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Além de reduzir o seu cansaço, uma soneca também é capaz de reduzir o risco de infarto. Essa é uma das conclusões que uma coorte conduzida por pesquisadores na suíça revelou.
O grupo suíço da universidade de Lausanne seguiu um grupo de 3.462 indivíduos sem história prévia de eventos cardiovasculares por 5,3 anos. Durante esse período, o grupo avaliou os hábitos de sono, analisando a frequência de duração de cochilos dos participares e cruzando essas informações com os desfechos cardiovasculares do grupo.
Soneca e risco de infarto
Para avaliar a frequência e duração dos cochilos os pesquisadores utilizaram um instrumento padronizado (Physical Activity Frequency Questionnaire) com objetivo de classificar os participantes em dois grupos. Os grupos, em concordância com outros estudos já publicados sobre o tema, estavam alocados em cochiladores e não cochiladores. Os primeiros seriam aqueles que teriam mais de uma hora de cochilos ao longo da semana e os segundos os que teriam menos de uma hora de cochilos ao longo da semana.
O grupo avaliou ainda a qualidade do sono dos indivíduos que participaram do estudo. Utilizaram para isso, tanto os dados auto-reportados pelos sujeitos de pesquisa, quanto também dados objetivos. Entre os dados objetivos estiveram resultados de polissonografias categorizando os pacientes como portadores ou não de apneia, bem como a gravidade de seu distúrbio. Dados de IMC, idade e outras comorbidades também foram utilizados.
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Resultados
Ao longo do período analisado, entre os participantes do estudo 155 eventos cardiovasculares ocorreram, entre eles fatais e não-fatais. Quando comparados com os não-cochiladores, indivíduos que dormiam por uma ou duas vezes durante a semana obtiveram menores risco de doença cardiovascular (HR 0.39, IC 95% 0,21 a 0,72). Por outro lado, nem tudo são flores. Indivíduos que apresentaram frequência de cochilos entre 6 e 7 vezes apresentaram maiores chances de eventos cardiovasculares quando comparados com indivíduos que não apresentavam o hábito de sonecas ao longo do dia (HR 1,67, IC 95% 1,10–2,55).
Uma das explicações para os dados evidenciados no estudo é que entre o grupo dos cochiladores que haviam maiores frequências de sonecas, 6-7 vezes na semana, haviam também os indivíduos com maiores riscos cardiovasculares. Entre esses indivíduos estavam em maiores proporções homens, obesos, hipertensos e com apneia do sono. De maneira objetiva, os pacientes com maior frequência de sonecas já apresentavam também uma maior propensão à eventos cardiovasculares de modo independente ao hábito.
Take-home message
Na prática, o que esse dado muda é que até então todos os estudos apresentaram dados controversos sobre sonecas e risco cardiovascular. Entendendo que uma maior frequência implica em maior risco, ao abordar os hábitos de vida um paciente esse dado ganha relevância não só para orientar melhores hábitos, mas para rastrear distúrbios do sono, metabólicos e outras comorbidades que implicam também maiores riscos cardiovasculares.
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Referências bibliográficas:
- Häusler N, Haba-Rubio J, Heinzer R, et al Association of napping with incident cardiovascular events in a prospective cohort study Heart Published Online First: 09 September 2019. doi: 10.1136/heartjnl-2019-314999
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