Você sabia que o Brasil é o segundo País que mais realiza procedimentos estéticos no mundo? Pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética revela que o País fica atrás apenas dos Estados Unidos. Procedimentos estéticos ficaram próximos dos 35 milhões em 2023, sendo as mais comuns a lipoaspiração e a mamoplastia de aumento.
O Brasil também tem sua própria Sociedade: a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), fundada em 1948. A entidade é responsável pelas diretrizes que guiam a atuação dos profissionais da área e pela titulação dos cirurgiões plásticos. O órgão destaca a importância da formação contínua e da certificação para garantir a qualidade dos procedimentos e a segurança dos pacientes.
De acordo com uma estimativa da SBCP, mais de dois milhões de pessoas realizaram procedimentos cirúrgicos em 2023 no Brasil. Já em 2018, no último levantamento, a média foi de 1,5 milhão, que representa um aumento de mais de 33%. As mulheres estão na liderança, representando 70% das procuras. Embora o número seja menor, também houve o aumento da procura por esse tipo de procedimento entre os homens. Outro dado que chama a atenção: em cinco anos, a proporção de cirurgias plásticas realizadas anualmente no Brasil cresceu de 5% para 30%, passando de 72 mil para 276 mil procedimentos por ano. Entre as principais estão a ginecomastia, a lipoaspiração, a rinoplastia e a blefaroplastia.
Se você está em busca de uma carreira médica com alto potencial de remuneração e grande reconhecimento profissional, a cirurgia plástica pode ser uma excelente escolha. Mas, afinal, quanto ganha um cirurgião plástico no Brasil? Além de falarmos em salários, vem com a gente entender o caminho que leva até a especialidade, incluindo a residência médica em cirurgia plástica, as áreas de atuação, os fatores que influenciam a renda nessa carreira e como se tornar cirurgião plástico.
O que faz um cirurgião plástico na prática?
O cirurgião plástico é o médico especialista em procedimentos que têm como objetivo melhorar a aparência ou restaurar a forma e a função de diferentes partes do corpo. Contrariando o senso comum, a cirurgia plástica não se limita apenas a procedimentos estéticos. Ela se divide em duas grandes vertentes:
- Cirurgia Plástica Estética: focada na melhora da aparência, como rinoplastia, lipoaspiração, mamoplastia, lifting facial, entre outros.
- Cirurgia Plástica Reconstrutiva: essencial para restaurar a função e a forma de partes do corpo afetadas por traumas, doenças congênitas, queimaduras, ou após cirurgias oncológicas (como reconstrução de mama pós-mastectomia).
Inclusive, um cirurgião plástico pode atuar em diversas frentes, como:
- Hospitais: realizando cirurgias complexas, atendendo a casos de emergência e participando de equipes multidisciplinares.
- Consultórios e clínicas particulares: oferecendo uma gama de procedimentos estéticos e consultas pré e pós-operatórias.
- Áreas de atuação especializadas: como cirurgia de queimados, microcirurgia, cirurgia crânio-maxilo-facial, entre outras.
Quanto ganha um cirurgião plástico no Brasil?
Uma pergunta que muitos fazem é: cirurgia plástica quanto ganha? Diversos elementos impactam a renda de médicos especialistas em cirurgia plástica, incluindo:
- Experiência: um cirurgião recém-formado em busca do primeiro emprego terá uma renda inicial menor do que um profissional com anos de atuação e clientela consolidada.
- Localização: grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte geralmente oferecem maiores oportunidades e remunerações, dada a maior demanda e o maior poder aquisitivo da população. No entanto, cidades menores podem apresentar menos concorrência e uma demanda crescente.
- Tipo de atuação: a renda de médico especialista em cirurgia plástica pode vir de diferentes fontes:
- Clínica privada: A maior parte da renda de um cirurgião plástico experiente vem de procedimentos realizados em seu próprio consultório ou em clínicas privadas.
- Hospitais privados: Atuando como cirurgião em hospitais, realizando cirurgias eletivas ou de emergência.
- Setor público: atuação em hospitais universitários, no SUS ou em outros órgãos públicos, com remunerações geralmente fixas e menores que as do setor privado.
- Parcerias com planos de saúde: alguns cirurgiões plásticos atendem por convênios, o que pode garantir um fluxo de pacientes, mas com valores por procedimento geralmente menores.
- Reputação e reconhecimento: cirurgiões com grande reconhecimento na área, publicações científicas e participação em congressos costumam ter maior demanda e, consequentemente, maior faturamento.
- Número de procedimentos realizados: a quantidade de cirurgias e consultas realizadas impacta diretamente a renda.
