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Segundo a American Heart Association (AHA) a insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica desencadeada por quaisquer alterações cardíacas estruturais ou funcionais que levam o ventrículo a ter dificuldade em preencher ou ejetar sangue. Complementando esse conceito, a European Society of Cardiology (ESC) propõe três critérios clínicos que devem estar presentes para o diagnóstico:
- Sintomas típicos: Falta de ar em repouso ou no exercício, fadiga, cansaço e edema de tornozelos;
- Sinais típicos: Taquicardia, taquipneia, estertores pulmonares, derrame pleural, aumento da pressão venosa jugular, edema periférico, hepatomegalia;
- Evidência objetiva de alteração estrutural ou funcional: cardiomegalia, sopros cardíacos, B3, alterações no ecocardiograma, aumento do BNP.
A insuficiência cardíaca atinge cerca de 1 milhão de pacientes hospitalizados nos Estados Unidos e, segundo dados do DATASUS, no biênio 2006-2007 no Brasil foi a causa de quase 300 mil internações, cerca de 2,6% do total. A IC está associada ao envelhecimento da população, sobretudo nos pacientes hipertensos, devido à sobrecarga do ventrículo esquerdo, e os portadores de valvopatias. A doença é progressiva e leva à disfunção miocárdica e piora do prognóstico do paciente.
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Os sinais e sintomas clínicos comuns da insuficiência cardíaca são dispneia, ortopneia, edema em membros inferiores, hepatomegalia, derrame pleural, estase jugular, congestão pulmonar, oligúria, nictúria, taquicardia, bulhas patológicas, sopros cardíacos. A avaliação laboratorial varia de acordo com o exame clínico do paciente, em geral inclui hemograma completo, parcial de urina, eletrólitos, glicemia, colesterol total e frações, ureia, creatinina e hormônios tireoidianos. A dosagem do peptídeo natriurético tipo B (BNP), substância produzida e liberada pelo coração, é muito utilizada na sala de emergência como orientador de descompensação. Outro exame de grande impacto é o ecocardiograma, que ajuda a balizar o tratamento e a classificação deste doente.
A classificação principal é a do comitê da New York Heart Association (NYHA):
- Classe 1: Dispneia aos esforços não habituais (ex: subir ladeira);
- Classe 2: Dispneia aos esforços médios (ex.: caminhar do plano);
- Classe 3: Dispneia aos esforços pequenos (ex.: tomar banho, pentear-se);
- Classe 4: Dispneia no repouso.
Sabemos que o paciente com IC é frequentador das salas de emergência por causa das descompensações. Ao longo de 45 anos, as terapias medicamentosas se limitam ao uso de diuréticos e suporte hemodinâmico com vasodilatadores e inotrópicos.
Um estudo publicado recentemente na New England Journal Medicine (NEJM) comparou duas drogas, o Enalapril e o Sacubitril-Valsartana. A pesquisa compara a concentração de N-terminal pro–B-type natriuretic peptide (NT-proBNP) na quarta e na oitava semanas após tratamento. A medicação produzida pelo laboratório Novarst é uma associação de Valsartana e Sacubitril, com apresentações de 24 mg/26 mg; 49 mg/51 mg e 97 mg/103 mg, sendo a dose-alvo de 97 mg/103 mg ministrada duas vezes ao dia, adaptada paulatinamente conforme resposta do paciente.
Segundo o estudo, esta associação reduziu significativamente a concentração de NT-proBNP já na primeira semana quando comparada ao Enalapril. O efeito benéfico foi acompanhado por uma diminuição na concentração de troponina T cardíaca de alta sensibilidade. Essas reduções contribuem ainda mais na diminuição do risco de mortes e necessidade de internações hospitalares referentes à insuficiência cardíaca.
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Referências:
- Velazquez EJ, Morrow DA, DeVore AD, Duffy CI, Ambrosy AP, McCague K, Rocha R, Braunwald E. Angiotensin–Neprilysin Inhibition in Acute Decompensated Heart Failure. N Engl J Med 2018 Nov DOI: 10.1056/NEJMoa1812851
- SANTOS IS, BITTENCOURT MS. Insufciência cardíaca. Rev Med (São Paulo). 2008 out.-dez,;87(4):224-31.
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