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Carreira6 março 2024

8 de março: Conquistas e desafios das mulheres na carreira da medicina 

Data marca vitórias e conscientiza sobre mudanças necessárias para mulheres, inclusive no campo da medicina
O Dia Internacional da Mulher se aproxima e um dos cenários, ainda problemático e contemporâneo, é a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Na medicina e suas áreas correlatas não é diferente para as mulheres.  

Lutas e conquistas 

A despeito de todo o apagamento da presença feminina ao longo da história, as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço na área da saúde, seja liderando pesquisas e inovações ou lutando por um sistema mais justo e inclusivo.   Nas duas últimas décadas, o aumento do contingente nesse meio, historicamente ocupado por homens, chama a atenção. No Brasil, por exemplo, elas representam hoje mais de 60% das médicas, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogas e farmacêuticas.  Tem sido assim também em áreas mais estratégicas, como na liderança de instituições de saúde. A presença feminina nos hospitais, universidades e órgãos governamentais é fundamental para a garantia da representatividade na tomada de decisões e na definição de políticas públicas — principalmente naquelas que dizem respeito à saúde física, mental e social das mulheres.  Inclusive, esse é um dos temas que serão abordados na palestra oferecida pela CREMERJ, no dia das comemorações, na próxima sexta-feira (08), das 16h30 às 18h40. “Conquistas e Desafios: Mulheres na vanguarda da saúde”, o evento é destinado às médicas e estudantes de medicina do estado do Rio de Janeiro e será transmitido pelo Canal do YouTube da comissão.  Leia mais: Mulheres importantes na Medicina: conheça 11 delas 

Excelência reconhecida 

Na ciência, elas também ocupam, cada dia mais, papéis proeminentes. Em 2023, um estudo realizado pelo pesquisador John Ioannidis, da Universidade de Stanford (EUA) apontou que 1.294 pesquisadores brasileiros figuram entre os mais importantes do planeta. E, certamente, como não poderia deixar de ser, boa parte dessa lista é composta por mulheres.  Entre as mais relevantes da atualidade no cenário nacional estão a geneticista Mayana Zatz, que tem contribuído significativamente para a compreensão e o tratamento de doenças genéticas, especialmente distrofias musculares, e a médica e pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus, que ganhou destaque em 2020 por sua participação na identificação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) durante a pandemia de covid-19.  Celina Turchi, que liderou em 2015 as pesquisas que identificaram a relação entre o vírus Zika e a microcefalia, e Ester Sabino, virologista que atuou no sequenciamento genético também desse vírus, são certamente outros dois grandes nomes da lista de Ioaniddis, que aponta ainda a Universidade de São Paulo (USP) como o maior berço desses cientistas. 

Humanização 

Apesar de corroborar com a ideia errônea e paternalista de que mulheres desempenham naturalmente melhor o papel de cuidadoras, não se pode negar que vivências como a maternidade, o cuidado de familiares doentes e uma maior participação na comunidade (questões que geralmente recaem sobre a mulher), confere a elas um olhar mais holístico e humanizado não somente sobre a doença, mas também sobre a pessoa que dela padece. E isso, acredite, faz toda a diferença.  Acesse também: Como cuidar de quem cuida? A importância da saúde e do bem-estar do profissional da saúde como ferramenta crucial de apoio na vida e na carreira médica   De acordo com um estudo conduzido pela Universidade Federal da Bahia e publicado no Brazilian Journal of Development, mulheres são maioria em quatro das seis especialidades básicas: pediatria (69,63%), Medicina de Família e Comunidade (54,63%), Clínica Médica (50,96%) e Ginecologia e Obstetrícia (50,53%) – as mesmas apontadas como as que concentram o maior índice de humanização dentro da medicina.  Mas, embora sejam capazes de encarar a mesma carga horária de trabalho, o mesmo volume de atualizações a estudar e de abdicarem da vida pessoal e social tanto quanto os homens, a desigualdade salarial ainda é um fantasma na vida da maioria das mulheres. Além dela, há ainda questões difíceis de encarar, como violência e assédio no ambiente de trabalho, que pode ser verbal, psicológico e até sexual. É fundamental criar ambientes de trabalho seguros e inclusivos para todas as mulheres.  Muito mais — em frequência e intensidade — do que os homens, são elas quem abdicam de suas carreiras em nome das responsabilidades domésticas, o que acaba se configurando, em seu dia a dia, como uma dupla jornada de trabalho, gerando maior sobrecarga e estresse. Segundo dados do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, realizado em 2023 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres trabalham, em média, 7 horas e meia a mais que os homens por semana, esse cálculo inclui tarefas domésticas e trabalho remunerado.  

Longo caminho a percorrer 

A falta de políticas de licença maternidade e paternidade adequadas, bem como de infraestrutura de apoio à família, pode representar obstáculos significativos para as mulheres que desejam avançar em suas carreiras sem comprometer suas responsabilidades familiares. No final de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou um prazo de 18 meses para que o Poder Legislativo faça uma lei para regulamentar a licença-paternidade no Brasil, que há 35 anos é de apenas 5 dias.  Combater a desigualdade de gênero e promover a igualdade de oportunidades para homens e mulheres; implementar políticas públicas que incentivem a participação feminina em áreas de liderança; criar ambientes de trabalho seguros e inclusivos para todas as mulheres; e facilitar a conciliação entre trabalho e vida pessoal para as mulheres que trabalham na área da saúde são medidas fundamentais — além de urgentes — na criação de um cenário de equidade e justiça que buscamos, não apenas no âmbito profissional, como no social e cultural.  Leia ainda: Maternidade e Carreira Médica - Como as profissionais da medicina se preparam e lidam com os desafios inerentes à maternidade sem abdicar da profissão
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Referências bibliográficas

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