Uso concomitante de ISRS e anticoagulantes e o risco de sangramento
Anticoagulantes e antidepressivos do tipo inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS) são muitas vezes vistos na mesma receita. Será que a associação entre os dois pode aumentar o risco de sangramento? Essa pergunta é pertinente, já que os ISRS sabidamente inibem a ativação plaquetária.
Estudo
Foi publicado recentemente no JAMA, um estudo de caso-controle envolvendo 331.305 pacientes com fibrilação atrial no Reino Unido. A média de idade dos participantes era de 74 anos e o desfecho primário era a incidência de hospitalização por sangramento ou morte por sangramento.
Nos resultados, 42.190 pacientes tiveram um sangramento maior. O uso concomitante de ISRS e anticoagulantes foi associado ao aumento do risco de sangramento (IR 1,33 IC 95% 1,37-2,22). O risco se manteve aumentado por até seis meses — sendo maior no primeiro mês — e não variou de acordo com idade, sexo, história prévia de sangramento, potência do antidepressivo ou doença renal crônica.
A associação se manteve tanto para anticoagulantes diretos (IR 1,25 IC 95% 1,12-1,4) quanto para os antagonistas de vitamina K (IR 1,36 IC 95% 1,25-1,47).
O risco aumentado se deu para hemorragia intracraniana, hemorragia gastrointestinal e outras.
Conclusão
O uso concomitante de ISRS e anticoagulantes está associado a um aumento de 33% no risco de sangramento, sendo maior no primeiro mês e com a associação VKA + ISRS.
Sendo assim, os médicos precisam ficar atentos a essa associação, considerar preferir DOAC e monitorar de perto qualquer sinal de sangramento, principalmente no primeiro mês de uso.
Vale ressaltar que o estudo foi observacional e, por isso, tem limitações, mas resultados semelhantes já foram vistos em outros estudos, como o ROCKET-AF.
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