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Cirurgia17 janeiro 2024

Lipoaspiração de alta definição: avanços e segurança do paciente

Segunda cirurgia estética mais realizada em âmbito global, a lipoaspiração é realizada por mais de 90% dos cirurgiões plásticos

A descrição e popularização da técnica como executamos atualmente, por meio de cânulas, ocorreu na década de 80 por Illouz. Tradicionalmente, a aspiração é realizada nas camadas profundas de gordura. No entanto, com objetivo de otimizar definição anatômica e retração cutânea, tem-se difundido o conceito de lipoaspiração de alta definição (LAD).

Popularizada por Hoyos a partir de 2002, essa técnica combina lipoaspiração de camadas profundas e superficiais objetivando realce muscular e consequentemente um perfil mais atlético. Embora essa abordagem tenha adesão crescente na última década, evidências sobre sua eficácia e segurança ainda são escassas.

Com o intuito de esclarecer aspectos fundamentais sobre os avanços da técnica, assim como resultados e potenciais complicações, Hoyos et al. publicou recentemente uma análise da maior casuística de pacientes submetidos à LAD (N = 5052).

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Lipoaspiração de alta definição: avanços e segurança do paciente

Cirurgias analisadas

Foram avaliadas, retrospectivamente, cirurgias realizadas entre 2002 e 2019, tendo sido estabelecido um protocolo de segurança para seleção de pacientes e manejo perioperatório. Pacientes sem comorbidades e eutróficos eram idealmente candidatos à LAD, sendo contraindicados: 

  • IMC > 34kg/m2;
  • Flacidez severa;
  • Comorbidades cardiovasculares proibitivas;
  • Tabagismo ativo (>10 cigarros/dia);
  • Doenças do tecido conectivo ou transtorno dismórfico.

A avaliação pré-operatória consistia em exames laboratoriais, estratificação de risco (ASA) e exames de imagem caso necessário. A estratificação de risco para trombose venosa profunda foi realizada por meio de escore de caprini, indicando-se utilização de compressão pneumática e anticoagulação com enoxaparina 0,5 mg/kg/dia subcutânea por 7 dias após a cirurgia a depender do risco mensurado.

Prevenção de hipotermia com infusão de fluidos aquecidos e controle de sangramento com infusão de solução tumescente com adrenalina e ácido tranexâmico (1g EV 30 minutos antes da abordagem) também compuseram medidas perioperatórias.  Utilização de drenos com retirada quando débito < 50ml/dia, além de sessões de drenagem linfática, ultrassom e reavaliações  periódicas fizeram parte de cuidados pós cirúrgicos.

Em relação ao perfil demográfico, 85% (N= 4300) eram do sexo feminino com IMC médio de 23 (eutrófico). Para análise dos resultados os pacientes foram estratificados em três subgrupos: lipoaspiração assistida por sucção (SAL), lipoaspiração assistida por Vibration Amplification of Sound Energy at Resonance (Vaser) e lipoplastia de definição dinâmica (Lipo 4D).

No primeiro grupo (2002-2007, N= 923) foi utilizada sucção contínua para realização de LAD, sem emulsificação prévia. No segundo grupo (2006-2010, N=1272) foi associado um sistema de ultrassom cirúrgico (Vaser) que promove emulsificação da gordura, otimizando o processo de lipoaspiração.

No último período (2011-2019, N=2857) foi aplicado novo conceito de segmentação corporal e análise da dinâmica muscular para planejamento da lipoaspiração, além da associação de tecnologias para emulsificar gordura e otimizar retração cutânea como BodyTite, utiliza como energia a radiofrequência, e Renuvion, age por meio de jato de plasma.

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Comparativamente, observou-se que a evolução das técnicas refletiu em redução das complicações mais recorrentes: seroma (18%, 7% e 2,1% para SAL, VASER e Lipo 4D, respectivamente), hematoma (5,3%, 3% e 0,9%, respectivamente) e anemia pós-operatória (2,7%, 1,6% e 1%, respectivamente).

Já a incidência de complicações mais graves como necrose cutânea foi baixa (0,6%) com progressiva tendência à redução ao decorrer do período avaliado. O volume médio lipoaspirado aumentou progressivamente (2.000, 4.300 e 6.400 cc, respectivamente), refletindo evolução da efetividade do procedimento.

A hemoglobina média pré e pós-operatória foi de 15 e 14 mg/dL para 9,3 e 10,7 mg/dL para SAL e Lipo 4D, respectivamente. Apenas 7 pacientes foram hemotransfundidos, sendo apenas 2 desses submetidos exclusivamente à Lipo 4D (risco absoluto de 0,03%).

LAD foi associada a outros procedimentos em 4.139 pacientes, sendo a lipoenxertia glútea (81%) e mastopexia (45%) as cirurgias mais associadas. A duração média da lipoaspiração foi progressivamente maior (120, 169 e 181 minutos, respectivamente), fato explicado pelo maior refinamento e curva de aprendizado da Lipo 4D.

O follow-up médio pós-operatório foi de 2 anos, com pelo menos ¾ dos pacientes com reportado grau de satisfação acima da expectativa.

O que levar para casa

O presente estudo demonstrou que a realização de LAD por equipe cirúrgica qualificada e guiada por princípios que priorizem segurança do paciente pode ser uma ferramenta potencialmente efetiva para otimização do contorno corporal, com reduzido risco de complicações e elevado grau de satisfação do paciente.

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Referências bibliográficas

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