Tirzepatida vs Semaglutida: qual melhor para tratamento da diabetes?

Os agonistas de receptor GLP-1 são medicações efetivas para tratamento da diabetes¹. Além da redução de hemoglobina glicada, apresentaram redução em desfechos como morte cardiovascular, infarto não fatal e acidente vascular cerebral (AVC), em pacientes com doença cardiovascular pré-existente, como demonstrado no estudo SELECT².

Os agonistas de receptor GLP-1 atuam estimulando a secreção de insulina nas células beta pancreáticas, além de retardar o esvaziamento gástrico e aumentar a saciedade, levando assim a uma perda de peso. Assim como o GLP-1, o GIP (polipeptídeo insulinotrópico glicose-dependente) faz parte do sistema das incretinas. A atuação nos receptores dessas duas incretinas poderiam ter um efeito mais potente no controle da glicemia do que a ação isolada no receptor de GLP-1³.

E foi essa questão que foi avaliada no estudo SURPASS-2³.

A Tirzepatida é uma medicação agonista dual dos receptores GIP e GLP-1³. É aplicada semanalmente, assim como a semaglutida, que foi a droga de comparação nesse estudo.

O SURPASS-2 foi um estudo open-label de fase 3.

1.879 foram randomizados na razão 1:1:1:1 para receber Semaglutida 1,0mg ou Tirzepatida nas doses de 5mg, 10mg ou 15mg semanais.

Todos os pacientes eram diabéticos. A hemoglobina glicada média inicial foi de 8,28%, idade média de 56,6 anos e peso médio de 93,7kg.

O desfecho primário foi a mudança nos níveis de hemoglobina glicada após 40 semanas de tratamento. O uso da Tirzepatida reduziu de forma mais intensa os níveis de hemoglobina glicada (-1,86% no grupo Semaglutida vs -2,01%, -2,24% e -2,30% nos grupos de Tirzepatida, nas doses de 5mg, 10mg e 15mg, respectivamente).

Além disso, foi demonstrada uma redução significativa de peso no grupo Tirzepatida comparado com o grupo Semaglutida (redução adicional de -1,9kg, -3,6kg e -5,5kg nas doses de 5mg, 10mg e 15mg, respectivamente).

Os efeitos colaterais mais comuns foram gastrointestinais, e foram leves a moderados em gravidade em ambos os grupos.

Hipoglicemia ocorreu em 0,6%, 0,2% e 1,7% (grupos de Tirzepatida de 5mg, 10mg e 15mg), e em 0,4% dos pacientes em uso de Semaglutida.

Assim, a Tirzepatida foi superior à Semaglutida para redução de hemoglobina glicada nesse cenário. Está aprovada no Brasil para somente para tratamento de diabetes nesse momento.

Em relação ao tratamento de obesidade, o estudo comparando a Tirzepatida e Semaglutida ainda está em andamento (SURMOUNT-5)⁴.