Estatísticas de remuneração média por perfil e região
É desafiador fornecer um valor exato para o salário de um cirurgião plástico, pois os dados podem variar amplamente. No entanto, com base em pesquisas de mercado, dados de plataformas de emprego e informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, podemos apresentar algumas estimativas:
- Recém-Formado (0 a 2 anos de experiência): um cirurgião plástico no início de carreira pode ter uma renda que varia entre R$ 8.000 a R$ 20.000 mensais, dependendo do tipo de atuação (empregado em clínicas, atendendo convênios, etc.).
- Intermediário (3 a 8 anos de experiência): com alguns anos de experiência e uma clientela em formação, o salário pode girar entre R$ 20.000 a R$ 50.000 mensais. Nesse estágio, muitos já possuem seus próprios consultórios e realizam procedimentos de maior valor agregado.
- Sênior (mais de 8 anos de experiência): cirurgiões plásticos renomados, com grande experiência, consultório consolidado e alta demanda, podem atingir rendimentos mensais superiores a R$ 50.000, chegando a R$ 100.000 ou mais, dependendo do volume e tipo de procedimentos.
Comparativos salariais por região e faixa de experiência:
Faixa de Experiência | Sudeste | Sul | Nordeste | Norte/Centro-Oeste |
0 a 2 anos | R$ 10.000 – R$ 25.000 | R$ 8.000 – R$ 20.000 | R$ 7.000 – R$ 18.000 | R$ 6.000 – R$ 15.000 |
3 a 8 anos | R$ 25.000 – R$ 60.000 | R$ 20.000 – R$ 50.000 | R$ 18.000 – R$ 45.000 | R$ 15.000 – R$ 40.000 |
Mais de 8 anos | R$ 60.000 – R$ 120.000+ | R$ 50.000 – R$ 100.000+ | R$ 45.000 – R$ 90.000+ | R$ 40.000 – R$ 80.000+ |
Os valores são estimativas e podem variar. Muitos cirurgiões plásticos também complementam a renda com palestras, consultorias e docência.
O que é Residência Médica e sua importância na formação médica
Definição e aspectos legais
É um programa de pós-graduação focado na formação de especialistas em cirurgia plástica, com foco em habilidades cirúrgicas, conhecimentos teóricos e desenvolvimento de competências para atuar na área.
Entre as especialidades médicas, a cirurgia plástica é uma das que que exigem mais tempo de formação – cerca de 11 anos. Na especialização em cirurgia plástica, por exigência da lei, é preciso que 85% do programa seja voltado a cirurgias reparadoras e 15% voltado à estética.
Diferença entre Residência Médica e especialização
Enquanto a residência oferece vínculo empregatício, bolsa federal e reconhecimento nacional, a especialização não segue as mesmas regras rígidas de avaliação e certificação.
Por que fazer Residência Médica?
Durante a residência, você receberá ensino e supervisão profissional de cirurgiões experientes, desenvolvendo habilidades cirúrgicas avançadas e proficiência em diversas técnicas. A especialidade é caracterizada pela diversidade de procedimentos, que vão desde intervenções estéticas populares, como rinoplastia e lipoaspiração, até reconstruções complexas após traumas ou doenças, o que garante uma carreira dinâmica.
Leia também: Carreira em cirurgia plástica: o que você precisa saber
Como funciona a Residência Médica no Brasil
Duração e carga horária
A formação em cirurgia plástica no Brasil engloba a residência de cirurgia geral (2 anos, pré-requisito) e a residência de cirurgia plástica (3 anos), além da realização da prova de título pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) ao final da formação. A carga semanal é de, no mínimo, 60 horas.
Embora existam particularidades em cada instituição, a organização da formação segue os seguintes princípios: no primeiro ano o foco é o aprendizado de conceitos básicos do pré e pós-operatório, assim como técnicas cirúrgicas e procedimentos elementares como exérese de tumores cutâneos, retalhos e enxertos de pele. Os dois anos seguintes são destinados ao aprendizado de técnicas mais refinadas, empregadas em cirurgias de médio e grande porte. Geralmente, procedimentos mais complexos, como rinoplastias e ritidoplastias, são destinados ao residente do último ano.
Remuneração e direitos do médico residente
A bolsa mensal base é definida pelo Governo Federal, atualmente (2025) no valor de R$ 4.106,09, podendo variar conforme gratificações estaduais, plantões extras e benefícios de instituições hospitalares. Além da bolsa, o residente tem direitos como férias, licença-saúde e licença-maternidade/paternidade.
Supervisão e atividades práticas
O residente passa por módulos de cirurgia estética, reconstrutiva, queimados, microcirurgia e trauma, sempre com supervisão de preceptores credenciados pela Comissão Nacional de Médicos Residentes (CNRM).
