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Cardiologia31 agosto 2024

ESC 2024: Podemos suspender a anticoagulação em pacientes submetidos a TAVI?

Manejo em relação a anticoagulação periprocedimento em pacientes submetidos a implante transvalvar aórtico (TAVI) ainda não é bem definido.

O melhor manejo em relação a anticoagulação periprocedimento em pacientes submetidos a implante transvalvar aórtico (TAVI) ainda não é bem definido. Esses pacientes geralmente são idosos e costumam ter outras comorbidades, que aumentam tanto o risco de eventos tromboembólicos quanto o risco de sangramento.  

Estudos observacionais sugerem que a manutenção da medicação reduz eventos tromboembólicos, como acidente vascular encefálico (AVE), sem aumentar o risco de sangramento. No intuito de melhor esclarecimento, foi feito um estudo randomizado para avaliar essa questão: o estudo POPular PAUSE TAVI, apresentado neste Congresso de Cardiologia da ESC. 

Foi estudo de não inferioridade com objetivo de avaliar segurança e eficácia de manter a anticoagulação comparado a suspender no período periprocedimento e incluiu pacientes que usavam anticoagulantes e tinham proposta de TAVI. Esses eram randomizados para continuar ou parar a medicação pelo menos 48 horas antes do procedimento, sem realização de ponte com heparina. Pacientes com alto risco tromboembólico, sem possibilidade de suspensão da medicação foram excluídos.  

O desfecho primário foi composto por mortalidade cardiovascular, AVE de qualquer causa, infarto agudo do miocárdio (IAM), complicações vasculares maiores e sangramento maior em 30 dias. Os desfechos secundários eram eventos tromboembólicos e complicações de sangramento. 

Foram incluídos 858 pacientes, sendo que 431 mantiveram e 427 suspenderam a medicação. As características de base dos pacientes eram semelhantes, com idade média de 81 anos e 34,5% do sexo feminino. O CHA2DS2-VASc médio era 4,5, ou seja, o risco de AVC era moderado a alto e a maioria (81,9%) estava em uso de anticoagulantes orais diretos (DOAC). O restante usava antagonistas de vitamina K (AVK) e uma parte pequena, pouco mais de 10%, usava também um antiagregante plaquetário. 

O desfecho primário ocorreu em 16,5% dos pacientes que mantiveram a e 14,8% dos que suspenderam a medicação e o resultado não foi não inferior para interromper a medicação.  

Sangramento ocorreu em 31,1% dos pacientes que continuaram a medicação e em 21,3% dos que interromperam, as custas de sangramento menor, na maioria relacionados ao procedimento.  

Esses resultados sugerem que manter a medicação não parece ter benefício em prevenção de eventos tromboembólicos e levam a aumento de sangramento. Assim, talvez nesses pacientes, a suspensão da medicação deva ser indicada. 

Confira todos os destaques do ESC 2024! 

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