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Carreira23 outubro 2025

Como atuar como anestesista na urgência e emergência?

A anestesiologia é uma especialidade médica essencial, mas muitas vezes pouco conhecida pela população acadêmica

A anestesiologia é uma especialidade médica muitas vezes pouco conhecida, principalmente pela população leiga, onde muitos desconhecem que o profissional anestesista seja médico e que tenha cursado todos os anos da faculdade de medicina e outros tantos para realizar a residência e especialização médica.

Até mesmo, dentro da comunidade acadêmica, muitos alunos iniciam a faculdade sem ter uma noção distinta do que é ser um anestesista e acabam apenas conhecendo o meio quando possuem algum profissional na família ou começam a acompanhar uma especialidade cirúrgica, uma vez que muitas faculdades não inserem na grade acadêmica a parte da anestesia com maiores detalhes, fazendo com que o estudante de medicina acabe passando apenas alguns meses em contato superficial com a especialidade.

Além disso, o profissional anestesista, na grande maioria do tempo, está confinado ao centro cirúrgico, com pouca visibilidade dentro de um hospital.

Close de médico aplicando anestésicos locais

Atuação em casos de rotina e emergência

Essa especialidade é possui atuação em casos de rotina ou de emergência? Depende do local e da escolha do profissional sobre a área dentro da anestesia que prefere atuar. Ou seja, a anestesia é uma especialidade usada para procedimentos eletivos, assim como para procedimentos de urgência e emergência.

O papel do anestesista em casos de urgência e emergência está diretamente relacionado a situações cirúrgicas, como, por exemplo, traumas com necessidade de tratamento cirúrgico, e aqui englobam praticamente todas as especialidades cirúrgicas, como cirurgia geral, ortopedia, neurocirurgia e cirurgia vascular.

Emergências e urgência não traumáticas também fazem parte do escopo anestésico, como nos casos de emergências obstétricas ou clínica cirúrgicas, como hernia encarcerada, apendicite, aneurisma roto, acidente vascular cerebral, entre outras tantas.

O profissional anestesista que opta por trabalhar com uma clínica de emergência precisa ter uma formação geral e bastante elaborada em todas as especialidades.

Skills necessárias

O trabalho do anestesista no âmbito das emergências precisa ser rápido e dinâmico, pois na maioria das vezes o paciente chega em estado crítico, com instabilidade hemodinâmica, devendo ser estabilizado rapidamente até mesmo antes da indução.

O profissional deve estar sempre em alerta, pois alguns pacientes adentram o centro cirúrgico de forma inesperada, em choque hemodinâmico e até mesmo em parada cardiovascular.

A prática da anestesia para cirurgias de emergência exige conhecimento tanto da fisiologia clínica, principalmente da parte hemodinâmica como pulmonar, assim como de técnicas anestésicas e drogas específicas que podem ser utilizadas, pois nesses casos existe uma grande restrição de atuação, não podendo o profissional trabalhar com livre escolha, o que difere de procedimentos eletivos, onde se tem tempo hábil de avaliar o paciente e escolher a técnica de preferência.

O profissional anestesista precisa ter experiência em trauma, que é adquirido durante a sua residência médica, e fundamentalmente precisa ser capaz de, ao mesmo tempo, identificar situação clínicas, estabilizar e anestesiar o paciente de forma que este possa ser submetido ao procedimento cirúrgico o mais rapidamente possível.

Cenário crítico

Deve-se sempre manter uma sala livre e totalmente equipada para a chegada imprevista de um paciente crítico em todo hospital com centro cirúrgico que trabalhe com serviço de emergência. A antecipação dos fatos é uma grande estratégia que visa minimizar complicações e facilitar o trabalho do anestesista. Carrinho anestésico testado e equipado, monitorização, material para via aérea difícil e drogas de emergência devem estar separadas e de fácil acesso.

O cenário da anestesia de emergência é bastante desafiador, uma vez que na grande maioria dos casos não é possível fazer uma visita pré-anestésica, pois muitos pacientes encontram-se inconscientes ou agitados, impedindo que se consiga uma mínima história patológica pregressa de suas comorbidades.

Além disso, a maioria dos pacientes encontra-se fora do período de jejum. A realidade anestésica em emergências é uma situação em que o profissional precisa agir às cegas e evitar ao máximo complicações que possam vir a piorar o quadro crítico dos pacientes.

Situações de urgência

Em contrapartida, situações de urgência, onde não há perigo iminente de morte, o cenário torna-se um pouco mais confortável, uma vez que nesses casos, existe tempo hábil para que se tenha um conhecimento das comorbidades prévias, tempo maior para poder estabilizar o paciente e escolher de forma mais tranquila a melhor técnica para o momento, além de poder esperar o tempo de jejum. Em determinados casos, o procedimento pode ser adiado em alguns dias até melhores condições clínicas serem alcançadas.

Além do ambiente cirúrgico, o anestesista também se faz útil na sala de trauma, podendo auxiliar em casos de intubação difícil ou acessos venosos complicados. Muitas vezes esses profissionais são chamados pela equipe de emergência, a fim de ajudar nesses procedimentos, já que é uma especialidade com muita prática diária nessas técnicas.

O papel do profissional anestesista em situações de emergência e urgência cirúrgicas é fundamental, pois além de estabilizar o paciente, permite que ele seja submetido ao procedimento cirúrgico, que muitas vezes é o único tratamento viável para salvar a sua vida.

Autoria

Foto de Gabriela Queiroz

Gabriela Queiroz

Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

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