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Cardiologia1 setembro 2024

ESC 2024: Rastrear fibrilação atrial reduz ocorrência de AVC?

O estudo GUARD-AF randomizou 11.905 pacientes com 70 anos ou mais em 149 centros de atendimento primário dos Estados Unidos.

A fibrilação atrial afeta mais de 40 milhões de pessoas no mundo. Existem diversos sintomas associados, porém muitos são assintomáticos, o que faz com que a arritmia possa permanecer não diagnosticada por um período. Além disso, pode ser intermitente, aumentando ainda mais o desafio diagnóstico.  

Pacientes com FA tem aumento do risco de acidente vascular encefálico (AVE) em cinco vezes e esse risco pode ser reduzido com uso de medicações anticoagulantes. Vários estudos relacionaram o rastreamento da FA em pacientes assintomáticos com aumento do diagnóstico, porém nenhum conseguiu mostrar que isso reduz ocorrência de AVE. 

Estudo GUARD-AF

Assim, foi feito o estudo GUARD-AF, que randomizou 11.905 pacientes com 70 anos ou mais em 149 centros de atendimento primário dos Estados Unidos, para avaliar se a utilização de um monitor de eletrocardiograma (ECG) contínuo por duas semanas poderia identificar pacientes com FA e levar a redução da ocorrência de AVE, comparado aos cuidados habituais. O trabalho foi apresentado no ESC 2024.

O grupo rastreamento foi formado por 5.952 pacientes e o tratamento habitual por 5.953. No geral, a idade média era 75 anos e 57% eram do sexo feminino e o CHA2DS2-VASC médio era 3. A maioria dos pacientes com FA detectada tinham FA paroxística.  

No seguimento médio de 15 meses, o número de pacientes com AVE no grupo rastreamento foi numericamente maior que no grupo tratamento habitual (37 x 34) e o número de pacientes com sangramento foi numericamente menor no grupo intervenção (52 x 60), sem diferença estatística, porém o estudo foi interrompido precocemente devido a pandemia de covid-19, o que reduziu seu poder estatístico. Tanto o diagnóstico de FA quanto o uso de anticoagulantes foi maior no grupo que fez o rastreamento (5% x 3,3% e 4,2% x 2,8% respectivamente). 

Mensagem prática

Esses resultados mostram que o uso de dispositivos consegue identificar pacientes com FA, com uma detecção 52% maior, porém isso não teve impacto na redução de internações por AVE ou sangramento. Seria importante esclarecer e identificar quais pacientes teriam mais benefício desse rastreamento, o melhor modo para fazê-lo e por quanto tempo, com objetivo de avaliar se realmente há impacto no desfecho de interesse. No momento, não parece haver evidência para esse rastreamento de forma geral. 

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