Logotipo Afya
Anúncio
Cardiologia14 novembro 2019

Tratar hipertensão noturna reduz risco cardiovascular?

Dois fenômenos podem ocorrer à noite: a PA não cair como deveria ou haver uma PA acima dos limites, a chamada hipertensão arterial sistêmica noturna.

Por Ronaldo Gismondi

O comportamento normal da pressão arterial (PA) durante o sono é uma redução entre 10 e 20% em relação ao padrão diurno. Esse processo pode ser mensurado na monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e os pacientes com este comportamento fisiológico são chamados de dippers.

Contudo, dois fenômenos podem ocorrer à noite: a PA não cair como deveria (non-dippers) ou haver uma PA acima dos limites (normal até 120/70), a chamada hipertensão arterial sistêmica (HAS) noturna.

Reparem então que estamos falando de duas situações diferentes, mas muitas vezes associadas: se a PA cai durante sono (padrão dipper vs non-dipper) e se a PA está dentro dos limites da normalidade dormindo (HAS noturna).

médico aferindo pressão de idosa com hipertensão

Hipertensão e risco cardiovascular

Ambas as situações estão associadas com maior risco de eventos cardiovasculares. A fisiopatologia inclui apneia do sono, hiperatividade simpática, disfunção endotelial, obesidade e resistência insulínica, entre outros. Apesar da indubitável associação com risco cardiovascular, discute-se a necessidade de tratar especificamente o período noturno. Para muitos pesquisadores, o importante era tratar a média da PA nas 24 horas.

Mas um estudo recente trouxe novidade importante. Um ensaio clínico recrutou 19 mil pacientes com hipertensão e randomizou para dois grupos: um com medicação em tomada única diária e outro com dose noturna.

O ponto fraco do estudo é que as medicações não foram padronizadas, mas seguiram escolha do médico assistente. Com isso, o grupo de dose noturna acabou usando um pouco mais de bloqueador de canais de cálcio e um pouco menos de diurético.

Leia também: Crise hipertensiva: quais os tratamentos de urgência e emergência?

Os resultados mostraram uma redução de 44% no risco de evento coronariano, 49% no de acidente vascular cerebral (AVC) e de 56% na morte cardiovascular! Na análise multivariada, este resultado esteve associado com menor PA à noite e maior descenso noturno no grupo com dose à noite dos anti-hipertensivos, e o benefício ocorreu em todos os subgrupos estudados.

Qual a mensagem prática?

Mesmo os grandes ensaios clínicos multicêntricos devem ser repetidos para confirmação. Mas no paciente com boa adesão e uma MAPA mostrando hipertensão noturna, a dose dividida com posologia noturna pode agregar benefício com maior controle da PA e menor risco cardiovascular.

Quer receber as principais novidades em Cardiologia? Inscreva-se aqui!

Referência bibliográfica:

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Clínica Médica