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Cardiologia7 julho 2025

Hemocultura como preditor precoce de endocardite 

Estudo avaliou a precisão de parâmetros simples de hemocultura para orientar a probabilidade de endocardite infecciosa (EI)
Por Raissa Moraes

Um grande dilema médico é conseguir determinar quais pacientes com bacteremia devemos seguir investigação também para endocardite infecciosa (EI). Alguns estudos de coorte e metanálises sugerem uma associação entre hemoculturas persistentemente positivas e EI. No entanto, nenhum dos estudos avaliou o número de frascos de hemocultura inicialmente positivos e não diferenciou os resultados da cultura por patógeno.  

Existem diversos algoritmos desenvolvidos para essa análise, porém, são complexos e difíceis de serem implementados à beiro do leito. Dessa forma, um estudo recente buscou avaliar a precisão diagnóstica de diversos parâmetros simples dos resultados de hemocultura, estratificados por patógeno, para auxiliar os médicos nessa tomada de decisão.  

Hemocultura como preditor precoce de endocardite 

Sangue coletado. Imagem de rawpixel/freepik.

Características do estudo

Este estudo foi multicêntrico, retrospectivo e de caso-controle, avaliando dados de hemocultura de adultos com EI e comparando com adultos sem EI. Ele foi realizado em três hospitais públicos de cuidados intensivos de Los Angeles, entre dezembro de 2018 e agosto de 2022.

Os pacientes eram indivíduos com 18 anos ou mais que tinham hemoculturas positivas para Staphylococcus aureus suscetível à meticilina, S aureus resistente à meticilina, Enterococcus faecalis, espécies de Streptococcus de baixo risco para EI (S pneumoniae, S pyogenes, S dysgalactiae, S agalactiae, grupo S viridans – S salivarius, S anginosus/constellatus e S thermophilus) ou espécies de Streptococcus de alto risco (S bovis, grupo S viridans – S mitis/cristatus, S sanguinis, S gordonii, S parasanguinis, S sanguinis e S mutans, Abiotrophia defectiva e Granulicatella adiacens), incluindo casos que preenchiam os critérios de Duke para EI definitiva ou possível e casos controle que não tinham endocardite.  

O desfecho primário foi a razão de verossimilhança negativa (LR-) de ter endocardite com base no número de hemoculturas positivas na admissão. LRs positivos, avaliação de 2 ou mais de 4 frascos positivos na admissão, bacteremia com duração de pelo menos 2 dias foram desfechos secundários. 

Foram incluídos 252 pacientes com EI (182 homens [72%]; idade mediana 54 [38-65] anos), incluindo 164 casos definitivos e 88 possíveis, e 455 controles (321 homens [71%]; idade mediana 53 [41-63] anos). As estimativas de pontos LR negativos para ter EI com apenas 1 de 4 frascos de hemocultura positivos na admissão variaram de 0,05 (IC 95%, 0,01-0,37) para E faecalis a 0,12 (IC 95%, 0,03-0,49) para S aureus suscetível à meticilina.

A análise de sensibilidade dos casos restritos à EI definitiva encontrou resultados semelhantes. A depuração da hemocultura no dia 2 também teve LRs negativos modestamente úteis para S aureus resistente à meticilina (0,24; IC 95%, 0,13-0,42) e espécies de Enterococcus (0,34; IC 95%, 0,21-0,56). Se os pacientes tivessem 4 de 4 frascos positivos na admissão, os LRs positivos foram úteis para espécies de Enterococcus (LR, 4,21; IC 95%, 2,53-7,02) e estreptococos de alto risco (LR, 5,35; IC 95%, 3,39-8,42) e para todos os organismos com bacteremia persistente (com LRs variando de 1,78 [IC 95%, 1,36-2,34] a 9,60 [IC 95%, 3,43-44,60]).  

Leia também: Enterococo resistente à vancomicina (VRE)

Achados

Assim, nesse estudo, observamos que o risco geral de IE é de aproximadamente 1 em 8 para pacientes com bacteremia por S. aureus. Além disso, descobrimos que avaliações simples dos resultados da hemocultura, incluindo o número de frascos positivos na admissão (assumindo que pelo menos 2 conjuntos foram coletados) e o número de dias em que as culturas permaneceram positivas, poderiam ser úteis para definir quais pacientes devemos prosseguir a investigação de endocardite infecciosa.

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Referências bibliográficas

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