Avaliação e certificação
A avaliação durante a residência é contínua e inclui avaliações de desempenho prático, provas teóricas e avaliação de habilidades. Ao concluir com sucesso todos os anos do programa, o médico recebe o Título de Especialista em Cirurgia Plástica, reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Tipos de Residência Médica
Especialidades básicas e acesso direto
Cirurgia plástica não é de acesso direto. É necessário concluir antes a residência em cirurgia geral.
Especialidades com pré-requisito
Como mencionado, a cirurgia plástica é uma das especialidades com pré-requisito. Isso significa que para ingressar na residência em cirurgia plástica, o médico precisa ter concluído a residência em cirurgia geral.
Áreas de atuação
Durante a residência, o médico passa por experiências práticas em:
- Cirurgia estética;
- Cirurgia reconstrutiva;
- Atendimento a queimados;
- Microcirurgia;
- Oncoplástica; e
- Trauma facial.
Como ingressar na Residência Médica
Processo seletivo e principais etapas
O ingresso é por processo seletivo público e nacional, geralmente com prova teórica, prática e análise curricular.
Confira os editais abertos no portal da SBCP.
- COREME e instituições credenciadas
A Comissão de Residência Médica (COREME) é a instância responsável por coordenar e supervisionar os programas de residência dentro das instituições credenciadas.
Atenção, pois a residência só deve ser feita em instituições credenciadas pela CNRM, como:
- Hospital das Clínicas da USP (SP)
- Unicamp (SP)
- Instituto Nacional de Câncer – INCA (RJ)
- Hospital Federal dos Servidores do Estado (RJ)
Existem mais de 80 serviços credenciados pela SBCP nacionalmente, estando concentrados principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Os serviços têm suas peculiaridades em relação ao perfil e volume de cirurgias, realização de plantões em centro de queimados, emergências ou enfermarias e produção acadêmica, por isso a importância de pesquisar previamente e escolher o serviço com características de maior afinidade.
Documentação necessária
A documentação para a inscrição, geralmente, inclui diploma de graduação, histórico escolar, currículo e comprovações de atividades acadêmicas.
Calendário do processo seletivo
O calendário varia a cada ano e entre as instituições. As provas costumam ocorrer entre o final do ano e o início do ano seguinte, com as convocações e início dos programas nos primeiros meses.
Dicas para escolher sua Residência Médica
Fatores a considerar na escolha da especialidade
A especialidade demanda determinadas habilidades para um bom desempenho. São elas:
- Perfeccionismo: a busca constante por resultados funcionais, harmônicos e esteticamente aceitáveis demanda refinamento e necessidade de atentar-se aos detalhes nos procedimentos;
- Senso estético: a percepção de simetria, beleza e harmonia são essenciais tanto na avaliação do paciente, como na execução da cirurgia;
- Destreza manual: uma das peculiaridades da cirurgia plástica é seu apelo artesanal. A diversidade e subjetividade das técnicas requer a habilidade de individualizar cada cirurgia, o que demanda, além de raciocínio espacial, destreza manual;
- Habilidade comunicativa: já que é uma especialidade ligada diretamente a resultados, é essencial ter potencial de compreender os desejos do paciente, assim como explicar com clareza os procedimentos e esclarecer dúvidas. Por isso, uma boa oratória, atenção e empatia são características desejadas.
Como avaliar os programas de residência
É fundamental verificar a estrutura hospitalar, o número de cirurgias realizadas por ano e avaliações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Perspectivas de mercado por especialidade
De acordo com levantamento da Mordor Intelligence, o mercado de cirurgia plástica e serviços cosméticos, avaliado em 97,21 bilhões de dólares em 2025, deverá atingir 127,05 bilhões de dólares até 2030. O crescimento, que representa uma taxa de crescimento anual de 5,5% no período de 2025 a 2030, é impulsionado por avanços tecnológicos e uma demanda crescente por procedimentos estéticos.
Os números só crescem! A cirurgia plástica é uma das áreas mais competitivas, mas também uma das que oferecem maior potencial de renda no longo prazo. Portanto, se você busca alta remuneração, reconhecimento profissional e atuação em uma das especialidades médicas mais prestigiadas, a cirurgia plástica é uma excelente escolha. No entanto, esteja ciente: o caminho é longo, competitivo e exige dedicação intensa e constante atualização. Novas técnicas, tecnologias e procedimentos surgem a todo momento, exigindo que o profissional invista em cursos, congressos e educação continuada para se manter relevante e oferecer o melhor aos pacientes.
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