A Sociedade Americana de Hematologia lançou, recentemente, as diretrizes de manejo de trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP), patologias que acometem de 300 a 600 mil pacientes por ano nos Estados Unidos.
O que é importante saber sobre a diretriz?
Diretriz de TEP e TVP
- O tratamento domiciliar da TVP é preferível em relação ao hospitalar para pacientes com quadro não complicado. Pacientes com outros motivos para a hospitalização, falta de condições de tratamento domiciliar, que não podem comprar as medicações, com doença complicada ou alto risco de sangramento devem ser internados.
- O TEP também pode ser tratado em domicílio, contanto que a doença não seja complicada, uma forma de avaliação é o score PESI. Pacientes não aptos, com complicações, TEP maciço ou submaciço ou com alto risco de sangramento devem ser internados.
- Os anticoagulantes orais diretos (DOACs) são a droga de primeira escolha para o tratamento das patologias, contanto que o paciente não apresente disfunção renal ou hepática graves ou síndrome do anticorpo antifosfolipídeo.
- Para a maioria dos pacientes com TVP proximal é recomendada apenas a anticoagulação em relação a trombólise. Pacientes com TVP grave ou ameaçadora (phlegmasia cerulea dolens) ou pacientes jovens, com baixo risco de sangramento e com TVP íleofemoral podem ser candidatos a trombólise.
- Para pacientes com TEP agudo e evidência de disfunção ventricular direita as diretrizes recomendam apenas a anticoagulação em detrimento da trombólise. É razoável trombolisar pacientes com baixo risco de sangramento e alto risco de descompensação.
- Em pacientes com TVP e trombose extensa que têm indicação de trombólise, é preferível a trombólise guiada por cateter em relação a sistêmica. Em contraste, pacientes com TEP que necessitam trombólise é preferível a trombólise sistêmica, muito por conta da falta de dados na literatura.
- Quadros de TVP em pessoas com comorbidades cardiopulmonares ou quadros de TEP e comprometimento hemodinâmico, é preferível a anticoagulação apenas, sem o filtro de veia cava, este deve ser utilizado apenas em casos em que haja contraindicação a anticoagulação.
- A duração do tratamento foi dividida em três fazes, inicial (5 a 21 dias), primária (3 a 6 meses), secundária (mais de 6 meses). Há preferência para curta duração de tratamento em pacientes sem fatores risco ou com fatores de risco removíveis. Para pacientes com TEP/TVP não provocada ou com fatores de risco permanentes é recomendada anticoagulação ad eternum.
- A diretriz não recomenda escores prognósticos, d-dímero ou doppler venoso para guiar a duração do tratamento.
- Para pacientes com trombose progressiva em tratamento com antagonistas da vitamina K, deve-se trocar o medicamento para heparina de baixo peso molecular ao invés de DOACs. Isso não inclui casos de progressão de trombose em que haja controle ruim do INR.
- Para pacientes com doença cardiovascular em uso de AAS, deve suspender o uso da medicação assim que iniciar a anticoagulação. A junção de anticoagulação com AAS aumenta o risco de sangramento sem uma evidência clara de benefício.
- Por fim, as diretrizes não recomendam o uso de meias de compressão elástica para o tratamento da TVP aguda em pacientes sem risco para síndrome pós-trombótica. Porém, elas podem ser uteis para aliviar edema e dor.
Referência bibliográfica:
- Ortel TL, et al. American Society of Hematology 2020 guidelines for management of venous thromboembolism: treatment of deep vein thrombosis and pulmonary embolism. Blood Adv 2020; 4 (19): 4693–4738. doi: https://doi.org/10.1182/bloodadvances.2020001830
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