas motivações pessoais para que seja mais que um trabalho apenas, mas reflita a minha vocação?”

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Descubra a alma do time

Você já entrou num estágio e sentiu um frio na barriga — para o bem ou para o mal?

A cultura de um serviço é como personalidade de um amigo: se for muito rígida, pode engessar sua proatividade; se for excessivamente descontraída, talvez falte orientação.

Pergunte aos colegas: ‘Como é o dia a dia aqui?’ ‘Quando temos uma intercorrência; a equipe age em união ou tentando apenas ir embora o quanto antes?’ ‘Há uma hierarquia com as níveis de conhecimento muito distantes entre seus membros ou a equipe age como um todo para crescimento mútuo’ Esse tipo de conversa revela o clima e o tom do local — e se você vai encontrar espaço para crescer.

Se há cadeiras fixas e nenhum membro novo durante anos, mesmo com bons profissionais que passaram antes de você, há algo errado para um crescimento de carreira a longo prazo.

 

Peça um mentor de verdade – ou descubra o seu e siga-o

Mentoria não é só supervisão: é inspiração. Procure saber se há um médico experiente disposto a sentar com você regularmente, discutir casos e apontar caminhos. Pergunte sobre a sua vida pessoal e suas escolhas ao longo da vida. Descubra o que ele gosta de ensinar e aproveite; faça boas perguntas e escute com atenção às suas respostas. Um bom mentor vai economizar meses, até anos, do seu aprendizado e evitar que você repita tropeços que já viraram história de corredor.

Assim que passei na minha prova de título, logo que me formei, me lembro de explicar que uma das melhores decisões que fiz foi de acompanhar uma médica brilhante em todos os ambulatórios que podia – mesmo que eu não estivesse naquele estágio. Assim que podia, correia para “ajudar” a atender os pacientes dela. A forma de atender, de prescrever e a bondade em querer discutir cada caso e cada conduta me deram a base necessária para a minha prova de título posteriormente.

 

Seja o escultor do seu próprio trabalho

Você não é uma peça encaixada num setor de produção em massa. Mesmo em serviços mais engessados, sempre há margem para ‘modelar’ seu dia: pedir para alguém experiente discutir um artigo, estar próximo da enfermeira e perguntar quais as dificuldades ali.

Já pensou em, mesmo jovem, liderar um mini-projeto de qualidade, criar um protocolo de adesão ao paciente? Sempre há algo a mais que podemos fazer e que nos trará destaque. Mas todo preceptor já fica desanimado ao ver o estudanto com a apostila do curso pré-residência ou sem largar o celular com cara de “me deixe ir embora o quanto antes”; você apenas acha que está ganhando tempo, mas está perdendo a real chance de aprender de forma prática e muito fixa.

 

Proteja seu bem‑estar.

Seu sustento de amanhã depende de como você cuida de si hoje. Antes de assinar o contrato, verifique se a carga horária é compatível com vida fora do hospital. Há apoio psicológico ou grupos de acolhimento para a equipe?

Como é a política de folgas depois de plantões? Instituições que cuidam dos seus profissionais refletem isso no cuidado aos pacientes — e reduzem drasticamente o risco de burnout e outras doenças mentais.

 

Conclusão

Encare essas conversas como parte do seu plantão de carreira: anote respostas, compare lugares, faça tabelas de prós e contras se necessário. Converse com quem já vive o dia a dia. No fim, a escolha não será apenas um nome no seu currículo, mas o terreno onde você vai florescer como médico — e como pessoa.

Autoria

Foto de Ester Ribeiro

Ester Ribeiro

Graduada em Medicina pela PUC  de Campinas. Médica Nefrologista pelo Hospital Santa Marcelina de Itaquera. Título em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

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